terça-feira, 30 de setembro de 2008

A guerra entre Vontade Geral e o Direito Natural

Escreve Eduardo Nogueira Pinto (31 da Armada) :

"Guerra dos mundos

Imaginemos três mundos:

Um onde o plano Paulsen é apresentado, votado e aprovado.
Outro onde o plano Paulson é apresentado, votado e rejeitado.
E um terceiro onde o plano Paulson não chega sequer a ser apresentado porque a política, seja em que circunstância for, está impedida de tocar nos mercados.

Haja ou não intervenção, nos dois primeiros, a última palavra cabe ao poder político. No terceiro, os mercados agem marginalmente, com a certeza de que nenhum poder externo, seja de que natureza for, pode condicionar a sua acção.

A discussão entre o primeiro e o segundo mundo pode ser muito interessante, mas, em termos filosóficos, a grande linha divisória fica entre o terceiro e os dois primeiros."

Fico com a impressão que lhe está a corroer a dúvida. Gosto sempre de observar a direita pela Vontade Geral e a sugerir de forma velada que não existe Direito Natural...porque importante, importante e com toda a legitimidade será a Política e esta é que decide se existe, como é que existe.

Até porque parece escapar que onde se diz "mercados" se deve ler, contratos e propriedade. A respeitar. Mas não pela direita. Essa prefere a Política. Legitimada pela Vontade Geral claro.

"The Treasury to you, gentlemen, is closed."

Quote: Na crise bancária de 1832 o Presidente Andrew Jackson disse: "There are no necessary evils in government. The Treasury to you, gentlemen, is closed."

Thaddeus McCotter, Republican from Michigan

domingo, 28 de setembro de 2008

Supply Side Economics vs. Austrian Economics just before recession - Agosto de 2006

Outras faces da crise

(via dailypaul) Rep. Michael Burgess (R-TX) reports from the floor of the House that the Republicans have been cut out of the process and called unpatriotic for not blindly supporting the fraudulent bailout. He says the only debate has been about what talking points to use on the American people. The most ominous revelation is when he claims the Speaker has declared martial law.

Singularidades (2)

Esta é uma das minhas preferidas (ver as anteriores):

Fed May Get Authority to Pay Interest on Reserves as Part of Bank Rescue

1- Os Bancos Centrais criam ("injectam" criando moeda) reservas no sistema bancário. E isso é que lhes permite conceder crédito criando depósitos (em vez de captar poupança).

2- Depois os Banco Centrais "remuneram" as reservas "excessivas" que possam existir, o que signfica aumentar mais as reservas (por criação de moeda) chamando-lhe juros, apenas para poderem impedir que a taxa de empréstimos inter-bancária seja menor do que a fixada (assim como na URSS se fixavam preços).

Ou seja

3- É como se os Bancos emprestassem dinheiro-reservas ao seu Banco Central (o próprio criador de reservas out-of-thin-air), ideia tão ridícula que só podia sair de um sistema monetário condenado a provocar as maiores crises que o mundo já passou e vai continuar a passar (mas sem que seja apontado por tal).

sábado, 27 de setembro de 2008

Contra a misticismo e pela ciência

Contra a misticismo reinante na economia, cência tornada para-psicologia (confiança ou espécie de fé que os depósitos existem no sistema bancário), e que causa a procura de explicações um pouco para o ridiculas, dando ao provocador dos ciclos (o socialismo monetário dos Bancos Centrais) a escapatório de ainda por cima se armar em salvador da economia capitalista:

Hayek: Monetary Theory and the Trade Cycle

Murray N. Rothbard: The Mystery of Banking

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"A crise terá consequências benéficas?"

5 dias: "Se tudo descambar mesmo, dos EUA à Malveira, numa crise de proporções bíblicas, um só efeito agradável permanecerá. Durante para aí 100 anos, não voltaremos a ouvir falar em "... em ... BANCOS CENTRAIS.

Singularidades

1. Os aumentos de capital dos Bancos fazem diminuir a massa monetária

2. Mas em tese, um Bancos abrindo um crédito ao accionista e criando moeda ao fazê-lo aparecer na DO desse accionista, consegue fazer o aumento de capital e melhorar os rácios de solvabilidade por puro movimento contabilístico.

3. A cobrança de juros (ou na medida da sua margem financeira) pelos Bancos aos seus clientes nas suas contas DO também diminuem a massa monetária. Assim, só para fazer a massa monetária estável é necessário o Banco Central injectar um montante equivalente.

4. Cada vez que um credor de um Banco paga o seu empréstimo, a massa monetária diminui (daí a quantidade de crédito nunca diminuir e pelo contrário subir sempre).

5. Então como é que a massa monetária aumenta?

Injectando reservas (high power money)...

- Quando o Banco Central compra activos (como dívida pública). O activo de um Banco Central é essencialmente Dívida Pública
- Quando financia os Bancos (recebendo como colateral Dìvida Pública e agora, crédito à habitação titularizado).
... que permitem aos Bancos criar depósitos via concessão de crédito.

