sábado, 29 de novembro de 2003

Ann Coulter vs. Al Franken

A recente polémica entre Ann Coulter e Al Franken analisada por Harry Binswanger aqui.

sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Quiz Taiwan

"BEIJING, China (CNN) -- China says it is "gravely concerned" over Taiwan's passing of a controversial referendum bill and repeated a warning it would never tolerate independence for the island.

Beijing insists self-ruled, democratic Taiwan is a renegade province that must eventually return to China."

Quiz:

1) Deverão os EUA e os "aliados" assegurar militarmente a defesa de Taiwain?

2) Deveremos arriscar, por princípio (mas qual? o da União, Secessão ou da Democracia?) a uma confronto com a China?

3) E se nos EUA ou "aliados" existirem movimentos de Secessão, deverão Estados terceiros tomar parte, se for necessário até, num conflito militar aberto?

Nota: independentemente da minha opinião, a possibilidade dos EUA e "aliados" conseguirem responder militarmente a uma acção da China é muito duvidosa - mais uma "uninteded consequence" das acções militares ideológicas.

A homenagem

É sempre bonito ver o responsável por uma guerra a visitar o campo de batalha e estar com as tropas que fazem aquilo que o seu Estado lhes pede.

Se existe coisa que distingue os Estados modernos foi a forma como aos poucos, as chefias, o líder, se foi afastando do campo de batalha. No inicio, a tribo era liderada pelo guerreiro, e assim foi evoluindo com os nobres locais a liderarem a defesa e expansão do seu território, cuidando da sua população, aplicando a justiça, etc.

A sua legitimidade, estabilidade, perpetuação, era tanto maior quanto mais a "natural law" era respeitada, de contrário desaparecia de uma forma ou outra, ou substituído (=morto) pelos próprios familiares, rivais ou até pela população.

À medida que o Estado se foi centralizando, e em especial no Estado moderno, os fazedores de guerras passaram a combater cada vez menos por motivos territoriais e cada vez mais por razões ideológicas e isso coincidiu com o afastamento das batalhas dos "lideres".

Falo, claro do políticos, democráticos ou não. E por isso mesmo, as guerras modernas tornaram-se cada vez mais mortais, mais totais, sem distinção entre guerreiros e civis. Hoje, a tecnologia permitiu minimizar vidas de civis, mas ainda assim no Afeganistão e Iraque terão morrido milhares de civis em número maior do que a totalidade dos atentados terroristas, a que temos de juntar a destruição do património e da sua estrutura social.

Quando queremos combater um monstro, temos de ter cuidado para não nos transformarmos num monstro. Se ainda os resultados fossem ou vierem a ser os esperados pelos planeadores...o problema é que querer levar o bem a povos inteiros, milhões de pessoas, arrasta consigo enormes complicações, eventos inesperados, consequências visíveis apenas em décadas.

Mesmo para quem acha que vale a pena, um estado permanente de pessimismo e sem moralismos ideológicos serviria para evitar pelo menos, erros maiores.

Mas a prova que o espírito das guerras totais feitas a partir dos sofás (sofas warriors) ainda persiste é o plano para a construção de mini-WMD pelo Pentágono para as quais muitos vislumbram a possibilidade do uso "preventivo" e já apontaram até locais candidatos a alvos (antes já "eles" agora do que a remota possibilidade de "nós" no futuro).

Mas por mim, as batalhas devem lideradas no terreno por quem as quer fazer, isso era bem mais civilizado, e se uma coisa é certa é que os idealistas gostam de idealizar enquanto outros fazem o que a Nação lhes pede. A este últimos, a minha homenagem.

quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Re: GETTYSBURG, no Abrupto

Escreveu um seu leitor de que: "

Quando o Lincoln invoca a Liberdade é no fundo para justificar a supressão da mesma. A ideia da sacralização daquele solo tem como único objectivo, não a evocação do heroísmo dos soldados, mas sim o reforço do carácter sagrado (e por isso intocável) da União. A associação dos mortos desta batalha aos Pais Fundadores também não é inocente. O que se passou na Guerra da Secessão foi de facto a refundação de uma nação. Mais forte e mais unida...mas menos democrática e menos livre"

E em homenagem a este leitor do abrupto ficam também as palavras de H.L. Mencken em "Note on the Gettysburg Address":

"The Gettysburg speech was at once the shortest and the most famous oration in American history...the highest emotion reduced to a few poetical phrases. Lincoln himself never even remotely approached it. It is genuinely stupendous. But let us not forget that it is poetry, not logic; beauty, not sense. Think of the argument in it. Put it into the cold words of everyday. The doctrine is simply this: that the Union soldiers who died at Gettysburg sacrificed their lives to the cause of self-determination – that government of the people, by the people, for the people, should not perish from the earth. It is difficult to imagine anything more untrue. The Union soldiers in the battle actually fought against self-determination; it was the Confederates who fought for the right of their people to govern themselves."

E repito:

"We're not fighting for slaves.
Most of us never owned slaves and never expect to,
It takes money to buy a slave and we're most of us poor,
But we won't lie down and let the North walk over us
About slaves or anything else."

Confederate soldiers in John Brown' Body, a book length poem by Stephen Vincent Benét

Coisas do New Deal e ... da PAC

"...we should note that the real world examples of widespread crop destruction are due to government cartels.

During the Great Depression, for example, farmers did indeed destroy crops while other Americans starved.

But this was not an outcome of the free market. No, it was part of FDR's horrible plan to raise farm prices by restricting output."

Em The Rothbardian Critique of Consumer Sovereignty

Re: Mau, mau, Maria! (3)

"4. Por estranho que isso possa parecer, é possível ser liberal e não gostar da política de MFL."

Ser liberal (pelo menos "liberal da mais pura escola austríaca") significa não gostar de nenhuma política :)

Re (2): Socialista e Libertário

Confusos? E ainda não conhecem os austrian-libertarians, os property-rights-right-wing anarchists, utilitarian-austro-minarchists-classic-liberals, chicagonites-anarcho-capitalists, objectivists-libertarians, ...

Re: ACABOU O CATALAXIA

Vai deixar saudades precisamente pelo debate e discussão provocado. Existe algo que provavelmente supreendeu o panorama intelectual cá deste nosso burgo: como o movimento liberal é diverso, radical, sereno, generoso, idealista e pragmático, interessante, onde não existe qualquer pensamento único, a discussão é constante, viva, inteligente, culta.

Pessoalmente, fiquei curioso quanto à vontade não realizada de "...nomeadamente uma sobre os fundamentos etológicos da propriedade, que podem contribuir para uma compreensão cabal do que nos parece ser o mais importante direito fundamental a defender num Estado de Direito".

Costumo dizer que sou liberal porque acredito na direito à propriedade. E este é "o" direito que torna possível a civilização e o convívio pacífico entre indivíduos com diferentes objectivos, valores, filosofias, que exercem cada um o seu livre arbítrio, é a este direito e não ao "Estado de Direito" ou à "Democracia" que devemos o nosso progresso civilizacional.

Espero que ainda possa vir a escrever sobre o que talvez seja, o nosso único direito - uma vez que a propriedade sobre o nosso livre arbitrío também pode ser encarado como uma consequência desse direito.

Trágico e cómico

"Hilarious, Tragic, True", Posted by Christopher Manion at 06:33 PM

"As the neocon designs for a secular, decadent Iraqi government collapse, Iraq’s most important cleric insists that the new “democracy" be based on (horrors!) – direct elections!

The American missionaries of neocon democracy are shocked, SHOCKED! that the future Iraqi government might be governed by (shudder!) – the majority!"

Isto segundo o NYT:

"The nation's most powerful cleric, Grand Ayatollah Ali Sistani, made public today his opposition to a new American plan for indirect elections of an Iraqi government, dealing a possibly fatal blow to the United States initiative to turn power over more quickly to Iraqis."

Nota: pois, quem são de facto a maioria? Os Shiitas. Se a maioria quiser um estado proto-teocrático pro-Irão (ainda que não seja uma fatalidade porque os shiitas iraquianos são árabes e não persas como no Irão), o que vamos fazer, sorry, o que vai Bush e Blair fazer? Já sei, qualquer coisa como "como é bonito alguém poder escrever num país livre, onde as pessoas são obigadas a pagar impostos, para nós podermos levar a democracia a toda existência na terra and beyond"

Reflexões para os democratas jacobinos: "Woodrow W. Bush: Been There, Done That"

quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Extra, Extra: Ouro passa os 400 USD! Neste mesmo instante.

Ver em www.kitco.com

A batalha "true money" versus Bancos Centrais continua. O BdP terá vendido quase 20% das nossas reservas no final do ano passado e inicio deste ano, bem mais abaixo.

Assista aos próximos capítulos.

Ann Coulter Doll: o seu presente de natal

Push the button on the figure, and you'll hear such "Coulterisms" as:

"Liberals can't just come out and say they want to take more of our money, kill babies, and discriminate on the basis of race."

"At least when right-wingers rant, there's a point."

"Swing voters are more appropriately known as the 'idiot voters' because they have no set of philosophical principles. By the age of fourteen, you're either a Conservative or a Liberal if you have an IQ above a toaster."

"Why not go to war just for oil? We need oil. What do Hollywood celebrities imagine fuels their private jets? How do they think their cocaine is delivered to them?"

"Liberals hate America, they hate flag-wavers, they hate abortion opponents, they hate all religions except Islam, post 9/11. Even Islamic terrorists don't hate America like Liberals do. They don't have the energy. If they had that much energy, they'd have indoor plumbing by now."

E mais sobre Roosevelt , Yalta e os Soviéticos

Como disse alguém, a Guerra Fria começou em 1919, com o poder soviéticos instituído e a velha Europa monárquica destruída, substituída pela luta entre o comunismo e o fascismo (as grandes conquistas das repúblicas).

Roosevelt que com o New Deal, ultrapassa a constituição e eleva o poder do Estado Federal ao ponto de impor a social-democracia, é um dos grandes actores da confirmação do poder comunista no pós guerra. Um dos seus grandes conselheiros foi Harry Hopkins, que ainda hoje é referenciado nos melhores termos, para além do próprio Roosevelt, claro.

"Al Hunt, a liberal columnist for The Wall Street Journal, recently committed the outrage of the century in his final column for 1999. In that column, Hunt listed his choices of the 20th century's best American government officials and included Harry L. Hopkins, President Franklin D. Roosevelt’s closest adviser, as one of the best presidential aides of the century."

