quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fascismo económico...

...surge quando é inevitável ter que escolher quem é ajudado e quem não é. Na Europa será o mesmo.

U.S. Treasury Shuns Banks That Need Cash Most in $160 Billion Buying Spree Oct. 29 (Bloomberg) -- The U.S. government's $160 billion handout to banks from Niagara Falls to Beverly Hills is going mostly to lenders that need it least, putting weaker rivals at risk of being shut down or taken over, analysts say.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Dívida Pública é comprada por Estados e Bancos Centrais



Reparar na subida do peso entre 2000 e 2007. 
Conclusão: emite-se dívida para ser comprada pelos emitentes de dívida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Os Escolásticos e os Depósitos à Ordem

No meu debate com PA sobre a natureza dos depósitos à ordem por vezes recebi o comentário de como seria culpado de ter modelos e teorias desfazados da realidade. A minha resposta é que só temos o actual sistema monetário actual porque ideólogos do inflacionismo armados com teorias e modelos desfazados da análise do direito e simples leis económicas, nacionalizaram o ouro da população e proibiram o seu uso, para impor as suas teorias de como os depósitos à ordem são crédito (que é como quem diz, moeda é crédito e crédito é moeda) quando na verdade pessoas sem instrução sabem que um depósito é um depósito e crédito deve ser crédito mas que outros transformaram em outras coisas com justificações "teóricas e modelos".

Mas vamos a citações com o "austriaco" e católico tradicionalista (sim, esses das missas em latim) Thomas E. Woods JR. em "The Church and The Market - A Catholic Defense of The Free Economy":

"In the sixteen century, such theologians as Luis Saravia de la Calle, Martin de Azpilcueta Navarro, and Tomás de Mercado argued that the demand deposit did not amount contractually to a transfer of property, even for a time, from the depositor to the bunker, and that it would be wrong for the banker to attempt to seek profit by lending out deposits that are supposed to be available to depositors on demand."

domingo, 26 de outubro de 2008

Questões colocadas: Inflação/Deflação quantitativa e Inflação/Deflação de Preços

"1. Ouvem-se falar de bilões de dinheiro injectado nas "economias" um pouco por todo o globo. Por outro lado, observam-se os preços das commodities a baixarem bastante (ouro, oil, etc.).

Afinal, onde está o dinheiro? Se o mercado foi inundado com dinheiro, onde está ele?

A 2ª pergunta, já a tens abordado aqui com mais ou menos frequência. Porque é que para o sistema financeiro actual a deflação é tida como pior do que a inflação?

Se percebi as tuas explicações anteriores, a deflação é o resultado do aumento da eficiência, da produtividade ou da redução dos custos com matérias primas, etc. Portanto, até podia ser uma coisa boa... Mas, aparentemente, para o sistema financeiro actual a deflação é uma coisa má. Não sei se compreendo porquê... Será porque no sistema actual a deflação implica que o dinheiro seja destruído?"

A responder.

1. As injecções de dinheiro materializam-se em concessão de crédito pelos Bancos Centrais ao sistema bancário, aumentando assim o nível de reservas dos Bancos relativamente aos depósitos e assim evitando falêncis bancárias, pelo menos no curto prazo. A operação tem os seguintes efeitos nos balanços

BANCO CENTRAL
Activo: Crédito aos Bancos por crédito das suas contas de reservas
Passivo: Emissão de novas quantidades de moeda

BANCOS
Activo: Conta de Reservas no Banco Central aumentada (mais moeda)
Passivo: Empréstimo contraido no Banco Central

Assim, esta nova quantidade de moeda destina-se pelo menos no curto prazo a substituir financiamentos dos Bancos que não são renovados (e uma das razões é o facto de terem deixado de emprestar moeda uns aos outros) e até a permitir que os Bancos possam enfrentar levantamentos de depósitos.

Uma crise bancária surge quando estes de forma sistémica deixam de ter moeda depositada no Banco Central em quantidade suficiente para cumprir o rácio de reservas para depósitos pressionados simultâneamente por incumprimentos dos seus próprios credores (e que assim não entregam moeda ao banco) assim como de depositantes que levantam moeda.

E quando assim é, os Bancos deixam também de conceder novo crédito a terceiros, assim como passam até a deixar de renovar linha de crédito.

Assim, as injecções destinam-se a evitar a falência e corridas aos bancos, o que a acontecer têm o efeito de destruir moeda pelo desaparecimento de depósitos (deflação monetária) o que estabeleceria um sem número de falências em cadeia, no meio de descida de preços dado o efeito de recessão e em especial da diminuição da quantidade de moeda em circulação.

Enquanto o único efeito fôr o do reforço da conta de reservas, isso em si não é inflacionário porque a quantidade de moeda determinada pela soma de todos os depósitos (e notas/moeda) existentes ainda não se alterou.

Num segundo momento, as injecções de moeda destinam-se a permitir que os Bancos possam considerar voltar a aumentar o stock de crédito por criação monetária (inflação quantitativa).

Aí, os Bancos vão efectivamente criar moeda/depósitos ao conceder novo crédito, possibilitado pela conta de reservas agota aumentada. É de notar que embora nos livros de economia se diga que os Bancos por cada depósito têm de colocar em reservas por exemplo 2%, como se esse fosse o ciclo, na verdade os Bancos Centrais primeiro criam as novas reservas e depois os Bancos criam novos depósitos out-of-thin-air permitido pelas novas reservas no sistema bancário (o que acontece sempre que os Bancos Centrais por exemplo, compra dívida pública ou financiam via operações repo os activos dos bancos.

Concluindo quanto a este ponto, numa primeira fase as injecções não aumentam a quantidade de moeda medida pela soma de depósitos (e notas/moedas) em circulação, mas a prazo na medida em que possibilitarem o crescimento do crédito (nem que seja com a compra de dívida pública) isso materializa a inflação monetária o que poderá desencadear a inflação de preços.

(a seguir, a resposta à segunda questão)

Moeda

"Professor Selgin's new book, Good Money, the true and remarkable story of private coinage and banking in Britain in the early years of the Industrial Revolution (1775–1850). Making money was a business in demand. The needs of business for small denominations were changing. Merchants needed small-denomination coins in copper and silver.

George Selgin, professor at West Virginia University, has discovered the monetary equivalent of the lost city of Atlantis. He has written a full-scale historical narrative — one that is deeply interesting and engaging — that has been largely unknown, even to scholars of the Industrial Revolution.(...) 

He tells the stories — of the merchants, the button makers who turned into coin makers, the way the system worked, its wonderful innovations, and its evolution — and reveals the cruelty and destructiveness behind the government's suppression of the industry.

