quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Chicago versus MIT (e no entanto ambos errados...)

"No entanto, se bem que a tese das muitas receitas atraia um grande interesse, usufrua de suporte empírico e sugira um espírito de pluralismo teórico, a reivindicação de uma “economia única” é errónea, uma vez que dá a entender que a economia neoclássica dominante é a única economia autêntica. Parte da dificuldade em explicar esta restrição reside no facto de haver uma disputa na família dos economistas neoclássicos, que divide aqueles que acreditam que as economias de mercado do mundo real se aproximam da concorrência perfeita e aqueles que não acreditam nisso.

Os crentes identificam-se com a “Escola de Chicago”, cujos principais exponentes incluem Milton Friedman e George Stigler. Os descrentes identificam-se com a “Escola do MIT”, associada a Paul Samuelson. Rodrik pertence à Escola do MIT, bem como outros nomes conhecidos, como Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Larry Summers. Esta divisão esconde a uniformidade subjacente do pensamento.

A Escola de Chicago advoga que as economias de mercado do mundo real produzem resultados em grande medida eficientes (o chamado “Óptimo de Pareto”), que as políticas públicas não podem melhorar. Assim, qualquer intervenção do Estado na economia há-de sempre prejudicar alguém.

Em contrapartida, a Escola do MIT (Massachusetts Institute of Technology) sustenta que as economias do mundo real sofrem as consequências das falhas omnipresentes nos mercados, onde se incluem a concorrência imperfeita e os monopólios, as externalidades associadas a problemas como a poluição e a incapacidade de fornecer bens públicos, tais como iluminação das ruas ou a Defesa nacional. Consequentemente, as intervenções estatais dirigidas às falhas de mercado - bem como às generalizadas imperfeições da informação e à inexistência de muitos mercados necessários - podem beneficiar todas as pessoas." Negócios: Thomas Palley - "Acabar com o monopólio neoclássico em economia"

Mas:

1. Os "austriacos" dizem que é precisamente por não existirem condições de concorrência perfeita que se justifica o "mercado", a "função empresarial" de descoberta de oportunidades que no final asseguram um "lucro normal", etc.

2. Os problemas das externalidades (se é que existe problema algum) como os "bens públicos" são já hoje largamente ultrapassáveis devido à tecnologia (ex: lembrar as empresas de segurança privada que fazem contratos individuais).

Por outro, é um atraso no reconhecimento de novos direitos de propriedade que gera muitos problemas. Assim, as questões habituais associados à poluição podem ser resolvidas como disputas de direitos de propriedade, assim como ainda mais fácil é resolver o da "conservação" de recursos, se estes forem atribuidos a proprietários.

Muito há para dizer num confronto "austriacos" versus Chicago versus MIT...

Sem comentários:

Enviar um comentário