Mas o problema é que sabendo que terá sido:

"...Hopkins persuaded the ailing Roosevelt to go to Yalta, where the fate of Poland and other countries under Soviet occupation was sealed. Hopkins said the Russians had been "reasonable and farseeing." Robert Sherwood, a Roosevelt speechwriter, called Yalta "a monstrous fraud." Hopkins had been instrumental in our supplying, with no conditions, the arms that enabled Stalin to defeat the Germans. He helped seal their control of Eastern Europe, and he is suspected of having authorized shipments of uranium that helped them develop their A-bomb. "

Hoje sabe-se que Harry Hopkins era um espião soviético, existindo registos de que:

In his 1990 book "KGB: The Inside Story," Oleg Gordievsky, a high-level KGB defector, reported damning information about Hopkins he heard from Iskhak Akhmerov, an undercover spymaster who controlled the KGB’s "illegal" agents in the U.S. during World War II. He said that Akhmerov had described Harry Hopkins as "the most important of all Soviet wartime agents in the United States." He said that other KGB officers in the directorate in charge of illegals and the U.S. experts in the KGB’s code section, "all agreed that Hopkins had been an agent of major significance."

Ler em Harry Hopkins: Traitor, Not Hero e fazer um busca no google com "Harry Hopkins Soviet agent KGB".

Socialista e Libertário

Luis Nazaré da Causa Nossa confessa-se "socialista, ateu, benfiquista, liberal e libertário" - aqui.

Na minha humilde ignorância, pergunto a quem me queira esclarecer: é possível ser-se simultaneamente socialista e libertário ?

Re: Em defesa de Manuela Ferreira Leite

Concordo com AAA que, dentro da conjuntura, a política de Manuela Ferreira Leite é o menos mau que podemos ter. Também gostei das declarações do PM Durão Barroso, que disse que, com ou sem Pacto de Estabilidade, o rigor orçamental é um objectivo próprio do governo português.

Contraste-se isto com a opinião demagógica de Mário Soares hoje publicada, segundo a qual o voto português contra as sanções da Comissão ao eixo despesista franco-alemão evidenciam o despropósito da actuais opções financeiras do governo português. É verdade que eu não compreendo o voto de Portugal a favor dos governos francês e alemão (alguma "razão de Estado" que não atinjo, provavelmente...), mas é preciso ser-se completamente ignorante em matéria económica para se pensar que o orçamento poderia voltar ao estado em que o actual governo o encontrou (aliás, o próprio Soares sempre reconheceu a sua proverbial ignorância económica, facto que se tornou ainda mais preocupante quando o próprio veio dizer que as "explicações" televisivas da luminária Perez Metelo o tinham ajudado a perceber a mecânica da economia!).

Quanto ao futuro do Pacto de Estabilidade e do euro, o que está a acontecer é muito preocupante, mas absolutamente previsível. Tudo começou quando os Franceses, ainda antes da união monetária, já ousavam falar na necessidade de critérios "democráticos" que temperassem as directivas do B.C.E.; depois, há cerca de um ano, foi Prodi que disse que o Pacto era estúpido e que era necessário flexibilizá-lo. O que virá a seguir não pode surpreender ninguém que conheça a história dos bancos centrais... Porque conhecia bem essa história, em 1989 o Dr. Pedro Arroja, talvez a única voz que entre nós se ergueu com saber e critério contra a ideia da união monetária europeia, previu o que está a acontecer (e previu desfechos ainda mais preocupantes...); talvez seja a altura de o reler.

Direito à greve?

"The issue is whether the employer has the right to hire replacement workers and continue in production"

No ibergus, que referencia a Causa Liberal:

In The Union Problem, Rothbard writes:

"Pro-union apologists often insist that workers have a "right to strike." No one denies that. Few people--except for panicky instances where, for example, President Truman threatened to draft striking steel workers into the army and force them back into the factories--advocate forced labor. Everyone surely has the right to quit. But that's not the issue. The issue is whether the employer has the right to hire replacement workers and continue in production.
(...)
In addition to their habitual use of violence, the entire theory of labor unions is deeply flawed. Their view is that the worker somehow "owns" his job, and that therefore it should be illegal for an employer to bid permanent farewell to striking workers. The "ownership of jobs" is of course a clear violation of the property right of the employer to fire or not hire anyone he wants. No one has a "right to a job" in the future; one only has the right to be paid for work contracted and already performed. No one should have the "right" to have his hand in the pocket of his employer forever; that is not a "right" but a systematic theft of other people's property."

terça-feira, 25 de novembro de 2003

25 de Novembro e a consolidação da Democracia

Já tinha dado uma vista de olhos por alguns jornais diários, mas foi preciso uma visita ao Dicionário do Diabo para alguém me lembrar que hoje a "liberdade faz anos".

Concordo com o Pedro Mexia que não devemos esquecer a importancia esta data. No entanto, devo salientar que ele não foi totalmente rigoroso num ponto: não é em 1976 que Portugal se torna, enfim, uma Democracia. Para sermos rigorosos temos que reconhecer que a Democracia só existe em Portugal, na realidade, a partir de 1982, com a extinção do Conselho da Revolução.

Re: Mystic River

Amen to that...!

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

Artigo do Prof. Mário Pinto no Público

É hoje publicado no Público um artigo do Professor Mário Pinto, intitulado "A tempo e a contratempo", que fala da crise nacional e que deve ser lido - aqui.

O professor queixa-se que "os think-thanks simplesmente não existem". Será que ele conhece a Causa Liberal ?
:)

"Mais sentido de Estado, menos governo"

O Professor José Manuel Moreira assina hoje um artigo de opinião no Jornal de Negócios, também disponível aqui.

O artigo é muito bom, e deve ser lido na sua totalidade. Transcrevo para aqui algumas partes:
"Seria interessante investigar de que modo, a economia de interesses corporativos tem vindo a minar a saúde do Estado e da economia de mercado".
(...)
"Descobrir qual a percentagem das despesas do governo que consiste simplesmente em transferir rendimento dos politicamente desfavorecidos para os politicamente favorecidos é outra linha de investigação. Esta mais para académicos preocupados com o bom uso dos impostos que alguns pagam. Qual a percentagem da despesa que vai para indivíduos de baixo rendimento e qual a que vai para membros dos grupos que estão politicamente mais bem organizados? As movimentações no sector da saúde e da educação são um bom barómetro da (in)consciência de que dão mostras todos quantos se sentem acossados pela perda de privilégios garantidos pelo orçamento".
(...)
"É tempo de apostar na riqueza do jogo limpo em vez de se lutar só por resultados, e de perceber que a melhor forma de garantir uma Sociedade de Bem-estar é sujeitar o Estado de Bem-estar à prestação de contas, a uma permanente avaliação da sua necessidade".
(...)
"É tempo de comparar as imperfeições das soluções do mercado com as imperfeições das soluções do Governo, de modo a perceber quanto estas estão dependentes de uma burocracia que tem fracos incentivos para servir os consumidores, por isso tende a ser ineficiente."

O mais surpreendente é que o Professor Moreira acaba com uma frase que assustará decerto alguns liberais:
"Precisamos de mais sentido de Estado e de uma Administração Pública legitimada pela isenção e imparcialidade. De mais Estado e de menos Governo. O Estado quase desapareceu. O que temos tido é uma história cheia de muito (des)governo."

Mas uma leitura do artigo inteiro mostra bem que o que o professor defende não é nada parecido com mais Estado. Muito pelo contrário.


sexta-feira, 21 de novembro de 2003

As últimas sobre David Frum

Sobre o canadiano neocon pró-aborto que chama "unpatriotic" a americanos (desde sempre) conservadores pela "republic, not an empire":

"My sources at National Review – oh yes, we have our spies! – tell me that David Frum, chief enforcer of neocon orthodoxy, is on his way out as an editor of the magazine. Commissar Frum's overwrought excoriation of antiwar conservatives and libertarians – including Robert Novak, Pat Buchanan, Chronicles editor Tom Fleming, and Lew Rockwell, as well as myself – did not go over well with many on the Right, even among those who supported the war. If he, in turn, is being purged – due, no doubt, to some intra-neocon dispute – one can only note, with a certain amount of unconcealed satisfaction, that he who lives by the purge shall perish by the purge."

Re: Estratégia Contraproducente?

Intermitente

"O seu objectivo ultimo é a implantação de estados teocráticos, anti-liberais e anti-modernos."

Pode ser ou pode não ser. A cultura do Islão reconhece a propriedade privada, a cultura do comércio é ancestral, é temente a Deus e pune exemplarmente os criminosos. Se não cabem nos nossos padrões, isso não deve constituir motivo para irmos para lá. Se têm problemas e as mulheres não são livres (eles dizem que no Ocidente são livres para a pornografia, aborto e prostituição), ou têm tiranos ou monarquias e principados absolutos, devem ser os próprios a resolver os seus próprios problemas.

"Qualquer ser humano é um alvo potencial ou no mínimo uma baixa colateral cuja importância é infima perante um plano maior.

Qualquer desvio às suas crenças é uma heresia punível com a morte."

È bem verdade. Mas podemos nós olhar para nós mesmos? O desejo de fazer da democracia e levar os "nossos valores" aos outros, algo a ser imposto já e agora, à custa de milhares de vidas - baixas colaterais - bem mais do que o somatório de todos os atentados, não é exactamente o mesmo?

E a isso devemos juntar, as "unintended consequences" das acções tomadas, como por exemplo, o terrorismo antes inexistente no Iraque, a oportunidade de um campo de batalha e uma causa (a luta contra a ocupação) que pode atrair até moderados, etc.

Não, não chega ter boas intenções e a certeza (eu prefiro ter dúvidas) de que somos portadores da "boa nova", do "fim da história".

Re: AS JUNTAS DE FREGUESIA URBANAS

Uma análise do papel das JF no A Democracia Liberal

Quanto a mim, no necessário processo de descentralização, as JF devem assumir o papel de gestão do espaço imobiliário local.

Se as Câmaras Municipais, e a sua gestão, já fogem um pouco à lógica política, e aos poucos, assumem já o seu papel de realismo não ideológico politico, que começa, em minha opinião, já a mostrar os seus frutos, devem as JF assumir um carácter total de centros de boa gestão imobiliária.

Hoje assistimos já a empreendimentos de razoável dimensão, de condomínio fechado em terrenos extensos, onde essa gestão inclui o estabelecimentos de normas, de colectar receitas e fazer orçamentos, de cuidar da segurança, limpeza e boas regras de convívio. È isso, que deve ser atribuído às JF, na medida em que estas manifestem essa vontade.

Muitos gostam de falar de sistemas de "check and balances" nas democracias liberais. Ora a descentralização é um deles, e no caso das JF, estas deviam escapar à lógica política, como forma de equilibrar o sistema.

A minha proposta é que as JF possam assumir o carácter de prestador de serviços, legitimada por uma Assembleia de Proprietários, a que se atribuem votos proporcionais à sua quota, tal como nos condomínios, e onde é decida também a forma de arranjar receitas.