The small-denomination-coin industry had developed to the point at which 20 independent mints were involved in making coins. These private coins served the merchants and the workers, while the government's currency served only the landed rich. The new industry was like capitalism itself: it was designed for everyone to the benefit of everyone.

The private coins tended to be better quality than the government's coins. Why? Because private merchants could refuse them — and consumers could too. There was competitive control over them and an inexorable tendency for currency to improve in every way. That's why the book is called Good Money.

And what of Gresham's Law, the tendency of "bad money" to drive out good money? Selgin's account demonstrates something striking: it only holds under government systems of money that overvalue bad money. In a private system, good money — like all good products and services in a free market — outcompetes the low-quality money. In a market-based money system, there is an inexorable tendency for good money to win out."

Leitura anti-Keynes

The Failure of the New Economics, by Henry Hazlitt (1959), full text in PDF
http://www.mises.org/books/failureofneweconomics.pdf

No FOREWARD por Rothbard: "Henry Hazlitt, in this vitally important and desperately needed book, throws down the challenge in a detailed, thoroughgoing refutation of the General Theory. Anyone tempted to scoff at this debate as simply a tempest in an abstract academic teapot, unrelated to the current practical world, might ponder such statements as these, which can be found, unquestioned and unchallenged, in almost any news magazine or newspaper column:

"We need no longer worry about a depression, because now government knows how to cure it — with deficit spending and 'built-in stabilizers."

"The government's X billion dollars of military spending is a useful prop to the economy."

"Business will improve in the next quarter because government intends to grant more contracts and run a larger deficit."

"To check the threat to inflation, the government should impose high taxation to sop up excess purchasing power."

"The government's main economic duty is to stabilize the economy and ensure full employment."

"In contrast to the capitalism of the nineteenth century, which emphasized thrift and production, our modern capitalism depends for its prosperity on consumer demand."

These are the common coin of the land, to such an extent that they are now virtually "non-controversial," accepted by both political parties. And yet, they are not primeval truths, but mischievous fallacies, every one of them introduced into the modern world by Lord Keynes and his disciples.

(...). Keynes's General Theory is here riddled chapter by chapter, line by line, with due account taken of the latest theoretical developments. The complete refutation of a vast network of fallacy can only be accomplished by someone thoroughly grounded in a sound positive theory. Henry Hazlitt has that groundwork. An "Austrian" follower of Ludwig von Mises, he is uniquely qualified for this task, and performs it surpassingly well.

It is no exaggeration to say that this is by far the best book on economics published since Mises' great Human Action in 1949."

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tratado de Moeda e Crédito

1. Moeda é um (ou mais) qualquer bem escolhido pelas pessoas como meio de troca. É de esperar que sejam preferidos bens cuja quantidade total disponível para essa função (meio de troca) seja a mais estável possível.

2. Moeda é moeda, crédito é crédito. Moeda só é moeda quando a sua posse não acarreta qualquer risco de crédito.

3. Crédito começa e acaba com uma transferência de moeda de um para outro tendo em conta um prazo estabelecido. O capital social não tem um prazo fixado.

4. O juro é o prémio exigido para abdicar de ter moeda hoje (para conceder crédito temporáriamente ou participar em capital social). Ao juro é adicionado um prémio de risco e incerteza associado.

5. Os bancos servem para pedir crédito a uns e concederem crédito a outros. Também servem para providenciar a guarda de depósito de moeda.

6. Investir significa adiantar moeda a factores produtivos (salários e rendas) muito antes de existirem receitas, para isso o empreendedor solicita através do mercado de capitais a poupança prévia de aforradores a troco de um juro (para crédito e/ou capital soical).

Finalmente...

7. Os Bancos Centrais e as Reservas Parciais existem para subverter estas verdades simples e lixar isto tudo.

O argumento à esquerda contra a inflação monetária

No Vento Sueste:

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Stossel's Guide to Politics

Muitissimo recomendável! (LvMI BlogI'm really enjoying John Stossel's Guide to Politics. Here is part one, which advances a late Hayekian view of social order. Particularly impressive is part two, which takes a sound position on the bailout. It is a good link to shoot to someone who is confused.)

20/20 - Politically Incorrect Guide To Politics - Pt. 1 of 6

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Banco CN versus Banco PA: Os argumentos

PA:

1) "Este é que é o seu argumento que pretende rebater a tese do meu post?"
Sente-se alguma ironia fina...

2) "Eu sempre afirmei que as discussões econõmicas em Portugal acabam sempre em em
política e em moralismo: "Fulano é um vigarista (e eu sou muito sério)""

Confesso que não percebo bem esta análise do argumento jurídico sobre a necessidade dos contratos terem de ser claros e cumpridos, tanto na oferta de 100% de reservas como na oferta de 20% de reservas.

3) "PA explicou-lhe que, de facto, não tinha em reserva a totalidade dos depósitos dos seus clientes. Mas que lhes pagava um juro pelo depósitos precisamente para os compensar do risco de eles irem lá um dia todos aos mesmo tempo levantarem os depósitos e não os poderem reaver na totalidade.

Este era um contrato entre pessoas adultas (PA e seus clientes) e vantajoso para ambas as partes. A tal ponto que o PA tinha tirado a clientela quase toda ao CN."

Teria alguma razão de ser se as Notas e Depósitos do Banco_PA (20% de reservas) conseguirem ter o mesmo valor facial das do Banco_CN (100% de reservas), e além disso o Banco_CN também oferece Depósitos a Prazo com um Juro.

4) "Colocaria no banco do CN? Mas como, se, como demonstrei no meu post, o banco do CN vai à falência se persistir nessa prática de 100% de reservas?

De facto, esta discussão só dá para divertir. E é isso que eu estou a fazer. Nada amofinado. Nicles.

O CN nunca discute a realidade. Ele tem um modelo (ideologia) que gostaria de aplicar à realidade. Daria nisto que você escolhe: fazer depósitos em bancos falidos."

PA insiste que demonstrou que o Banco_CN vai à falência quando acabo de demonstrar que o Banco_PA ou comete fraude ou deixa de ter clientes dado o problema de o seu dinheiro ser negociado a desconto, mas não faz entender o seu argumento.

Depois usa um argumento invertido dizendo que eu como outros (suponho que todos os "hard money") tenho uma ideologia que quero aplicar à realidade.