Assim, passe a JF a poder cuidar, contratar, da segurança, do bom estado da propriedade comum - ruas, estradas, espaços públicos, etc., para o qual as despesas são cobertas por taxas, mas também pela rentabilização do seu espaço - pelo estacionamento, por portagens (à boa maneira da Idade Média e das Cidades-Estado). Por exemplo, no litoral, as JF com este estatuto, devem poder gerir as praias e os seus acessos, tentando rentabilizar como entenderem, esse património.

Não é algo que deva ser imposto às CM e JF, mas deve, ser dada a possibilidade de, cumpridos determinados requisitos, incluindo o consenso alargado local (por referendo ou não), poderem as JF reivindicar esse estatuto.

quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Re: FDR Revisited, via Intermitente

Uma chamada de atenção a "Uma crítica ao New Deal de Roosvelt na NRO. " por Jim Powell is a senior fellow at the Cato Institute and the author of FDR's Folly.

Menos comum é a crítica pela forma como a sua "aliança" com Estaline sob o olhar condescendente de Churchill levou à vitória do comunismo na Europa e China. Neste último caso, ao fazer questão na provocação ao Japão (corte e bloqueio de fornecimento de petróleo) e em conseguir uma vitória total, incluindo a sua retirada da Manchúria, permitiu, tal como na Europa, ao avanço sem oposição séria do comunismo por aquelas bandas.

Re: Dívida Pública

"Apesar do "Pacto de Estabilidade", o Governo continua a emitir dívida pública, através de um instituto chamado "de Gestão do Crédito Público" (em inglês, Portuguese Government Debt Agency...)"

A dívida pública é o que permite que existam deficits orçamentais recorrentes nos Estados modernos.

Como é que ela é tão fácil de colocar? Porque os Bancos Centrais financiam os Bancos na sua compra e eles mesmo são compradores.

Para todos os efeitos, os deficits têm como consequência o aumento contínuo da dívida pública, o que só é possível através do crescimento da massa monetária que resulta dos B.C. recorrerem à sua máquina de fotocópias de notas para adquirir parte dessa dívida pública.

A UE é o único exemplo em que o mesmo BC compra dívida pública de vários Estados-Nação, através da emissão (fotocópias) de novos Euros.

Tudo bem enquanto funcionar. Quando não funcionar, um determinado país só tem a beneficiar enquanto emite muita dívida pública suportada pela emissão de Euros enquanto os outros se portam bem. Resultado previsível a prazo?

Algures no futuro o BCE vai ter poderes para recusar (e até por boas razões) a compra de quantidades adicionais de dívida pública de um determinado Estado. Porque a alternativa é os outros países suportarem, através da partilha da mesma moeda, os custos - num efeito de socialização do mau comportamento.

Neste instante, o Castelo construído poderá ruir. Só mesmo o estrito cumprimento de deficits máximos por todas as partes poderá impedir tal evento, ou talvez apenas adiá-lo.

Sobre a recuperação do Japão e Alemanha no pós-Guerra

Num artigo de John T. Kennedy intitulado "Stop Rebuilding Iraq" no "No Treason":

Following the Second World War, West Germany, Hong Kong, and Japan were in worse shape than Iraq is today. Unlike the recent war in Iraq, cities in these nations were nearly leveled. Indiscriminate bombing by the United States, Royal, and Soviet air forces left these nations in ruin. These nations had very little in the way of natural resources to sell to begin with, and the war devastated much of what had been built.
...
West Germany rebuilt itself in a similar fashion. Marshall Plan aid consisted of only a tiny percentage of German GDP. Also, the money that West Germany paid in reparations offset Marshall Plan aid. West Germany received military defense from the U.S. and England, but paid substantial fees for this service. The German Economic Miracle began with a radical program of privatization and deregulation, beginning in 1948. This ended the regulatory controls and elaborate tax system imposed by Hitler and his National Socialists.

Foreign aid had, at best, minimal influence on the West German revival. A free and nondemocratic Germany experienced a strong recovery. If there was anything wrong with the German approach, it is that it allowed for future extensions by the government into private markets.

PS: suspeito que, nos dias que correm, muitos nunca irão percerber como é possivel que "A free and nondemocratic Germany experienced a strong recovery".

James Madison, Peace and War

"Of all the enemies to public liberty war, is, perhaps, the most to be dreaded . . ."

Political Observations, April 20, 1795, (Madison, IV, page 491)

"Perhaps it is a universal truth that the loss of liberty at home is to be charged against provisions against danger, real or pretended from abroad."

Letter to Thomas Jefferson, May 13, 1798, (Madison, II, page 141)

E como extra:

"A silly reason from a wise man is never the true one."

Letter to Richard Rush, June 27, 1817 (Madison, 1865, III, page 44)

Nunca nos vamos entender?

O atentado na Turquia diz-nos o quê?

Uns, a prova de que tudo é preciso, incluindo mudar regimes "abroad" e "exportar" a democracia, suportando o que for preciso "at home", incluindo perdas de direitos civis e custos financeiros e em vidas, para implementar a estratégia certa para acabar com o terrorismo.

Outros, de que, para combater e conter o terrorismo, é preciso não misturar idealismos morais intervencionistas com conflitos territoriais e actos terroristas de grupos fanáticos com regimes, com o custo de disseminar o que antes estava mais localizado.

Os primeiros evocam as alianças e os acontecimentos da Grande Guerra e Segunda Grande Guerra como exemplo de necessidade de prevenir e agir.

Os segundos, evocam as alianças (por exemplo, da Russia e França) da Grande Guerra e acto preventivo da Aústria no combate ao terrorismo da Sérvia, como a causa do desencadear da lógica da guerra total agravada pelo idealismo de Woodrow Wilson que conduz ao desabar do equilibrio civilizacional europeu e das sua colónias no resto do mundo, que nos leva à Segunda Grande Guerra e a "unintended consequence" da vitória do bloco comunista um pouco por todo o mundo.

Uns, de que prevenir activamente é legítimo (no direito criminal não o é) e contém ameaças futuras.

Os outros de que prevenir activamente pode desencadear acontecimentos até ao ponto de se perder o controlo do que se queria prevenir ou confrontar-se com outros inesperados.

Pessoalmente, e como Liberal, quantas mais acções se propõe o Estado a tomar que não caibam no mal menor de intervir para defender a soberania territorial, conduzem, independentemente das intenções, a erros de julgamento, de aplicação, de ineficácia, a "unintended consequences", de ficar refém a intrigas de grupos de pressão internos e externos, que tendem a ser corrigidos por ainda um maior nivel de intervencionismo até...

E como nota final: acreditam mesmo que se o extremismo fundamentalista ou mesmo apenas os descontentes moderados, no Médio Oriente, Egipto, Turquia, Afeganistão, etc, continuar a subir, que nessas nações se resolverá o seu crescente problema de estabilidade e segurança interna com democracia e direitos civis "ocidentais" impostos à pressa e por ingerência externa?

Não há dúvida que Woodrow Wilson parece ter regressado para mais um desastre civilizacional algures num futuro próximo.

Constituição Americana e Declaração de Guerra

Article I Section 8.

The Congress shall have power to...To declare war, grant letters of marque and reprisal, and make rules concerning captures on land and water.

Desde a WWII que nenhuma acção militar resultou de uma declaração de guerra do Congresso, incluindo a Coreia, Viename, Golfo I e II.

Como curiosidade o poder de "grant letters of marque and reprisal" é a capacidade do Congresso contratar entidades privadas para perseguir criminosos ou mesmo fazer actos de guerra, e foi por isso mesmo que o Congressista Ron Paul a seguir ao 11/9 fez a proposta de contratar a perseguição de Bin Laden e a AlQaeda. Teria sido imensamente mais barato financeiramente, com muito menos mortes colaterais (já vão em quantas, mais de 10 000?), muitas menos "unintended consequences" e provávelmente muito mais eficaz.

Manuel Monteiro, soberanias e taxa única

No Expresso desta semana pude constatar um frase feliz que terá sido proferida por Manuel Monteiro:

"A nossa soberania é o somátório das soberanias individuais"

Em "A Democracia Liberal" defende o imposto sobre rendimento com taxa única.

A taxa única permite manter a progressividade nos rendimentos mais baixos (ao isentar de imposto até um determinado rendimento) e eliminar a lógica de desicentivar os mais produtivos, pelo efeito de aumentar a taxa marginal em escalões superiores.

Eu diria que no discurso político se diria que se mantém a progressividade onde ela interessa (nos rendimentos mais baixos) ao mesmo tempo que restaura o princípio de eficiência e igualdade perante a lei, nos escalões superiores.

A minha própria proposta vai no sentido de simultaneamente de tornar a taxa única simultânea também em sede de IVA e IRC. Desta forma, as diferentes propostas pólíticas podiam disputar se propóem um IRS+IVA+IRC de 20%, ou um IRS+IVA+IRC de 15% e etc.

Tornaria bastante mais clara as opções de fiscalidade, podendo estas diferenciar-se por exemplo, nos níveis de isenção.

Re: A posição do Bastonário

Acho que era bem aproveitada a oportunidade para acabar com o monopólio das Ordens, permitindo no mínimo, que outras Ordens, cumpridos alguns requisitos, possam ser formadas pelos médicos.

Do ponto de vista do consumidor, este só teria de se informar a qual das Ordens pretence o seu prestador de serviço. Desta forma, e em concorrência, as Ordens teriam de se bater pelo seus standards de qualidade e ética.

Afinal, vivemos numa sociedade livre ou não?

quarta-feira, 19 de novembro de 2003

Bush em Londres

The failure of democracy in Iraq would throw its people back into misery and turn that country over to terrorists who wish to destroy us

A "falha de democracia" e "voltar à miséria" não são necessáriamente fatalidades. A possibilidade de terroristas tomarem conta do Iraque só existe por causa da destruição do regime.

"In a friendly jab at France, Bush noted how a 14-point plan for peace that President Woodrow Wilson took to Britain in 1918 was met with skepticism by the prime minister of France, who complained then that even God himself “only had 10 commandments.”

Tendo em conta que Woodrow Wilson proclamava, entre muitos pontos, o direito à auto-determinação dos povos, numa Europa que estava em ruinas...depois, o próprio Congresso Americano rejeitou quer o Tratado de Versailles quer a Liga das Nações.

O problema dos Kurdos e em geral, de todo o médio oriente vem precisamente das cinzas da sua gloriosa "guerra para acabar com todas as guerras", incluindo o desenho do Iraque (com sunis, shiitas, kurdos e turcomanos artificialmente a fazerem parte do mesmo estado-nação) e onde "desenharam" um Koweit independente - desde sempre reivindicado pelo Estado Iraquiano (não é que concorde ou que sirva de desculpa para a invasão em 91, por mim e por principio geral, se onde existe um Estado, passar a existirem 2 ou 3, é sempre positivo).

"Bush invoked Europe’s history of appeasement of dictators, reminding his audience of the critical work the Allies did to set postwar Germany on the path to democracy"

Lembrando-nos nós dos ditadores que já foram apoiados pela politica externa americana (e onde - voltando ao ponto anterior - alguns até conheceram o crescimento económico acelerado), sempre é preciso lembrar que Hitler participou em eleições na Alemanha, e diga-se até, que a grande recuperação económica da Alemanha no pós-2ªGuerra, aconteceu essencialmente no periodo de tempo que decorreu até novamente passarem a ter democracia, onde foi notada a influência do economista da escola austriaca Wilhelm Röpke.

E depois, nem mesmo no Japão é absolutamente verdade que só conheceram a democracia apenas no pós-2ª Grande Guerra.

Sobre: Wilhelm Röpke (1899-1966): Humane Economist

Through the Society, Röpke was able to meet with and influence the thinking of Ludwig Erhard, economic minister and Chancellor of West Germany. Erhard later revealed that during World War II he was able to illegally obtain Röpke's books, which he "devoured like the desert the life-giving water." The product of Röpke's influence on Erhard has been tagged the post-WW II "German Economic Miracle," although Röpke pointed out that the economic success experienced by West Germany was not a miracle at all; it was the result of adopting correct social and legal institutions fostering the market economy. Looking back at the West German economic policies of the 1950s, he lamented that free market reforms had not gone far enough.

Também muito actual a sua opinião de que:

"A supernational or multinational government is not likely to embrace the liberal ideal because a political regime insulates itself from the people it rules. It grows increasingly oppressive and corrupt, raising up welfare states and trampling on private property. For this reason, the centralization of decision-making power is incompatible with free market economies. As the alternative, Röpke embraced the 19th century "universalist-liberal" solution to the problem of an international order: vibrant commerce between politically autonomous small states. In order to allow for international trade to take place, a truly international monetary system is necessary. Instead of a world-wide currency, national currencies backed by a non-political gold standard should serve as the arbiter of exchange."

E já que temos estado a falar sobre democracia, europa e federalismo:

"The decentralization of the political process, Röpke argued, is incompatible with mass democracy. Under democracy, politicians are prone to be swayed by masses of privately interested voters, so that the economic system degenerates into a spoils system where the victors are the mass that can muster 51 per cent of the vote. Such a system only serves to bring about and legitimize centralized power. The only legitimate government is a government by rulers that are widely recognized as competent and socially beneficial. If the political system is decentralized, those that are the most capable and are recognized as possessing the most integrity would be those who the various locales would allow to rule for any length of time. "

Dollar Trades Near Record Low Versus Euro

Nov. 19 (Bloomberg) -- The dollar traded near a record low against the euro in Asia after net foreign purchases of U.S. securities slumped to the least in five years.

A drop in the amount of securities bought by international investors makes it harder for the U.S. to finance its current- account deficit, the broadest measure of trade and investment. The dollar also declined after the U.S., which has a record trade deficit with China, said it will limit some Chinese imports.

Noticias do dia

China renews Taiwan threat of war: For the first time since 2000, Beijing has threatened to use force against Taiwan should the island's pro-independence movement continue to escalate.

Comentário carregado de ironia: alguém quer proclamar uma guerrazinha preventiva com a China? Porque estes não querem ver a legitimização do separatismo de Taiwain? Ou talvez para levar a democracia a mais 1 bilião de pessoas (descontando talvez uns 20% resultante do uso de WMD em tal conflito): seria uma grande "liberation". Um coisa é certa: enquanto o Ocidente se diverte a afundar-se por causa de uns miseros km2 de pó e areia no Médio Oriente e arredores, a China levanta-se.

Gold soars above $400: Spot gold has broken above $400 an ounce for the first time since March 1996 on a weakening U.S. dollar and global security worries.

E sem ironia: O melhor termometro sobre o estado de saúde do planeta continua a mostrar o caminho que levamos.

"The beastly British", Roger Scruton no The Spectator

In peddling royal scandals, says Roger Scruton, newspapers are appealing to the depraved imagination of the public. We are guilty of collective treason.

Should we blame the butler? The tittle-tattlers of the royal household? The newspaper editors, the BBC, the general public? The cultural climate, British hypocrisy, the decadence of modern society, the Internet, the Decline of the West? Or should we blame the Prince, for something we know not what? These questions, which have filled the air during a week of futile hysteria are exactly the questions that should not be asked. There is a simple response to factitious scandals like the one that we have been living through, which is that it is none of your business.

If the rumour is false, then you should not be interested. If it is true, then you should be interested even less. The wrongdoing, for proof of which you search the newspaper and the Google-box, is yours.

Paleo Conservative: Paul Craig Roberts

"In the case of the US invasion of Iraq, all checks and balances failed. The government failed, the media failed, the experts failed, and the UN and US allies failed. This universal failure made possible an act of imbecility that every informed person (a small part of the population) recognizes as a strategic blunder.

Nothing positive has been achieved by invading Iraq. A fortune has been wasted, thousands of people have been killed and injured, a government destroyed and a country laid waste and left ripe for civil war, terrorism encouraged, credibility and good will squandered.

Can Americans disconnect from neocon propaganda and smell the truth? Or have Americans succumbed to propaganda’s reassuring embrace, secure in delusions that motives are pure, virtue is untarnished and successes certain?"

Paul Craig Roberts is John M. Olin Fellow at the Institute for Political Economy, Senior Research Fellow at the Hoover Institution, Stanford University, and Research Fellow at the Independent Institute. He is a former associate editor of the Wall Street Journal and a former assistant secretary of the U.S. Treasury. He is the co-author of "The Tyranny of Good Intentions".

Re: Pedro Lomba

Pacifismo e inconstância argumentativa

O pacifismo tem mau nome por causa de uma certa esquerda, mas eu, não sendo pacifista, reconheço como válido muito do seu raciocínio (não irei aqui desenvolver o tema, talvez mais tarde). O genuíno pacifismo vem de Leo Tolstoi e de outros autores no início do século que pressentiram o caminho que os Impérios Europeus estavam a traçar e que acabou no desastre da Grande Guerra - e não tiveram razão?

O pacifismo oportunista veio da Guerra Fria que procurava justificar o "império do mal". Hoje, no entanto, também existe o guerreiro oportunista que tudo vê justificado para a construção à la Napoleão do "império do bem".

Entre todos, o bom senso está na prudência conservadora quanto a por outros motivos que não o estrito interesse nacional e em empenhar as suas forças militares a não ser em caso de objectivos claros, a aversão a impulsos ideológicos e a tomar parte em conflitos locais de difícil resolução, aliado à compreensão que a maior força de paz entre culturas é um efectivo (e desregulamentado) comércio livre, e o instinto cristão de que a violência gera violência e portanto só deve ter lugar numa leitura rigorosa de "Guerra Justa".

Ora, uma coisa é clara, nada disso foi tido em conta e em algo Pedro Lomba tem razão: esta política internacional é efectivamente uma politica de esquerda de típica "inconstância argumentativa" - e talvez por isso mesmo, já se tenham ouvido ecos desaprovadores de Margaret Tatcher e até preocupações realistas de Donald Rumsfeld.

A batalha ideológica com os neocons está a aquecer e Bush para já, está refém destes e se estes pressentirem alguma reviravolta nas expectativas para as presidenciais, vão poder observar como rapidamente estes escolhem outro veiculo à esquerda para implementarem a sua politica de "império da liberdade", não fossem Woodrow Wilson e Roosevelt parte das suas grandes referências - dois esquerdistas progressistas que introduziram a social democracia nos US e aumentaram para além da sua Constituição, o poder executivo do Estado Federal, e que foram mais do que meros participantes arrastados pelos acontecimentos de duas guerras mundiais que destruiram o legado civilizacional europeu que dominava culturalmente o mundo substituido pelo poder comunista soviético e chinês por mais 50 anos e o crescimento do big state social-democrata no resto do mundo.

Guerra e Estatismo andam sempre de mãos dadas e são sempre consequência uma da outra.

terça-feira, 18 de novembro de 2003

O Böhm-Bawerk que me perdoe...

Já fui informado pelo Mises: "Your score is: 98 out of 100". "Falhei" na pergunta 3, sobre a taxa de juro, escolhendo a resposta dos boys do tio Milton - acho que foi o facto da resposta austríaca estar cheia de números que me induziu em "erro", o que também pode querer dizer que não li o teste lá muito bem... (e isso é perfeitamente natural em pessoas que até chegam a achar determinadas coisas "entediantes"...).

Re: Arquitectura por decreto?

Diga-se que o menos errado que podem reivindicar é terem "direito" ao mesmo proteccionismo que gozam os médicos, advogados, engenheiros, etc.

Mas um erro não se corrige com outro erro. Acabem com o monopólio e privilégio imposto das várias Ordens profissionais e ainda mais quando estas assumem um carácter regulador, sanção, etc, sobre todo um sector. Auto-regulação sim, mas não monopolista por decreto.

Umas das origens da revolução liberal foi o corporativismo profissional que impedia o livre contrato.

Quem quer qualidade nos serviços, informa-se. Se ainda por cima proíbem a actividade de publicidade a essas profissões, agravam ainda mais o problema.

Nota: no caso dos advogados, a impossibilidade de contratação por percentagem ainda afasta mais os carenciados do acesso ao serviço de justiça.

O Muro

Tendo já escrito que Estados terceiros não devem intrometer-se na decisão de construção de um muro defensivo por parte de Israel, deve no entanto notar-se a fundamentação por Teresa Gouveia:

"Exprimi a enorme preocupação sobre o chamado muro de segurança porque, não respeitando a linha verde estabelecida em 1967, pode, juntamente com os colonatos judeus, constituir um entrave irreversível para aquilo que é o objectivo de dois Estados conviverem lado a lado".

O objectivo deve ser a contenção territorial pelo Estado de Israel e deixar aos palestinianos o ónus de se o quererem, e forem capazes, de formarem um Estado. Mas essa contenção e o muro, ressalvando as criticas de Teresa Gouveia, podem fazer muito pela pacificação do conflito. Talvez não seja necessário sequer um Estado Palestiniano, muito menos financiado pela UE ou EUA.

Re: O proteccionismo de Pat Buchanan

Na verdade, é igual ao de Bush...

Contra o proteccionismo, temos o bom Bastiat e a sua sátira sobre a Balança Comercial (adequada a todos os economistas pela estatística nacional):

"A French merchant shipped $50,000 worth of goods to New Orleans and sold them for a profit of $17,000. He invested the entire $67,000 in United States cotton and brought it back to France. Thus the customshouse record showed that the French nation had imported more than it exported -- an unfavorable balance of trade. Very bad."

"At a later date, the merchant decided to repeat that personally profitable transaction. But just outside the harbor, his ship was sunk by a storm. Thus the customhouse record showed that the French nation had exported more products than it had imported -- a favorable balance of trade. Very good. And in addition, more jobs were thereby created for the shipbuilders."