Na verdade o actual sistema só existe depois do ouro ter sido roubado às populações e proibido o seu uso e até posse. Destrói-se assim um sistema livre baseado no direito civil (depósito é um depósito e crédito é crédito) para impôr o mais puro construtivismo social por ideólogos do inflacionismo e a sua crença que o crédito pode ser concedido sem que poupança seja mobilizada (a própria razão para existirem bolhas seguidas de crises económicas e/ou bancárias). Tão crentes e cegos nas suas teorias e modelos que o impõem a todos.

Já foi tempo que os conservadores tinham horror a este tipo de tentativa de alteração duma certa ordem natural e simples das coisas, mas enfim, é o tempo que temos.

E ainda assim convidava os presentes a darem uma volta num sistema de padrão-ouro de 100% de reservas actual e próspero:

www.goldmoney.com

GoldMoney guarantees:

Absolute ownership

You, not GoldMoney, are the absolute owner of your gold and silver. GoldMoney stores it securely on your behalf.

  • Title to the gold and silver bars in allocated storage at the vaults at all times vests only in the various GoldMoney users.
  • When you purchase precious metals through your GoldMoney account, you actually hold and own the metal in your name.
  • All of the gold and silver bullion owned by our customers is stored free and clear from any creditors' claims against GoldMoney or the operator of the vaults.
  • When you purchase precious metals through GoldMoney, the gold and silver bullion is stored securely at the VIA MAT vaults located near London and Zurich. VIA MAT International is part of Mat Securitas Express AG, of Switzerland, one of Europe's largest and oldest armoured transport and storage companies.
100% metal

The quantity of precious metals electronically circulating in the GoldMoney system is always equal to the quantity of metal in the vaults.

  • For every single goldgram and silver ounce recorded within GoldMoney, there exists an identical quantity of grams of pure gold and ounces of silver in allocated storage at the insured vaults.
  • Euro-Dutch Trust Company, a commercial trust firm, manages the quantity of goldgrams and silver ounces in circulation and provides quarterly verification of the total quantity of goldgrams and silver ounces held in customers' accounts at GoldMoney.
  • A 'Big Four' accounting firm annually examines GoldMoney's governance procedures and GoldMoney's IT security. The auditor's SAS 70 Type II report is available upon request to all GoldMoney customers.
Insurance from theft

Your gold and silver are insured against theft from the vaults through a policy underwritten at Lloyd's of London.

Metal integrity

All of the gold and silver bars in GoldMoney meet the standards established by the London Bullion Market Association.

  • The Chain of Integrity requirement provides that all forms of physical bullion in the vaults must in all respects meet the London Good Delivery standard established by the London Bullion Market Association.
  • The London Bullion Market Association "is the trade association that acts as the co-ordinator for activities conducted on behalf of its members and other participants in the London bullion market...A primary function of the Association is its involvement in the promotion of refining standards by maintenance of the London Good Delivery List." (Source: LBMA website)
  • GoldMoney sets the global standard for governance and customer protections that ensure your gold and silver are safe and secure. Click here to learn more.
Detailed reporting

GoldMoney provides quarterly reports that verify the amount of gold and silver stored in the vaults always equals the total weight of gold and silver owned by GoldMoney's customers.

100% Gold in Allocated Storage Real Silver Bars in Secure Vault

Some of the actual gold and silver bars held for GoldMoney customers at VIA MAT London
Regulation

GoldMoney is the trade name of Net Transactions Ltd., which is based in Jersey, British Channel Islands and is regulated by the Jersey Financial Services Commission. See our certificate of registration.

We believe GoldMoney offers our customers the safest, most secure way to own gold and silver.


5) " Não há nada na lei que o impeça de lançar um banco e praticar 100% de reservas.

Porque será que nenhum banqueiro se lembrou disso. E porque não o faz você?. Já tem aqui alguns clientes (eu receio é que, para além destes, não vá ter mais nenhuns)"

Hoje não existe liberdade bancária e monetária. O "confronto" era acerca do que existiria em mercado livre e com contratos transparentes e protegidos pela lei. O sistema actual de reservas parciais é incentivado pelos próprios Bancos Centrais e o mau dinheiro afasta o bom dinheiro.

O engraçado é que o Banco_PA na verdade só pode existir e prosperar na ausência de um negócio bancário livre e pelo contrário cartelizado à volta de um Banco Central que fabrica moeda e incentiva a criação de crédito sem que poupança, seja mobilizada e mesmo assim, como o vemos, mais tarde ou mais cedo apenas funciona com a garantia do Estado e dos contribuintes.

Precisamente o oposto do ponto de partida.

Moeda e Crédito: Reservas a 100% para Notas e Depósitos à Ordem

O que tenho tentado com a saga "Banco CN versus Banco PA" é convencer-me a mim mesmo da "A impossibilidade de um regime de reservas parciais em regime de free-banking (negócio bancário e monetário livre e concorrencial)", e para isso espero vir aqui fazer o balanço dos argumentos a favor ou contra essa impossibilidade (tanto jurídica como económica).

Parece-me que o método de inquirir as relações contratuais em jogo e as consequências económicas para os depositantes é o correcto. O uso de exemplos simples não me parece que em nada tire a validade do seu uso. Pelo contrário, torna tudo mais claro.

O ponto principal é que as notas de um Banco não são fungíveis com as notas de outro Banco. A não ser que... ambos pratiquem reservas a 100%.

Mas as notas de um banco com reservas parciais e outro com reservas a 100% nunca (eu pelo menos penso que assim seja) poderão ser fungiveis no sentido que possam ser trocadas ao mesmo valor facial/nominal. Mas estou receptivo a receber, equacionar e divulgar todos os argumentos em contrário.

Se existir uma razoável certeza dessa impossibilidade podemos tirar conclusões sobre porque é que temos o actual sistema monetário ultra-fraccionário (ou deverei dizer turbo-fraccionário?), e claro, a sua relação com a presente crise bancária e com todas as outras que a precederam.

É que o facto de aceitarmos reservas parciais tem como consequência a capacidade de um banco em criar notas/depósitos do nada para conceder crédito (ou seja, a aparente capacidade de investir sem que poupança de terceiros seja para isso mobilizada).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Peter Schiff against Central Bankers

Banco CN versus Banco PA, Parte II

Depois de na Parte I ter descrito o negócio bancário com reservas de 100% vou passar a analisar a possibilidade de existência de reservas parciais num sistema bancário livre e concorrencial.

E vou directo à conclusão sobre a possibilidade de reservas parciais e existem duas:

  1. O Banco PA poderá prosperar temporariamente mas acabará a ser liquidado e/ou fechado por fraude
  2. O Banco PA é honesto oferecendo contratos claros (como manda o Direito) e sendo assim não tem negócio
A) Vamos lá então relembrar:

Modelo de negócio do Banco CN (Reservas 100%):
- Contratos de "Depósito à Ordem" (DO) do Banco CN: "Vale x moedas de ouro depositadas no cofre do Banco CN" (pelo serviço poderá cobrar uma comissão de guarda)
- Concessão de Crédito para o qual tem de se financiar, o que incluirá recorrer a Contratos de "Depósito a Prazo" (a diferença entra as duas taxas define a sua Margem Financeira que deverá cobrir o risco de crédito
Balanço do Banco_CN:
Activo2: Concessão Crédito de 20 moedas emprestadas pelo Banco_CN a Y por Ny tempo a troco de um juro Jy
Activo: Guarda de Valores - 100 moedas de ouro no cofre do Banco_CN
Passivo: Depósitos à Ordem (DO) de 100 moedas de ouro
Passivo2: Depósito a Prazo (DP) - 20 moedas de ouro emprestadas por X ao Banco CN por Nx tempo a troco de um juro Jx

B) Vamos agora passar a analisar o aparecimento de um concorrente inovador, o Banco_PA na sua versão Fraudulenta, ou seja, o DO é suposto (e como tal é publicitado e celebrado) ser um contrato igual ao do Banco_CN, mas o Banco_PA vai criar do nada DO e Notas para conceder crédito (diga-se que no limite até o poderá fazer simplesmente para utilizar essas Notas para proveito próprio do Banco, como comprar um edifício por exemplo, ou pior... ou seja melhor...trocar por Notas do Banco_CN) sem ter que convencer terceiros a mobilizar a sua poupança a prazo pagando para isso um juro, sendo o "custo" no fundo, a diminuição das reservas de 100% para 20% a prazo (terá assim apenas 20 moedas de ouro em cofre por cada 100 moedas que diz ter em DO+Notas).

Modelo de negócio do Banco PA ("discretamente" Reservas Parciais):
Contratos de "Depósito à Ordem" (DO) do Banco_PA: "Vale x moedas de ouro depositadas no cofre do Banco_PA" (pelo serviço poderá cobrar uma comissão de guarda)
- Concessão de Crédito para o qual tem de se financiar, o que incluirá recorrer a Contratos de "Depósito a Prazo" (a diferença entra as duas taxas de juro define a sua Margem Financeira a qual deverá cobrir o risco de crédito

- Mais tarde PA decide que como em cada dia de levantamentos líquidos apenas uma parte dos "Depósitos À Ordem" (DO) são levantados, isso permite-lhe criar DO´s no seu passivo para o qual não existem moedas de ouro no seu cofre (activo), apesar de não ter feito efectuado qualquer alteração ao contrato de depósito (isto corresponde à evolução histórica do negócio bancário e a razão porque sempre foi praticado de uma forma algo secretiva...o nascimento do que chamo de "confiança economics"... confiança de ser aquilo que não é mas onde se torce os dedos para que tudo se passe como se ainda fosse)
Balanço do Banco PA
Activo2: Concessão Crédito de 20 moedas emprestadas pelo Banco_PA a Z por Nz tempo a troco de um juro Jz
Activo: Guarda de Valores - 100 moedas de ouro no cofre do Banco_PA
Passivo: Depósitos à Ordem (DO) de 100 moedas de ouro
Passivo2: Depósito à Ordem (DO) de 20 moedas de ouro na conta de Z

Observações (ou várias formas de dizer a mesma coisa):
- Agora existe o registo de 100+20 moedas de ouro mas apenas 100 moedas no cofre
- Para conceder o crédito a Z (que constitui o seu Activo2) o Banco_PA limitou-se a criar um registo (
falso, na medida que o contrato que utiliza é igual ao do Banco_CN) de "Depósito à Ordem" onde diz ter colocado à guarda 20 moedas de ouro que não existem.
- A taxa de juro praticada pelo Banco_PA pode ser menor do que a do Banco_CN, já que aquele não teve que se financiar no montante de 20 moedas de ouro.
- Z foi beneficiado com uma taxa de juro menor. No fundo Z não teve que apresentar um projecto de investimento com a rentabilidade necessária a convencer "Depositantes à Ordem" a passarem para "Depósitos a Prazo" a troco de uma taxa de juro (e aqui começa o problema económico das bolhas)
- Z foi igualmente beneficiado porque ao levantar o seu crédito sob a forma de Notas do Banco_PA (estas dirão "Vale 20 moedas de ouro depositadas no cofre do Banco_PA), estas irão circular pelo seu valor facial como se tivessem a mesma "qualidade" que as Notas do Banco_CN (onde todos os DO e Notas representam tal como o contrato o diz, moedas à guarda no cofre).
- Z vai assim gastar o seu dinheiro na economia antes de desta se adaptar ao facto de existir mais "moeda" (ainda que parte falsa), existe assim como que uma redistribuição de riqueza a seu favor
- O Banco_PA naturalmente faz um bom negócio, já que como que consegue matéria prima para aumentar as suas vendas/receitas sem qualquer custo, o sonho de qualquer empresário.
- Quem perde? os depositantes originais de moedas de ouro
(e todos os outros do Banco_CN) que realmente existem que não têm a oportunidade de aplicar em Depósitos a Prazo
- Quem perde mais? Os depositantes originais (e todos os outros do Banco_CN) das 100 moedas de ouro verão o eu poder de compra diminuir (embora não necessáriamente via preço nos consumidores)
- Quem perde mais? Os depositantes originais de 100 moedas de ouro no Banco_PA, não o sabendo, correm agora o risco de não poderem retomar a posse das suas moedas de ouro supostamente guardadas no cofre.


Desafio deixado: Existirá alguma forma do Banco_PA definir agora de forma clara e honestamente o seu contrato de DO e depois as suas Notas circularem com o mesmo valor facial que as notas do Banco_CN? E quem, por exemplo na posse de 10 moedas de ouro irá Depositar à Ordem" com contrato tipo_PA que expressamente dirá de uma forma ou outra que apenas existem no seu cofre a cada momento 20% das moedas registadas em DO+Notas no cofre (do Banco_PA)?

Pergunto a PA: Depositaria as suas 100 moedas de ouro no Banco_CN ou no seu próprio Banco_PA?

Na versão fraudulenta (o contrato DO é o mesmo que o Banco_CN) saberia que passaria a ter o risco de Bank Run ou ser apanhado por fraude (auditorias de contagem e pesagem é a coisa mais fácil de efectuar)

Na versão honesta (o contrato de DO e Notas é modificado para expressar a posse de apenas 20% das moedas em cofre) no momento do depósito e troca por Notas_do_Banco_PA não perderia de imediato valor facial no mercado?