"But since storms at sea are undpendable, perhaps the safest government policy would be to record the exports at the customhouse and then throw the goods into the ocean. In that way, the nation could guarantee to itself the profit that results from a favorable balance of trade."

--Complete Works of Bastiat, vol. 5, pp. 363-368.

Re: Protests begin but majority backs Bush visit as support for war surges

Uma vez que a pergunta parece ter sido se "agree with the idea that America is the "evil empire" in the world. ", o resultado é apenas o esperado, porque o que podemos para já afirmar é que, o seu idealismo (o da actual corte intelectual que motiva a actual estratégia) de exportação de valores e sistemas, misturado com alegações de legitima defesa, é bem intencionado (às vezes tenho dúvidas, porque pelo caminho as mortes de uns quantos parecem ser tragédias imensas, as mortes de muitos apenas desafortunados colateral damages).

Nota: Aliás, em termos históricos todos os impérios tiveram as suas boas razões e até qualidades. A melhor qualidades de todas é que eram territoriais-comerciais e pelo exclusivo interesse "nacional", e não ideológicamente jacobinos (e libertação das massas) ao mesmo tempo que responde a anseios estratégicos de terceiros envolvidos em conflitos locais.

Creio que portanto, a pergunta está feita para o resultado obtido e nada mais. No fundo, todos temos esperança que a América, mais tarde ou mais cedo, e como sempre, saiba reconhecer que "enough is enough". Donald Rumsfeld, (felizmente, pouco dado a ideologias) assim parece dar sinais, e por isso mesmo, já está sobre o escrutinio da Kristol, Kagan & Co.
Se me é permitido especular, começa-se já a observar sinais de que os Democratas apoiam a continuação da lógica neocon e uma parte dos Republicanos a reconhecer o realismo dos custos morais e financeiros.

Talvez, para supresa apenas de alguns, possamos vir a reassistir ao tradicional bom convívio dos Neocons com os Democratas pelo intervencionismo moral e humanitário. Afinal, foi de lá que vieram.

Mises Quiz update (6)

"Are You an Austrian?"

"Your score is: 100 out of 100."

Hoje, o dia começou bem para mim :)

segunda-feira, 17 de novembro de 2003

Que tal ir ver se chove, cavalheiro?

O Cataláxia não deveria misturar fotografias suas (ainda que favorecidas...) com retratos de reis de Portugal. Agora a sério, a sua falta de respeito mínimo por uma figura como D. Pedro IV provoca-me um profundo nojo, pelo que é melhor realmente acabar com esta já entediante troca de disparates.

Ai Cataláxia, Cataláxia...

Volta tudo ao princípio se por "o rapaz que está ao lado" se refere o Cataláxia ao rei D. Pedro IV, de boa memória...

Cataláxia: também acho que já chega...

Admito só ter dito generalidades, até porque julgava que o que penso sobre "regimes mistos" (ou poliarquia) era conhecido e me poupava aos aspectos mais "técnicos"; erro meu pensar que alguém leia os textos sobre neocartismo que já citei... Admito também não ter fundamentado nada (estou cheio de trabalho e sou realmente um pouco estúpido), mas continuo pouco convencido da validade do argumento segundo o qual estou errado por estar "fora de época"... Se eu tenho tendência para distinções platónicas que se avizinham do socialismo (segundo Popper, esse grande intérprete de Platão), o Cataláxia tem uma tendência não menos socializante para se servir da "inevitabilidade histórica" para defender o que está. Que isso é mais cómodo e "realista", não sou eu quem o vai negar... Terminemos, pois, por aqui, mas só com um pedido da minha parte: que o Cataláxia retire a brincadeira ofensiva de sugerir que sou um nostálgico do senhor D. Miguel. Um liberal cartista pode aguentar muitas brincadeiras de mau gosto, mas não deste quilate!

Ainda o Cataláxia e os regimes mistos

O Cataláxia mostra-se escandalizado com o facto de haver liberais que admitam outras fontes de legitimidade política que não a das urnas. Trata-se de um liberal peculiar por quanto não conheço qualquer grande liberal clássico que considere a forma de representação democrática a única legítima no quadro de uma ordem liberal.

O Cataláxia continua a ignorar a tradição jurídica e política da qual emergiu o liberalismo e prefere fazer uma entediante digressão descritiva sobre os tipos de regimes democráticos contemporâneos (servindo-se do apoio "teórico" de... Duverger!). Please! O único argumento que tem para descredibilizar o pouco amor e mesmo a desconfiança que o liberalismo tradicionalmente nutriu pela democracia é o da suposta falta de "actualidade" das premissas da reflexão dos liberais que nos antecederam.

O Cataláxia pode ser mais um proponente da síntese entre liberalismo e democratismo, mas encontrará sempre pela frente liberais como eu que querem preservar a tradição liberal em estado puro. Como já disse anteriormente, isto não implica rejeitar a democracia, mas apenas a sua pretensão a ser a única detentora de legitimidade política sob o Céu.

Quanto à história do liberalismo português, pratica o Cataláxia a mesma simplificação que julga conveniente à sua elegia da democracia pura: nega a evidência de que o cartismo (e homens como Herculano) tivessem defendido realmente um regime misto, isto é, em que o elemento democrático fosse apenas um entre outros. Que a ideologia democrática pura se impôs entre nós, no século XIX, ao modelo constitucional consagrado na Carta, eu não tenho dúvidas; outra coisa é dizer que os homens que se bateram pela Carta não pugnavam realmente por um regime misto...

É que eu não gostaria de ser obrigado a cometer a indelicadeza de convidar o Cataláxia a ler, por exemplo, Herculano ou a Carta Constitucional...

PS: e o governo mínimo

E para quem gosta de teorizar em abstracto sobre o "estado mínimo":

1. Nunca o "estado minimo" poderá ser obtido em sufrágio universal. Pelo menos, nunca num território alargado. Talvez, quanto muito, seja possível em territorios muito pequenos, numa comunidade homogénea (com os mesmos valores liberais). E para isso , só com a Secessão. Por isso, a democracia deve prever métodos de "Secessão" pacíficos.

2. E depois, se é "estado mínimo" tanto faz que seja de monarquia absoluta, mista, como democracia, porque precisamente é "minimo" e o método de escolha torna-se irrelevante.

3. Se a questão passa a ser, qual a forma mais segura de se manter como "mínimo", eu diria, que o sufrágio universal é capaz de ser precisamente o menos estável.

4. O método mais seguro, seria a de um território condomínio, onde as assembleias gerais constituintes e ordinárias são constituidas pelos proprietários, na proporção da sua quota.

5. O método monárquico faz equivaler o monarca ao proprietário do condomínio, com interesse na sua preservação e valorização, manutenção de segurança e estabilidade das leis para atrair um espaço atraente aos negócios e bons "condóminos".

Ainda Democracia, Monarquia e Natural Order

"Legitimidade democrática" é uma expressão estranha para um liberal, porque a democracia não é uma associação voluntária de indivíduos. E é por isso que a "legitimidade democrática" resultou em social democracia. Comparar o intervencionismo actual vindo do do poder que deriva da "legitimidade democrática" com o das monarquias pré- Grande Guerra facilmente nos conduz à conclusão que algo não bate certo.

É certo que discutimos males menores, porque o único sistema social aceitável é aquele que se baseia em contratos e relações de direitos de propriedade e onde não se vislumbra a legitimidade de qualquer forma de governo coercivo (monopólio imposto da função de segurança, de tribunais, etc), incluindo o que pretende legitimar pelo voto igualitário uma forma de representação com poder para legislar, redistribuir, etc.

Podemos designá-lo como de "natural order". No sector privado, democracia são as Assembleias de accionistas onde não existe um homem um voto e tudo é extremamente legítimo, eficiente e pacífico. No início da democracia, implementada pelas monarquias, votava quem tinha propriedade, só depois se foi alargando o conceito às massas. E à medida que nos aproximamos do modelo actual do sufrágio universal foi emergente a social-democracia que hoje se quer globalizar politicamente (não falo portanto da globalização económica a que desejavelmente deve corresponder a comércio livre não regulado).

Quando se fala de monarquia não se deve pensar apenas na questão de método de escolha de governantes e sistemas de equilíbrio. O que legitimava a estrutura monárquica era a propriedade, a forma mais natural de legitimidade. A monarquia assentava numa estrutura descentralizada de poder que vinha dos nobres locais como proprietários. Claro que pelo caminho, existiram processos de centralização e de usurpação de poderes que induziram a conflitos e revoluções.

Mas o processo histórico de transição para o sufrágio universal equivale um pouco, à submissão dos proprietários à vontade da maioria não proprietária, submissão essa levada até ao aceitar da expropriação (ou extorsão) pura e simples. Claro que é por isso que os liberais tentam, sem sucesso creio, tornar compatível o respeito pela propriedade e o sufrágio universal.

O problema irresolúvel pode ser facilmente visualizado com o de uma empresa e a sua Assembleia de Accionistas. A democratização de uma empresa equivale à assembleia dos proprietários ser substituída por um processo de "legitimidade" pelo “sufrágio universal”, onde se estabelece referendos universais para escolher o Presidente da empresas, mudar estatutos, etc., onde igualitariamente, todos os trabalhadores passavam a votar- seria um homem um voto.

O irresolúvel é querer um sistema onde os trabalhadores votem mas a empresa continue a funcionar bem e sem violação dos direitos de propriedade dos accionistas. É este o dilema e que aplicado ao super condomínio que corresponde cada Estado Nação só pode resultar em social-democracia onde a maioria dos "have not" irão querer beneficiar da riqueza produzida e património acumulado dos outros e adicionalmente legislar sobre tudo e nada.

E depois o outro problema é que o sufrágio universal é "o" método, este deve ser aplicado em que espaço geográfico? O sufrágio universal e compativel com o direito de secessão (processo pelo qual uma minoria deseja ficar independente do resultado de um sufrágio universal maior)?

Por último, para refutar no Cataláxia que: “2. É inimaginável atribuir à queda das monarquias a eclosão dos regimes totalitários da primeira metade do século XX europeu.”:

É mesmo uma realidade histórica que foi a queda súbita das monarquias europeias que permitiu a subida do fanatismo comunista e fascista. E caíram tão somente por causa da destruição moral, material e em vidas humanas da Grande Guerra – um erro cometido por todas as partes, mas que levou um grande empurrão precisamente vinda do democrata Woodrow Wilson e o seu idealismo ingénuo que o levou a transformar um conflito territorial semelhante a tantos outros de que as monarquias europeias sempre resolveram, com uma qualquer batalha ideológica.