QED

Peter Schiff, no seu melhor

(via LRCBlog) See Peter Schiff's superb article on why you can stop paying your mortgage.

If your mortgage does become the property of Uncle Sam, the growingly popular impulse to “just walk away” should be replaced by “just stay and stop paying.” No one will throw you out. After a few months, or years, of living payment free, you will get a call from a motivated government agent eager to adjust your loan into something affordable.

To bolster your bargaining position it will help to be able to claim poverty. As a result, if you have any savings, spend it soon, before they call. Buy a bigger TV, a new wardrobe, or better yet, take a vacation. After the hardship of spending all of your refi cash, you probably deserve it. If you have any guilt just remember, Washington argues that consumer spending is the best way to stimulate the economy. Living beyond your means is a patriotic duty.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um dia chegam lá

Bernanke Says Fed May Take New Role in Trying to Curb Asset-Price Bubbles

O que isto quer dizer é que se os Bancos Centrais começarem a ter em conta os preços de todos os activos (commodities, casas, acções, etc) vão ter que praticar taxas de juro muito mais altas muito mais cedo, o que vai conter em muito a expansão monetária em comparação com a ocorrida nos últimos 10 anos.

E depois, se pensarem mesmo mesmo muito no assunto, vão chegar à conclusão que mais vale adoptar o padrão-ouro dado que a quantidade da massa monetária vai ter um progresso equilibrado e a taxa de juro vai ser fixada naturalmente e automáticamente pelo mercado, prevenindo qualquer possibilidade de existirem "Asset-Price Bubbles" e a inevitável recessão e crises bancárias.

Banco CN versus Banco PA, Parte I

Aceitei o repto de PA e vou contestar ... a sua contestação da possibilidade de existir um sistema de reservas de 100% mesmo num sistema bancário livre.

Na verdade a minha tese é precisamente a oposta. Um sistema de reservas parciais não é possível num sistema bancário livre sem intervenção do Estado.

Existem várias perspectivas possíveis para tentar atacar um sistema de reservas a 100%. Neste post PA escolha a via de que a própria necessidade de concorrer e ter lucros conduz a reservas parciais (existem outras vias que antecipo já para um futuro próximo como o da crença que a quantidade de dinheiro tem de aumentar para a economia funcionar).

Vamos partir então para o argumento escolhido e o pressuposto de estarmos perante um sistema bancário livre com reservas de 100% utilizando o padrão-ouro (o ouro só deixou de ser utilizado porque foi "nacionalizado" e proibido o seu uso como moeda, nos EUA a sua mera posse foi proibida de 1933 até os anos 70).

Vamos lá por partes:

"Começo por retomar o que escrevi nest post. Admitamos então dois bancos, sob a forma de sociedades anónimas, em situação de concorrência e com 100% de reservas em ouro. Cada banco aceitou depósitos em ouro no valor de 100 e emitiu ordens de pagamento somente pelo valor de 100. Não há criação de crédito. Cada banco retira as suas receitas e os seus lucros das comissões que cobra sobre os certificados de depósito e as ordens de pagamento que emite. Não é grande negócio, diga-se."

Só para comentar e preparar o passo seguinte:

1. O ouro e prata foram desde muito cedo utilizados de forma quase universal em todas as partes e culturas do mundo. Para mim é seguro afirmar que a razão de assim ser, para além das propriedades físicas (maleável, estável, divisível) a principal característica que a isso conduziu foi o da estabilidade da quantidade total disponível para circular. Estabilidade significa nem decrescer por consumo/uso, nem aumentar. O ouro é o elemento conhecido com maior estabilidade da quantidade total (a relação entre a produção de ouro e o stock existente é o mais baixo que se conhece) e mantendo as propriedades físicas assinaladas. A prata a seguir.

2. Mais tarde tornou-se conveniente e seguro depositar o ouro/prata em locais geridos por sociedades (vamos chamar de Banco CN) que o mantinham ... seguro... e convenientemente emitiam recibos de depósito, ou seja, notas de depósito [ou davam a capacidade de depositante emitir ordens de pagamento (ex: cheques)]. Pelo serviço de guarda é cobrada uma comissão.

O balanço do Banco CN será qualquer coisa como o sequinte:

Activo: 100 moedas de ouro no cofre do Banco CN
Passivo: 100 recibos/notas emitidas pelo Banco CN representativas cada uma das moedas e que estão em circulação

Contrato subjacente a cada recibo/nota: "Vale uma moeda de ouro depositada no Banco CN".

Mas o uso de recibos/notas também não é o mais eficiente no longo prazo e na sua maior parte as moedas de ouro estão depositadas sobre a forma de depósitos à ordem sobre os quais o Banco CN disponibiliza cheques e ordens de transferência (e que dão origem a comissões), assim teremos:

Activo: 100 moedas de ouro no cofre do Banco CN
Passivo: Depósitos à Ordem (DO) de 100 moedas de ouro

Contrato subjacente ao DO: "Vale 100 moedas de ouro depositadas no Banco CN".

3. Qualquer pessoa pode (e se não pode devia poder) emprestar dinheiro, por exemplo, X empresta a Y, e para isso X dá parte das suas moedas de ouro a Y (ou recibos/notas emitidas pelo Banco CN representativas de ouro depositado) e recebe um contrato em que Y se compromete a entregar a X passado por exemplo um ano as mesmas moedas físicas ou notas delas representativas, acrescido de mais moedas físicas (ou notas delas representativas) que constituem o juro acordado entre ambos.

4. Se qualquer pessoa pode emprestar dinheiro (ex: determinada quantidade de ouro como moedas de ouro ou notas delas representativas ) a terceiros, é natural que essas mesmas pessoas emprestem dinheiro a Bancos que por sua vez concedem créditos a terceiros. Existe assim uma função de intermediação onde alguém concede crédito ao Banco CN (vamos chamar de "depósito a prazo" ou DP) e este depois concede crédito a terceiros.

O balanço do Banco CN com ambas operações de crédito será qualquer coisa como:

Activo2: 20 moedas emprestadas pelo Banco CN a Y por Ny tempo a troco de um juro Jy
Activo: 100 moedas de ouro no cofre do Banco CN
Passivo: Depósitos à Ordem (DO) de 100 moedas de ouro
Passivo2: 20 moedas de ouro emprestadas (DP) por X ao Banco CN por Nx tempo (depósito a prazo) a troco de um juro Jx

Observações:

É de esperar que o juro Jy seja superior ao juro Jx para o negócio ser rentável, para além de que o Banco CN recebe comissões de guarda sobre as 100 moedas em cofre.

Quanto ao prazo das duas operações é de esperar que prudentemente sejam similares embora isso seja uma escolha de gestão de risco do Banco CN. Quando o prazo do Passivo2 acabar o Banco CN tem de ou renovar a operação com X ou devolver as moedas de ouro a X porque se não o fizer X pede a falência do Banco CN.

Se o Banco CN entrar em falência, os detentores dos DO não perdem qualquer moeda porque não existe risco de crédito no contrato de DO das moedas. Quanto muito existe risco de as moedas serem roubadas por terceiros (contra o qual poderia existir um seguro) ou quem sabe o risco de fraude (= roubo) por parte do Banco CN (por exemplo, retiraria parte das moedas do cofre sem que ninguém o soubesse e as utilizaria para os seus próprios fins).

Conclusão da Parte I: Aqui está descrito o negócios de guarda (DO) com 100% de reservas, serviço de cheques e transferências e de concessão de crédito.

Em seguida passarei a analisar o argumento da concorrência e o da possibilidade de reservas parciais (para o qual é necessário analisar se é possível de todo existir um contrato de DO com reservas parciais, ou se existindo tal contrato este tenha adesão) apresentado por PA.

Injectar confiança II

SEC Clears U.S. Banks to Postpone Writedowns on Value of Some Securities

O regulador no passado quis resolver um problema impondo o mark-to-market agora quer resolver outro problema retirando a mesma medida.

Confiança, dizem eles.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Histórias com piada II : A independência dos Bancos Centrais

LRCblog: "when the evil Arthur Burns arrived in Bonn, appointed by Nixon as ambassador to West Germany after his term at the Fed expired. A local reporter, at Burns's first press conference, asked him how in the world he could have engineered so much inflation, with such horrific consequences. Didn't he, as an economist, know better? Burns responded that the head of the Fed must do as the president wants, or otherwise the Fed "would lose its independence."

PS: Arthur Burns, who ... blocked Murray Rothbard's hard-money PhD at Columbia until Ike made Burns chairman of the council of economic advisors, also engineered Nixon's great inflation. After his term as Fed chairman, Burns was rewarded by Nixon with the ambassadorship to Germany.

Thomas Woods: The Great Depression, WW II, and American Prosperity, Part 1

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"Money Supply" e o debate Deflação/Inflação

Trend Change Signaled

In our 3rd October email alert we wrote: "The Fed expanded its balance sheet by $254B during the one-week period ending 1st October, which follows a $204B expansion during the preceding week. As a result, the Fed's balance sheet has grown by almost 50% within the space of just two weeks. This, we believe, is unprecedented."

Last week's money creation by the Fed won't appear in broader money-supply data until the end of this week, but the week-before-last's expansion of the Fed's balance sheet has given the True Money Supply (TMS), our preferred monetary aggregate, a substantial boost. In fact, it has pushed the year-over-year (YOY) TMS growth rate from 3.75% to 7.0%, thus signaling a new major upward trend. The situation is depicted below.




Money Velocity

Many analysts will undoubtedly claim that the increasing rate of money-supply growth isn't important because the velocity of money will remain low, but such claims reveal a misunderstanding. There is no magical quantity called "velocity" that operates independently of money supply and demand, causing prices to rise during some periods and to fall during others. Like changes in the purchasing power of money, the thing commonly called "money velocity" is simply an effect of inflation.

By way of further explanation, during the early part of a major upward trend in money-supply growth it will typically be the case that inflation is not widely perceived as a problem. Actually, it's quite likely that deflation will be seen as the bigger threat. This is the situation that we often refer to as a "deflation scare" -- rising money-supply growth (inflation) combined with rising fear of deflation, with the fear of deflation being fanned by falling commodity and equity prices.

During the early part of an inflation cycle the demand for cash balances will tend to be relatively high -- due to falling inflation expectations -- and the average economist will perceive a low "velocity of money". But as time goes by the effects of the increased rate of money-supply growth will start becoming apparent and people will become a little more conscious of the inflation threat, the result being a decline in the demand for cash balances (people will begin to save less cash). The average economist will interpret this as an increase in the velocity of money and may well conclude that prices have begun to rise in response to the increased velocity. Clearly, though, both the increase in velocity and the rise in the general price level are just lagged EFFECTS of the preceding money-supply growth.

The bottom line is that "money velocity" is a redundant concept at best and a misleading one at worst.

A pronounced and sustained increase in the rate of money-supply growth ALWAYS leads to substantially higher prices somewhere in the economy, but due to the time-lags involved it will often be difficult to see the link between money-supply changes and price changes. For example, the rapid rises in the prices of many everyday items over the past three years occurred while the money supply was growing slowly. These price rises were an effect of the rapid money-supply growth that occurred during the first few years of the decade. Also, the quickening in the rate of money-supply growth that has just begun and looks set to continue over the coming year will probably be accompanied by a slowing rate of increase in the general price level, thus setting the scene for a "deflation scare". The reason is that the prices of everyday items have yet to react to the slower money-supply growth of 2005-2007.""Inflation's New Upward Trend", Steve Saville

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Uma boa história: Austriacos versus Monetaristas (e Keynesianos)

Ou Mises versus Milton Friedman.

Murray N. Rothbard: "There can be no genuine laboratory experiments in human affairs, but we came as close as we ever will in 1968, and still more definitively in 1971. Here were two firm and opposing sets of predictions: the Misesians, who stated that if the dollar and gold were cut loose, the price of gold in ever-more inflated dollars would zoom upward; and the massed economic Establishment, from Friedman to Samuelson, and even including such ex-Misesians as Fritz Machlup, maintaining that the price of gold would, if cut free, plummet from $35 to $6 an ounce.

The allegedly eternal system of Bretton Woods collapsed in 1968. The gold price kept creeping above $35 an ounce in the free gold markets of London and Zurich; while the Treasury, committed to maintaining the price of gold at $35, increasingly found itself drained of gold to keep the gold price down. Individual Europeans and other foreigners realized that because of this Treasury commitment, the dollar was, for them, in essence redeemable in gold bullion at $35 an ounce. Since they saw that dollars were really worth a lot less and gold a lot more than that, these foreigners kept accelerating that redemption. Finally, in 1968, the United States and other countries agreed to scuttle much of Bretton Woods, and to establish a “two-tier” gold system. The governments and their central banks would keep the $35 redeemability among themselves as before, but they would seal themselves off hermetically from the pesky free gold market, allowing that price to rise or fall as it may. In 1971, however, the rest of the Bretton Woods system collapsed. Increasingly such hard-money countries as West Germany, France, and Switzerland, getting ever more worried about the depreciating dollar, began to break the gentlemen’s rules and insist on redeeming their dollars in gold, as they had a right to do. But as soon as a substantial number of European countries were no longer content to inflate on top of depreciating dollars, and demanded gold instead, the entire system inevitably collapsed. In effect declaring national bankruptcy on August 15, 1971, President Nixon took the United States off the last shred of a gold standard and put an end to Bretton Woods.