E quando se diz: “Como o é mais ainda, afirmar que as monarquias nunca invadiram a esfera do indivíduo, a sua liberdade e os seus direitos fundamentais. Toda a história constitucional inglesa, desde a Magna Carta de 1215 até ao séc. XX, foi feita na limitação do poder da Coroa.”, se os que na altura procuraram “militar o poder da Coroa” pudessem observar o grau de centralização a todos os níveis (que se pode resumir num sistema monetário nacionalizado, dívida pública à solta, +50% impostos, legislação por decreto e não lei formada pelo costume e tradição, etc.) dos tempo de hoje de legitimidade democrática, ficariam com toda a certeza horrorizados.

Principalmente porque caminhamos para:

"Imagine a world government, democratically elected according to the principle of one-man-one-vote on a world wide scale. What would the probable outcome of an election be? Most likely, we would get a Chinese-Indian coalition government. And what would this government most likely decide to do in order to satisfy its supporters and be reelected? The government would probably find that the so-called Western world had far too much wealth and the rest of the world, in particular China and India, had far too little, and hence, that a systematic wealth and income redistribution would be called for. Or imagine, for your own country, that the right to vote were expanded to seven year olds. While the government would not likely be made up of children, its policies would most definitely reflect the 'legitimate concerns' of children to have 'adaequate' and 'equal' access to 'free' hamburgers, lemonade, and videos."

Down With Democracy, by Hans-Hermann Hoppe

domingo, 16 de novembro de 2003

Fox News, Weekly Standard e o Office of Special Plans

Disclaimer: estritamente pessoal (como todos, de resto).

De hoje mesmo:

Today, Fox News anchors are repeatedly mentioning the blockbuster story "proving" a long-time link between Osama bin Laden and Saddam Hussein.

The leak was made to a truly unbiased source, the Weekly Standard. The neocon magazine titles the article on the "leaked" memo, "Case Closed."

The memo is from another unbiased source: Undersecretary of Defense for Policy Douglas J. Feith, one of the most hard-core neoconservatives at the Pentagon.

At one point, a Fox reporter referred to the Weekly Standard as having "close ties to the White House." You would think that they might mention that Fox and the Weekly Standard are both owned by Rupert Murdoch.

Current and retired intel officers have identified the work of Feith's Office of Special Plans as a key component of the exaggerated and manipulated intelligence produced on Iraq. Feith himself has been accused of being behind previous leaks of "raw intelligence."

I wonder who "leaked" this memo to the Weekly Standard?

O problema é que...:

The Dept. of Defense has issued a news release dismissing the report.

"News reports that the Defense Department recently confirmed new information with respect to contacts between al-Qaida and Iraq in a letter to the Senate Intelligence Committee are inaccurate."

Nada, mesmo nada lhes corre bem...nunca tão poucos se enganaram sobre tanto

"Identity crisis", Paul Robinson no The Spectator

"For decades Britons have defined themselves precisely as the sort of people who do not have to carry ID cards. We are a free people. The dictatorial regimes of the Continent can do that sort of thing, but we do not. Forcing us to prove our identity alters the relationship between state and citizen. It proves that the state does not trust us to be who we say we are. In a democracy, the state which we elect should assume that we are honest, not that we are dishonest. In doing the latter, it insults our sense of personal dignity. This may be an irrational response. There may be no good reason for us to feel that way. But we do, and the state should respect it. It is who we are. Blair and Blunkett seem to want to turn us all into Belgians. Much though I like my new neighbours, that is not something I wish to be. "

Livre Imigração, Multiculturalismo e Inconsistências Neocons

Finalmente alguém, Paul Gottfried em "For Zionists, Time To Choose", aponta a inconsistência óbvia em algum pensamento neoconservador que proclama o globalismo democrata multi-cultural criticando (mal) os críticos da livre imigração ao mesmo que tempo que defende com todas as forças, Israel como um Estado Judaico (com toda a razão).

O debate apareceu com a proposta em: In a provocative essay in the New York Review of Books (October 23), “Israel: The Alternative,” New York University historian Tony Judt :Abandoning the nation-state ideal: “The time has come to think the unthinkable… a single, integrated, binational state of Jews and Arabs, Israelis and Palestinians.”

Logo se ouviu na "NRO, David Frum accused Judt of “genocidal liberalism,” noting “one must hate Israel very much in deed to prefer such an outcome [a binational state] to the reality of liberal democracy that exists in Israel today.”

Estranho, porque são conhecidos os ataques dos neoconservadores aos paleo-conservatives:

"Yet this is the Frum who notoriously raged against Sam Francis in “Unpatriotic Conservatives” (NRO, March 19, 2003) for advocating “a politics devoted to the protection of the interests of what he [Francis] called the ‘Euro-American cultural core’ of the American nation.

Ora a proposta de Tony Judt é consistente com a visão neo-conservadora dos EUA e da Europa:

Most interestingly, despite his appeal to current trends in the West, Judt actually wants something quite different for Israel. In a “binational” state, there are two continuing nationalities. But Judt approves of modern Europe because it consists of “pluralist states which have long since become multiethnic and multicultural. “Christian Europe," pace M. Valéry Giscard d'Estaing, is a dead letter; Western civilization today is a patchwork of colors and religions and languages…”

O problema é que democracia e sistemas de auto-soberania necessitam de uma entidade cultural homogénea. Paul Gottfried acaba asim:

Judt equates “democracy” with multi-ethnicity and multiculturalism. As a political theorist for many years, I remain astonished by this already ritualistic association. Why does being “democratic” require opening one’s borders and welcoming in a cultural “patchwork?”

Certainly this requirement would have struck Aristotle, Rousseau, Montesquieu, and Thomas Jefferson as disconcerting. These political thinkers assumed a high degree of homogeneity as essential for popular self-government.

I believe that American Zionists should be reconsidering their inconsistent positions, instead of ganging up on Judt. Abe Foxman and the Anti-Defamation League, for example, make themselves ridiculous and vulnerable when they denounce those who oppose the granting of drivers licenses in California to illegal immigrants as far-right anti-Semites—while they simultaneously defend Israel as a “Jewish state.”

Tony Judt’s politics are not mine. I believe that Israel should remain predominantly Jewish and that the U.S. and Europe should remain predominantly Euro-American—and I support whatever is necessary to achieve these objectives

But, unlike his hysterical opponents, Judt believes that what is sauce for the Christian West must also be (more or less) sauce for Israel. He is at least an honest Jewish liberal.

Nota: óbviamente, aqui "liberal" representa a esquerda americana.

Monarquia, Republica e Democracia

De um ponto de vista liberal, qualquer sistema é um mal menor se proteger mais do que ataca os direitos à vida, livre arbítrio e propriedade. E sobretudo que qualquer sistema politico-administrativo permita a descentralização de decisões e convívio diversificado de diferentes sistemas de self-government. Que cada Nação adopte o federalismo internamente e talvez possamos ver renascer o que fez da Europa o berço da civilização - entre condados, principados, republicas comerciais, cidades-estado, super-condomínios, etc.

sábado, 15 de novembro de 2003

Monarquia só em regime misto...

Na linha do que já defendi nos textos sobre neocartismo, a minha posição favorável à monarquia hereditária resulta da preferência por regimes mistos (opostos a regimes de legitimidade única, democrática ou outra). Para qualquer pessoa familiarizada com a história da filosofia política, trata-se da grande linha definida desde os clássicos (nomeadamente Aristóteles) e reafirmada no grande debate do século XVII inglês, no qual o modelo da república democrática foi considerado (e rejeitado) pela maioria dos grandes intervenientes - incluindo autores "republicanos" insuspeitos como Algernon Sydney. Grande parte dos liberais europeus do século XIX (eu diria a melhor parte), como os cartistas portugueses, situavam-se assumidamente nesta tradição. Entre nós, Alexandre Herculano disse que era preferível existirem duas fontes de soberania (já que tem de haver soberania) do que existir apenas uma, já que assim nenhuma pode reclamar-se absoluta; e era evidente para pessoas sensatas como ele que as dinastias historicamente enraizadas nos nossos países concretos eram as únicas fontes de soberania e legitimidade que podiam coexistir com a soberania e legitimidade do sufrágio...

sexta-feira, 14 de novembro de 2003

Re: Re (2): CAUSA MONÁRQUICA, Cataláxia

Sim, AAA. O problema é que as de hoje, de monarquias só conservaram o simbolismo, e mesmo assim, mostram muito da sua validade em comparação com a de eleição contra 50%ou 40% da população, do representante da Nação.

Para uma monarquia se assumir na sua totalidade tem que funcionar um pouco como o proprietário de um Real State, com todo o interesse próprio na maxização do seu valor, de preservação e de continuidade. E com esse interesse, dificilmente a social-democracia, hiper-regulação, redistribuição coerciva, seriam aplicadas.

E quando falamos de República, nos termos dos fundadores da América, Democracia é coisa que pouco se encontra nas suas intenções. Isto para dizer que "até Républica" e "Democracia" são coisas diferentes.

Se a democracia fosse alguma panaceia, podeiamos já instituir eleições planetárias e depois observar o que sobrará do legado cristão em pouco anos.

Agora, na discussão em causa, o que importa referir pela causa monárquica é que o aparente racionalismo da eleição do presidente tem mais defeitos do que a representação monárquica, sendo que esta, trata da sua função com uma visão de longo prazo, própria de quem tem um património para cuidar e transmitir.

O meu resultado: 77

Eu também tive 77! (como o Mata-Mouros). Segundo o AAA, "uns socializantes 77, próximo do abismo Keynesiano..."

Mas isso é para o AAA, que é muito exigente. Eu fiquei satisfeito com os meus resultados.
No entanto, acho que não me fazia mal frequentar um cursito sobre a escola austriaca, para aumentar o meu score...
:)

PS: então e o Valete Fratres não faz o teste? Estou curioso de ver se bate o Intermitente...

Re: CAUSA MONÁRQUICA, Cataláxia

Nunca as monarquias interviram na economia e no indivíduo como o que saiu do Estado moderno quando estas cairam precipitadamente (com a Grande Guerra, claro). Podemos olhar para o peso do Estado actual e comparar, ou a divida pública actual e comparar, a inflação e comparar, o sistema monetário e comparar, etc.

Além disso, o que obtivemos quando estas cairam foi o comunismo, o fascismo e a social-democracia.

Liberalismo não tem nada que ver com Democracia. O primeiro é o primado da propriedade privada e livre contrato. O segundo, um sistema de escolha rotativa do próximo ditador temporário social-democrata.

A maior virtualidade da monarquia é que estabelecia uma relação de propriedade. O sistema monárquico tinha o zelo próprio pela propriedade colectiva e pelo sistema social, próprio de quem tem um património para preservar. Na democracia, tudo é para desbaratar.