Gold and the dollar was thus cut loose in two stages. From 1968 to 1971, governments and their central banks maintained the $35 rate among themselves, while allowing a freely-fluctuating private gold market. From 1971 on, even the fiction of $35 was abandoned.

What then of the laboratory experiment? Flouting all the predictions of the economic Establishment, there was no contest as between themselves and the Misesians: not once did the price of gold on the free market fall below $35. Indeed it kept rising steadily, and after 1971 it vaulted upward, far beyond the once seemingly absurdly high price of $70 an ounce.[3] Here was a clear-cut case where the Misesian forecasts were proven gloriously and spectacularly correct, while the Keynesian and Friedmanite predictions proved to be spectacularly wrong. What, it might well be asked, was the reaction of the Establishment, all allegedly devoted to the view that “science is prediction,” and of Milton Friedman, who likes to denounce Austrians for supposedly failing empirical tests? Did he or they, graciously acknowledge their error and hail Mises and his followers for being right? To ask that question is to answer it. To paraphrase Mencken, that sort of thing will happen the Saturday before the Tuesday before the Resurrection Morn."

A confiscação do Ouro por Roosevelt

Yahoo Finance:

On April 5, 1933, the following proclamation, Executive Order 6102, was issued by the President of the United States:

"By virtue of the authority vested in me by Section 5 (b) of the Act of October 6, 1917, as amended by Section 2 of the Act of March 9, 1933, entitled "An Act to provide relief in the existing national emergency in banking, and for other purposes," in which amendatory Act Congress declared that a serious emergency exists, I, Franklin D. Roosevelt, President of the United States of America, do declare that said national emergency still continues to exist and pursuant to said section do hereby prohibit the hoarding of gold coin, gold bullion, and gold certificates within the continental United States by individuals, partnerships, associations and corporations..."

Even as Roosevelt was being inaugurated a month earlier, and continuing on into April, banks around the country were besieged by depositors desperate to withdraw their money and convert their currency into gold.

This was a national emergency. The President said so. And in order to stop the run on banks, and by extension the currency, In one fell swoop, Roosevelt outlawed the ownership of gold and mandated the following penalties which lasted until 1974:

"Section 9. Whoever willfully violates any provision of this Executive Order or of these regulations or of any rule, regulation or license issued thereunder may be fined not more than $10,000, or, if a natural person, may be imprisoned for not more than ten years, or both; and any officer, director, or agent of any corporation who knowingly participates in any such violation may be punished by a like fine, imprisonment, or both."

Well, that was that. Gold was now illegal, and anyone who held it or tried to use it faced certain imprisonment or fines.

But that was then: There's the preening sense among Americans today that such an act could never fly off a President's desk in this day and age; we believe we've come a long way since 1933.

And yet, in a matter of 20 minutes last night, the President of the United States used the following words and phrases:

"We're in the midst of a serious financial crisis..."

"[O]ur entire economy is in danger..."

"[T]hese are not normal circumstances..."

"[M]ajor sectors of America's financial system are at risk of shutting down..."

"[S]afeguard the financial security of American workers..."

"The federal government also continues to enforce laws and regulations protecting your money..."

"[F]ailure jeopardizes the entire financial system..."

These words and phrases shouldn't be taken lightly. It is important to consider what the ramifications are when politicians begin to use words and phrases like these. "These are not normal circumstances." And when circumstances turn abnormal, you can bet that strange prescriptions will follow.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Capital, Juro e Rendas II

Se o capital é assim necessário para suportar todo o período de rendas negativas (adiantando salários quando não existem vendas geradas para os os pagar, nem as rendas destinadas ao terreno , edifícios, máquinas, etc), isso significa que é de facto necessário usar poupança préviamente acumulada por alguém.

Mas como pode a simples criação de dinheiro (a origem de grande parte do crescimento do crédito) pretender como que enganar a economia, disponibilizando recursos que não foram poupados para suportar o tal período de ausência de vendas que suportem todo o período inicial de rendas negativas?

Pois é esta ilusão que é (ainda) vendida como que em forma de dogma nos cursos de economia. Tudo porque justifica a existência de um Banco Central que torna possível um sistema de reservas parciais para tornar possível a concessão de crédito por criação monetária em vez da mobilização de poupança real e voluntária prévia.

PS: Tenho lido objecções até de Pedro Arroja de como fazer raciocínios com palavras não pode passar de palavras, numa crítica pouco convincente ao apriorismo "austriaco". Eu chamaria a isso nihilismo intelectual ou a recusa a pensar. Mas o que importa é saber se existe ou não alguma falha de raciocínio, porque se não existir a realidade comprovará depois a sua veracidade.

Capital, Juro e Rendas (Re-post)

O origem do Juro e a refutação implícita da "teoria da produtividade do capital" de Chicago e até de algumas "nuances" intra-austriacas.

Por Frank Fetter, mais um autor austriaco como que salvo da obscuridade por Murray N. Rothbard que realçou o génio e simplicidade de visualizar todos os custos como rendas:

1. Os salários são uma renda negativa paga mensalmente.
2. Todo o tipo de investimento poderá ser efectuado com o pagamento duma renda negativa (aluguer).
3. As vendas podem ser visualizadas também como rendas positivas.

No inicio da actividade teriamos qualquer coisa como (custos negativos, vendas 0 ou positivas):

Mês 1: -100 + 0 = -100
Mês 2: -100 +0 = -100
Mês 3: -100 +20= -80
.
.
.
Mês N: -100 + 120= 20

Percebe-se assim bem, que aquilo que chamamos de capital para investir constitui simplesmente a poupança necessária que a economia tem de efectuar anteriormente (e disponibilizada pelos accionistas e credores) para que seja possível "aguentar" a tesouraria negativa (-100-100-80) durante o ciclo inicial (e correndo o risco de se as vendas forem mal sucedidas, o "capital"/poupança colocado de lado para aguentar períodos negativos de tesouraria não será suficiente, obrigando ao fecho da actividade, e perdendo os accionistas e credores todo o dinheiro disponibilizado).