Fica um pedaço do texto: Democracy: The God That Failed, by Hans-Hermann Hoppe

(...)
The second myth concerns the historic transition from absolute monarchies to democratic states. Not only do neoconservatives interpret this development as progress; there is near-universal agreement that democracy represents an advance over monarchy and is the cause of economic and moral progress. This interpretation is curious in light of the fact that democracy has been the fountainhead of every form of socialism: of (European) democratic socialism and (American) liberalism and neo-conservatism as well as of international (Soviet) socialism, (Italian) fascism, and national (Nazi) socialism. More importantly, however, theory contradicts this interpretation; whereas both monarchies and democracies are deficient as states, democracy is worse than monarchy.

Theoretically speaking, the transition from monarchy to democracy involves no more or less than a hereditary monopoly "owner" – the prince or king – being replaced by temporary and interchangeable – monopoly "caretakers" – presidents, prime ministers, and members of parliament. Both kings and presidents will produce bads, yet a king, because he "owns" the monopoly and may sell or bequeath it, will care about the repercussions of his actions on capital values. As the owner of the capital stock on "his" territory, the king will be comparatively future-oriented. In order to preserve or enhance the value of his property, he will exploit only moderately and calculatingly. In contrast, a temporary and interchangeable democratic caretaker does not own the country, but as long as he is in office he is permitted to use it to his advantage. He owns its current use but not its capital stock. This does not eliminate exploitation. Instead, it makes exploitation shortsighted (present-oriented) and uncalculated, i.e., carried out without regard for the value of the capital stock.

Nor is it an advantage of democracy that free entry into every state position exists (whereas under monarchy entry is restricted by the king's discretion). To the contrary, only competition in the production of goods is a good thing. Competition in the production of bads is not good; in fact, it is sheer evil. Kings, coming into their position by virtue of birth, might be harmless dilettantes or decent men (and if they are "madmen," they will be quickly restrained or if need be, killed, by close relatives concerned with the possessions of the dynasty).

In sharp contrast, the selection of government rulers by means of popular elections makes it essentially impossible for a harmless or decent person to ever rise to the top. Presidents and prime ministers come into their position as a result of their efficiency as morally uninhibited demagogues. Hence, democracy virtually assures that only dangerous men will rise to the top of government.

In particular, democracy is seen as promoting an increase in the social rate of time preference (present-orientation) or the "infantilization" of society. It results in continually increased taxes, paper money and paper money inflation, an unending flood of legislation, and a steadily growing "public" debt. By the same token, democracy leads to lower savings, increased legal uncertainty, moral relativism, lawlessness, and crime. Further, democracy is a tool for wealth and income confiscation and redistribution. It involves the legislative "taking" of the property of some – the haves of something – and the "giving" of it to others – the have-nots of things. And since it is presumably something valuable that is being redistributed – of which the haves have too much and the have-nots too little – any such redistribution implies that the incentive to be of value or produce something valuable is systematically reduced. In other words, the proportion of not-so-good people and not-so-good personal traits, habits, and forms of conduct and appearance will increase, and life in society will become increasingly unpleasant.

Last but not least, democracy is described as resulting in a radical change in the conduct of war. Because they can externalize the costs of their own aggression onto others (via taxes), both kings and presidents will be more than 'normally' aggressive and warlike. However, a king's motive for war is typically an ownership-inheritance dispute. The objective of his war is tangible and territorial: to gain control over some piece of real estate and its inhabitants. And to reach this objective it is in his interest to distinguish between combatants (his enemies and targets of attack) and non-combatants and their property (to be left out of the war and undamaged). Democracy has transformed the limited wars of kings into total wars. The motive for war has become ideological – democracy, liberty, civilization, humanity. The objectives are intangible and elusive: the ideological "conversion" of the losers preceded by their "unconditional" surrender (which, because one can never be certain about the sincerity of conversion, may require such means as the mass murder of civilians). And the distinction between combatants and non-combatants becomes fuzzy and ultimately disappears under democracy, and mass war involvement – the draft and popular war rallies – as well as "collateral damage" become part of war strategy.

CARL SCHMITT e Leo Strauss

Ler no Ultimo Reduto sobre Carl Schmitt, faz-me lembrar a entrevista de
Carlo Stagnaro a Vittorio Messori.

* Sobre Vittorio Messori:

Catholic author, who is as keen an observer of reality as he is disenchanted by it. Messori is motivated by a deep Christian realism, which emanates from virtually every line of his last book, Gli occhi di Maria (Mary’s Eyes), written in co-operation with Rino Cammilleri and published in Italy by Rizzoli. He also authored Jesus Hypotheses and the famous Crossing the Threshold of Hope, with Pope John Paul II.

* Carlo Stagnaro co-edits the libertarian magazine "Enclave"

Pergunta de Carlo Stagnaro: Carl Schmitt said the state is born from the secularization of theological concepts, and therefore it is a competing entity, an enemy of religions. What do you think about that?

I agree. See, I understand many of the reasons of the modern anarchists, and I recognize myself in many of the positions of the FORCES organization and the libertarian magazine Enclave. But, I repeat, I believe in original sin, thus I do not underestimate Hobbes’ warning: homo homini lupus (that is, man is the wolf of men). I respect law enforcement officers, because I know I need them; however, do not ask me to love them! I think that the monster state is the Beast of the Apocalypse. In a perspective of faith, the state emerging from the end of the ancien régime horrifies me. In this key, my nightmare is One World Government.

Nota: Claro que está que Carl Schmitt foi também objecto de crítica da referência filosófica dos NeoCon que é Leo Strauss.

Sobre este último ler:

Straussians vs. Paleoconservatives, Paul Gottfried

...Cultural Marxists provide a key to grasping the substance and fictions of managerial tyranny, Straussians have created a defense of such tyranny, disguised as global democracy or as standing up for "values." In short, while critical theory can help one to look more deeply into leftist mechanisms of control and global democratic agitprop, the Straussians have worked to justify and misrepresent such control. In the language of Antonio Gramsci, whose thinking overlapped that of the Frankfurt School, Straussians predictably defend the "hegemonic ideology" associated with the ruling class. They are also heavily, indeed obscenely, rewarded defenders of that ruling class, holding high places in leftist academic institutions, in the government bureaucracy, and in bogus conservative "thinktanks."

Constituições e Estado Federal. Ecos da História para a Europa?

Implied or Usurped?

Whenever Congress wrangles about the Federal budget and deficits, I have the same futile thought: Why don’t they just stop spending money unconstitutionally?

Two of the biggest items in the budget, for example, are Social Security and Medicare. The U.S. Constitution doesn’t authorize either program.

If you read the Constitution, you’ll find the legislative powers of Congress carefully enumerated. These powers, fewer than two dozen, don’t include welfare spending.

Thomas Jefferson was deeply suspicious of the whole notion of implied powers; he saw clearly where it might lead.

The greatest usurper of power in American history was Abraham Lincoln. By denying the right of states to secede and equating secession with “rebellion,” he enabled himself, at a stroke, to claim countless implied powers. As his defender Harry V. Jaffa puts it, “No president before him had ever discovered the reservoir of constitutional power within [the] presidential oath.”

in Lincoln’s mind, “preserving the Constitution,” he felt justified in making war on the states, raising armies and money on his own initiative, arresting elected officials, suppressing free speech, shutting down the press, and establishing dictatorial military governments in place of the state governments. It was the worst period of repression in American history, and Lincoln’s actions were directed against the freedoms of the North as well as the South.

If Jefferson, who advocated the right of secession, had been alive during the war, he might well have been arrested for treason.

At Gettysburg Lincoln proclaimed “a new birth of freedom.” What he actually brought the country was the death of limited government.

Já Gore Vidal numa entrevista recente, diz:

(Benjamin) Franklin saw danger everywhere. They all did. Not one of them liked the Constitution. James Madison, known as the father of it, was full of complaints about the power of the presidency. But they were in a hurry to get the country going. Hence the great speech, which I quote at length in the book, that Franklin, old and dying, had someone read for him. He said, I am in favor of this Constitution, as flawed as it is, because we need good government and we need it fast. And this, properly enacted, will give us, for a space of years, such government.

But then, Franklin said, it will fail, as all such constitutions have in the past, because of the essential corruption of the people. He pointed his finger at all the American people. And when the people become so corrupt, he said, we will find it is not a republic that they want but rather despotism — the only form of government suitable for such a people.

Mais anti-semitismos

Sharon hits at critics as anti-Semitic

quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Re: Assim Falou Aziz, José Manuel Fernandes

José Manuel Fernandes, o NeoCon Wolfitziano cá do burgo, está chocado com as afirmações de Aziz sobre as alegadas garantias de paz da França e Rússia. Noutro contexto poderia ter razão, mas o problema é onde é que a França e Rússia não tiveram razão quando defenderam a sua oposição a esta invasão e ocupação?

Agora o que se sabe hoje, é de uma última tentativa de paz pelo regime, incluindo a promessa de realização de eleições e de para além da inspecção da ONU deixarem entrar inspectores americanos. Mas não, a vitória total e nada menos do que isso.

Estranho como parece até alegar que a França e Rússia até tiveram culpas indirectas no facto de Saddam estar tão confiante que nem lançou um contra-ataque! Vejam só! Nem um contra-ataquezinho!

Aliás, diga-se que o medo da existência da capacidade de uso de WMD em 45 minutos era tal, que os "aliados" concentraram centenas de milhares de tropas num espaço minusculo durante meses e ali mesmo à mão.

E nem um contra-ataquezinho! Palavras para quê...

Cataláxia e monarquia

Eu não sonhei que o Cataláxia se referiu ao facto suposto de os contribuintes terem de "arcar com o sustento faraónico desta gente" (sic), isto é, a realeza; pelo que me parece que os custos da instituição estavam de facto em causa (para já não falar na faraónica adjectivação inflacionada). Outra questão: Burke e Hume defenderam a instituição dinástica antes e independentemente da revolução francesa, pelo que os seus escritos sobre o assunto não devem ser menorizados como comentários circunstanciais...

O Cataláxia, que escolheu o tom "um liberal deve defender isto e não aquilo", vai perdoar-me a indelicadeza de continuar a valorizar mais o "cânone" Hume-Burke que o seu. E, finalmente, lamento que um liberal como o Cataláxia viva na ilusão de que as escolhas democráticas são resultantes de qualquer escolha sua (individual); é curioso que a refutação dessa ilusão seja um dos pontos fortes do texto "pouco actual" de Hume.

A eliminação do imposto sobre lucros

Em Lições da Estónia no economistaenvergonhado

Refere-se: "Chris Edwards do Cato Institute propôs recentemente um imposto sobre o cash-flow das empresas".

Se o IRC tiver um taxa baixa (ex: 10%) é quase indiferente a discussão se é sobre o "lucro económico" ou o Cash-Flow. A verdade é que o Imposto sobre Lucros, tributa a mias eficiente forma de poupança das economias desenvolvidas.

As verdades da Grande Guerra

Sabiam disto? "British casualties in the war numbered 723,000 – more than twice the number suffered in World War II."