Muito semelhante em analogia, ao exemplo de R. Crusoé numa ilha que tem de acumular alimentos suficientes para ser capaz de se dedicar à actividade de produção de instrumentos durante x tempo, tendo em conta a perspectiva de estes poderem aumentar mais tarde a quantidade de bens "produzidos" e "consumidos". O problema (falência individual ou ciclo económico generalizado) é que se não acumular alimentos suficientes, pode não conseguir acabar os instrumentos, sendo obrigado a deixá-los inacabados, sendo obrigado a voltar ao seu "nível económico" anterior.

Agora, quem disponibiliza as máquinas e outros meios, recebendo uma renda, exige que essa renda tenha um juro implícito ou prémio exigido por não ter disponível a totalidade do valor para consumo ("preferência temporal"), recebendo de volta o valor emprestado ao longo do tempo.

"Frank Fetter was the great American Austrian who devoted a fantastic part of his professional life to arguing on behalf of the pure time preference theory of interest. His work is lucid and powerful, and largely would have been forgotten if Murray Rothbard had not assembled this excellent volume of his writings. It supports the Misesian case in every detail, and set it against the productivity theory and other false notions of interest. "

"Capital, Interest, and Rent" is now available for free download or print on demand.

Restabelecer a confiança na moeda

Sem intervencionismo, deixar a simples aplicação do direito funcionar:

- Falências de quem tenha contraído crédito: bancárias, empresas, pessoais
- Contracção monetária ( o reverso da expansão monetária)
- Descida de preços (o reverso da inflação de preços)
- Descida de salários (pela descida de preços)
- Re-negociação caso a caso entre as partes dos valores nominais de todas as dívidas
- Abandono e liquidação de negócios, projectos e activos com realocação de propriedade para aqueles que menos dívida têm

Ao mesmo tempo, passar a uma ordem monetária livre (todas as moedas de Estados e ainda ouro ou prata com 100% de reservas (ou alternativa expressa nas "notas"), onde os depósitos à ordem não são operações de crédito ao banco mas sim um depósito civil "à guarda".

Crédito a mais

Como pode existir "crédito a mais" (sentimento que parece ser intuitivamente partilhado de forma consensual) sem poupança "a mais"? Porque o crescimento do crédito tem lugar por pura criação monetária e não por poupança real prévia.

Daí a "Confiança" economics primeiro, "Injection" economics depois. Duas disciplinas da economia com muito prestígio.

MARTIAL LAW THREATENED IF BAILOUT ISN'T PASSED

Brad Sherman in the house of Representatives states that members of congress were threatened that “There would be martial law in America if we voted no.”

Glenn Beck hits McCain on Bailout and earmarks hypocrisy

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Planos quinquenais

Se os meninos com planos quinquenais de mercado insistem mesmo em planos quinquenais de mercado, aqui vai a minha modificação a um plano contra o qual votaria contra (incluindo a minha própria versão modificada):

O Estado (esse "dealer") "injecta" (a palavra preferida da ciência económica transformada em "junkie economics") dinheiro onde tiver de "injectar" (as entidades que declarem - e só depois de o fazerem - falência por falta de liquidez), recebendo acções livremente transaccionáveis que são transferidas democrática e equitativamente por todos os cidadãos.

"Fiat" na garantia de depósitos

Rothbard sobre a garantia de depósitos e o caminho inexorável para ... The End:

"No: the only thing the Fed could do — and this would be in their power — would be to print enough money to pay off all the bank depositors. Unfortunately, in the present state of the banking system, the result would be an immediate plunge into the horrors of hyperinflation.

Let us suppose that total insured bank deposits are $1,600 billion. Technically, in the case of a run on the banks, the Fed could exercise emergency powers and print $1,600 billion in cash to give to the FDIC to pay off the bank depositors. The problem is that, emboldened at this massive bailout, the depositors would promptly redeposit the new $1,600 billion into the banks, increasing the total bank reserves by $1,600 billion, thus permitting an immediate expansion of the money supply by the banks by tenfold, increasing the total stock of bank money by $16 trillion. Runaway inflation and total destruction of the currency would quickly follow. "

da série "este gajo podia ser bom pra caraças"

da série "este gajo é bom pra caraças", Henrique Raposo: "(...)O preço descoberto pelas autoridades tem muito pouco de fictício: uma vez que não estão obrigados a seguir regras de contabilidade e de gestão de risco, os agentes públicos não estão sujeitos à mesma impossibilidade de obter um preço rigoroso. No momento em que o mercado volta a funcionar normalmente, o banco central deixa de ser necessário. A regulação nunca o foi.

No essencial é este o plano proposto por Paulson e Bernanke. Há dois reparos a fazer. Primeiro, um plano semelhante devia ter sido proposto há muito. Segundo, urge explicar que a solução é um triunfo e não uma derrota da economia de mercado. Bruno Maçães"

Ou o triunfo de uma solução que derrota a economia de mercado a qual, de resto, não precisa de um banco central para nada, o qual, de resto, é o primeiro responsável pela causa primária de todas as crises, passadas, presentes e futuras, a começar... pela:

American´s Great Depression

Para quem gosta mesmo-mesmo de História da Economia e com introdução de Paul Johnson (sim, esse Paul Johnson):

"(...) We now see, thanks to Rothbard's insights, that the Hoover–Roosevelt period was really a continuum, that most of the "innovations" of the New Deal were in fact expansions or intensifications of Hoover solutions, or pseudo-solutions, and that Franklin Delano Roosevelt's administration differed from Herbert Hoover's in only two important respects—it was infinitely more successful in managing its public relations, and it spent rather more taxpayers' money. And, in Rothbard's argument, the net effect of the Hoover–Roosevelt continuum of policy was to make the slump more severe and to prolong it virtually to the end of the 1930s. The Great Depression was a failure not of capitalism but of the hyperactive state.

I will not spoil the reader's pleasure by entering more deeply into Rothbard's arguments. His book is an intellectual tour de force, in that it consists, from start to finish, of a sustained thesis, presented with relentless logic, abundant illustration, and great eloquence. I know of few books which bring the world of economic history so vividly to life, and which contain so many cogent lessons, still valid in our own day. It is also a rich mine of interesting and arcane knowledge, and I urge readers to explore its footnotes, which contain many delicious quotations from the great and the foolish of those days, three-quarters of a century ago. It is not surprising that the book is going into yet another edition. It has stood the test of time with success, even with panache, and I feel honored to be invited to introduce it to a new generation of readers."

Part I: BUSINESS CYCLE THEORY

Part II: THE INFLATIONARY BOOM: 1921–1929

Part III: THE GREAT DEPRESSION: 1929-1933 (p185)