The Pity of War
Niall Ferguson
Basic Books • 1999 • 563 pages

Niall Ferguson is a history professor who taught at Cambridge and is now a tenured Oxford don.

Ferguson asks and answers ten specific questions about the First World War, one of the most important being whether the war, with its total of more than nine million casualties, was worth it.

Not only does he answer in the negative, but concludes that the world war was not necessary or inevitable, but was instead the result of grossly erroneous decisions of British political leaders based on an improper perception of the "threat" to the British Empire posed by Germany. Ferguson regards it as "nothing less than the greatest error in modern history."

He argues that the British had no legal obligation to protect Belgium or France and that the German naval build-up did not really menace the British.(...)He argues further that the Kaiser would have honored his pledge to London, offered on the eve of the war, to guarantee French and Belgian territorial integrity in exchange for Britain’s neutrality.

Ferguson contends that in the absence of British intervention, the most likely result would have been a quick German victory with some territorial concessions in the east, but no Bolshevik Revolution. There would have been no Lenin – and no Hitler either.

"It was ultimately because of the war that both men were able to rise to establish barbaric despotisms which perpetrated still more mass murder."

RE: Re: "Royality" Show

O racionalismo anti-monárquico de muitos liberais é parecido com o (pode não ser o caso da Cataláxia) espirito jacobino que infecta muitas e boas mentes conservadoras que adoptaram a ideologia da revolução internacional a bem da imposição de valores universais e claro, da democracia (que para liberais e conservadores é, ou devia ser, um meio e não um fim em si mesmo).

Conservatives: Liberate the masses od the World! (Trotsky não podia estar mais orgulhoso). Até já esqueceram que, como se dizia aos marxistas (velhos tempos em que o mundo era a preto e branco, hoje já não é assim...), todas as boas intenções costumam ter graves "unintended consequences".

Anti-semitismos

Foxman denounces efforts to target Jewish persons for evangelism, citing Southern Baptists in particular.

Abraham Foxman, Director of the Anti-Defamation League:

"An ongoing theme of particularist theology is the notion that Christians ought to devote their energies to 'saving' the Jews – that is, to converting them into Christians. Although this is supposedly motivated by love for the Jews, this idea is inherently anti-Semitic in that it implicitly denigrates the value of Jewish belief."

Comentário: hoje já existe muita pouca coisa que não seja considerada anti-semitismo. Por exemplo, este meu post.

ARMISTICE AND REMEMBRANCE

Srdja Trifkovic, www.ChroniclesMagazine.org

...the day when the Great War ended, when the guns fell silent on the 11th day of the 11th month in 1918.

In reality the Great War was the most important event in the past two thousand years and arguably the most tragic event in all of history. It marked the end of an often unjust but on the whole decent world, and opened the floodgates of hell: Lenin, Stalin, Hitler, Mao, Tito, and countless lesser demons were all its heirs and beneficiaries.
...
as America continues its futile quest for global dominance and its cultural suicide at home, it seems incredible that a mere century ago, the European, Christian world dominated the planet. The suicide of 1914 was a catastrophe rooted in an imperial hubris of neoconservative proportions.
...
President Wilson’s Fourteen Points—the device that was allegedly meant to end the war in early 1918—espoused the principle of self-determination. It threw a revolutionary doctrine at an already exhausted Europe, a doctrine almost on par with Bolshevism in its destabilizing effect. It unleashed competing aspirations among the smaller nations of Central Europe and the Balkans that not only hastened the collapse of transnational empires, but also gave rise to a host of intractable ethnic conflicts and territorial disputes that remain unresolved to this day.
...
Two decades after Wilson, burdened by Clemenceau’s untenable revenge of Versailles, Europe staggered into a belated Round Two of self-destruction. Before 1939 it was badly wounded; after 1945 mortally so. The result is a civilization that is aborting and birth-controlling itself to death, that is morally bankrupt, culturally spent, and spiritually comatose. We are living—if life it is—the consequences of what had ended on that November morning at Compiegne.

Re: "Royality" Show

A prova de que nem sempre o Cataláxia se pauta pelo bom senso é o que diz das monarquias europeias a propósito do noivado do príncipe das Astúrias. É falso que as monarquias saiam mais caras aos contribuintes: enquanto o Espanhóis pagam um rei, nós pagamos três presidentes (estes reformam-se, lembram-se?). Em contrapartida, as listas civis das monarquias actuais são reduzidíssimas, mesmo no caso inglês, até porque as casas reais são geralmente financeiramente autónomas (by the way, quem inventou as listas civis foram os políticos). Sobre os preconceitos do Cataláxia em relação às dinastias, recomendo dois textinhos: David Hume, "That Politics May Be Reduced to a Science"; Edmund Burke, "On the Representation of the Commons in Parliament".

terça-feira, 11 de novembro de 2003

Pena de Morte

Walter Block escreve:

"To whom, then, does the murderer owe his life? Obviously, to the heirs of the victim. If I murder a family man, for example, his widow and children then come to "own" me. They can put me to death, publicly, and charge admission for this event, or they can force me to do hard labor for the rest of my miserable life, the proceeds to go to them. It is a crime and a disgrace that such criminals now enjoy air conditioning, television, exercise rooms, etc. They owe a debt to (the heirs of) their victims, who are now, to add insult to injury, forced to pay again, through taxes, to maintain these miscreants in a relatively luxurious life, compared to what they richly deserve."

Comentário:

Já tenho defendido que a pena de morte deve poder ser exigida ou dispensada pelos herdeiros. Em alternativa, estes, não fosse o sistema estatista em que vivemos, deviam poder receber uma indemnização paga pelo criminoso, pagando este se necessário, com os seus rendimentos de trabalho condicionado (sim, passaria a um regime de semi-escravidão benevolente), pelo tempo que fosse necessário até ao valor justo (declarado em sentença).

Ao exigirem a pena de morte os herdeiros abdicariam de receber o valor desse trabalho condicionado. E os erros de julgamento? O ónus da morte provada de um inocente recairia sobre os herdeiros que não teriam abdicado da aplicação da pena de morte.

Na prática, poucas penas de morte seriam aplicadas, quer por interesse financeiro em receber a indemnização com o produto do trabalho do criminoso (que ficava em regime de semi-escravidão benevolente), quer pelo risco em assumir a responsabilidade da morte de um inocente (que uma vez provado, implicaria por sua vez que os herdeiros do inocente, teriam direitos sobre os herdeiros que assumiram a responsabilidade de não abdicar da pena de morte).

Podemos assim concluir, que, num sistema de estrita análise de direitos em causa entre criminoso, vitima e herdeiros, sistema este, livre de julgamentos ideológicos "colectivos", aos assassínios seriam aplicadas penas justas (mas pesadas tendo em conta as nossas actuais práticas) em vez de serem os herdeiros a sustentar por impostos a estadia pacífica e nas melhores condições (do que muitos pobres honrados) assim como os duvidosos "métodos" de reabilitação social.

Heck, Give Everybody a Gun!, Brad Edmonds

It has been established empirically that we would have less ordinary crime if everybody walked around armed. It has been established empirically that we would have less fear of foreign invasion, and less fear of terrorist attacks, under the same conditions (remember the statement by WWII Japanese Admiral Isoroku Yamamoto: "You cannot invade the mainland United States. There would be a rifle behind each blade of grass."; and see how often Switzerland has been invaded). It was established logically by our government itself in the early days that the government would be better kept at bay with gun ownership. And those towns that have high levels of gun ownership prove what common sense suggests: Widespread gun ownership doesn’t make criminals out of ordinary people – only criminals are made to feel unsafe when everybody’s armed. Indeed, data in the US show that you and I are more trustworthy gun owners than the cops themselves.

Go out and buy yourself some guns today, and give some as gifts. You’ll love yourself for it, and make me feel safer at the same time.

Re: (x4) A crítica a Milton Friedman e à Escola de Chicago

Ok. 1 elogio a Milton Friedman.

Desde 1971 tem suavemente abandonado algum do seu próprio monetarismo, aumentado a sua desconfiança em relação aos tratados internacionais (NAFTA, etc), foi contra a Guerra do Golfo I, e depois, de Mises disse:

"there is no doubt in my mind that Ludwig von Mises has done more to
spread the fundamental ideas of free markets than any other individual."

Noutros campos, defendeu o direito à discriminação (o tal direito à exclusão inerente ao direito à propriedade) criticando a discriminação positiva. Defendeu o livre arbítrio (mas também em termos económicos) na questão das drogas. Combateu a lógica do monopólio das ordens profissionais (incluindo a dos médicos e advogados).

Flat tax, algumas referências

1. Na Rússia

2. Livro:

The Flat Tax , Second Edition

Robert E. Hall, Alvin Rabushka

HOOVER INSTITUTION PRESS
Stanford University, Stanford, California

3. A critica vinda da esquerda

Flat Tax Fiasco by Douglas Dunn

Re: Re: A crítica a Milton Friedman e à Escola de Chicago

O artigo é de 1971, por isso não me parece que existam austríacos a perder muito tempo na crítica a Milton Friedman. Referenciei-o precisamente porque já tinha falado nas criticas à Escola de Chicago e quis documentar essas críticas.

De passagem, este foi responsável pela implementação da retenção do IRS, pela ideia dum rendimento mínimo garantido que baptizou de "imposto negativo", pela respeitabilidade no mundo dos liberais dos Bancos Centrais e o fim do que restava do padrão ouro com o default declarado por Nixon.

O crucial da questão, é que, de um ponto de vista estritamente anti-estatista "libertarian", mais do que as propostas socialistas da esquerda, são as propostas e teorias estatistas vinda de "liberais", que mais fazem para justificar e tornar respeitável o actual intervencionismo centralista em todos os domínios:

- Privatizam mas hiper-regulam através entidades para-estatais com competência proto-legislativa, executiva e judicial

- Aumentam o nível de nacionalização da função monetária ao como Mundell sugere, caminharmos para uma fiat-moeda mundial

- Liberalizam o comércio mundial com acordos de comércio livre com milhares de páginas, o que na prática acaba em: impõem a propriedade intelectual e a regulação do mercado de trabalho aos países pobres, criam barreiras pelo anti-dumping social e a regução ambiental, etc

- As externalidades servem para impor a gestão política em quase tudo

- O seu falso ideal e paradigma utópico de concorrência perfeita serve para mais uma vez "regular" a concorrência, aquisições, fusões, etc

- a proposta igualitarista, que faz crescer o papel do Estado, dos "Vouchers" de Educação

Conclusão: Como disse Mises numa reunião de Mont Pelerin em que se discutia as virtualidades do imposto progressivo (!!!) em que Milton Friedman participava: "You are all a bunch of socialists".

PS: e em última análise estas tricas e rivalidades alegram a nossa vida :)