6. O crédito é então possível sem captar poupança? Sim, nominalmente e no curto prazo. Mas esse é o processo pelo qual o equilíbrio entre investimento sustentado em poupança real e voluntária se quebra, originando uma expansão de actividade económica (a taxa de juro é artificialmente baixa parecendo tornar viáveis investimentos que o não seriam de outra forma) que mais tarde é quebrada de forma a restabelecer o equilibrio perdido e colocando pressõ no sistema financeiro na direcção de falências e contração monetária (o efeito inverso).

Nota: quem tiver perguntas ou dúvidas ou quiser disputar ou melhor ainda, acrescentar singularidades, por favor usar a caixa de comentários.

Ah estou a perceber

Os reguladores quem proibir a venda a descoberto (short-selling) se fôr intenção do vendedor fazer descer a cotação, hmmm Bate certo.

Eu vendo porque acho que a cotação é excessiva ou parte de uma bolha artificial e não posso contribuir para que a cotação desça.

Não tenho a certeza que os reguladores de mercado saibam o que é um mercado.

Suponho que a seguir vão proibir a compra se isso fizer a cotação subir...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A causa das crises: Mises sobre a expansão de crédito por criação monetária

Credit Expansion

It is a fundamental fact of human behavior that people value present goods higher than future goods. An apple available for immediate consumption is valued higher than an apple which will be available next year. And an apple which will be available in a year is in turn valued higher than an apple which will become available in five years. This difference in valuation appears in the market economy in the form of the discount, to which future goods are subject as compared to present goods. In money transactions this discount is called interest.

Interest therefore cannot be abolished. In order to do away with interest we would have to prevent people from valuing a house, which today is habitable, more highly than a house which will not be ready for use for ten years. Interest is not peculiar to the capitalistic system only. In a socialist community too the fact will have to be considered that a loaf of bread which will not be ready for consumption for another year does not satisfy present hunger.

Interest does not have its origin in the meeting of supply and demand of money loans in the capital market. It is rather the function of the loan market, which in business terms is called the money market (for short-term credit) and the capital market (for long-term credit), to adjust the interest rates for loans transacted in money to the difference in the valuation of present and future goods. This difference in valuation is the real source of interest. An increase in the quantity of money, no matter how large, cannot in the long run influence the rate of interest.

No other economic law is less popular than this, that interest rates are, in the long run, independent of the quantity of money. Public opinion is reluctant to recognize interest as a market phenomenon. Interest is thought to be an evil, an obstacle to human welfare, and, therefore, it is demanded that it be eliminated or at least considerably reduced. And credit expansion is considered the proper means to bring about “easy money.”

There is no doubt that credit expansion leads to a reduction of the interest rate in the short run. At the beginning, the additional supply of credit forces the interest rate for money loans below the point which it would have in an unmanipulated market. But it is equally clear that even the greatest expansion of credit cannot change the difference in the valuation of future and present goods. The interest rate must ultimately return to the point at which it corresponds to this difference in the valuation of goods. The description of this process of adjustment is the task of that part of economics which is called the theory of the business cycle.

At every constellation of prices, wages, and interest rates, there are projects which will not be carried out because a calculation of their profitability shows that there is no chance for the success of such undertakings. The businessman does not have the courage to start the enterprise because his calculations convince him that he will not gain, but will lose by it.

This unattractiveness of the project is not a consequence of money or credit conditions; it is due to the scarcity of economic goods and labor and to the fact that they have to be devoted to more urgent and therefore more attractive uses.

When the interest rate is artificially lowered by credit expansion the false impression is created that enterprises which previously had been regarded as unprofitable now become profitable. Easy money induces the entrepreneurs to embark upon businesses which they would not have undertaken at a higher interest rate. With the money borrowed from the banks they enter the market with additional demand and cause a rise in wages and in the prices of the means of production. This boom of course would have to collapse immediately in the absence of further credit expansion, because these price increases would make the new enterprises appear unprofitable again. But if the banks continue with the credit expansion this brake fails to work. The boom continues.

But the boom cannot continue indefinitely. There are two alternatives. Either the banks continue the credit expansion without restriction and thus cause constantly mounting price increases and an ever-growing orgy of speculation, which, as in all other cases of unlimited inflation, ends in a “crack-up boom” and in a collapse of the money and credit system.[1] Or the banks stop before this point is reached, voluntarily renounce further credit expansion and thus bring about the crisis. The depression follows in both instances.

It is obvious that a mere banking process like credit expansion cannot create more goods and wealth. What the credit expansion actually accomplishes is to introduce a source of error in the calculations of the entrepreneurs and thus causes them to misjudge business and investment projects. The entrepreneurs act as if more producers’ goods were available than are actually at hand. They plan expansion of production on a scale for which the available quantities of producers’ goods are not sufficient. These plans are bound to fail because of the deficiency in the available amount of producers’ goods. The result is that there are plants which cannot be used because the complementary facilities are lacking; there are plants which cannot be completed; there are other plants again whose products cannot be sold because consumers desire other products more urgently which cannot be produced in sufficient quantities because the necessary productive facilities are not ready. The boom is not over-investment, it is misdirected investment.

(...)

It is impossible to explain the cyclical changes of business on any basis other than the theory which commonly is referred to as the monetary theory of the business cycle. Even those economists who refuse to recognize in the monetary theory the proper explanation of the business cycle have never attempted to deny the validity of its conclusions about the effects of credit expansion. In order to defend their theories about the business cycle, which differ from the monetary theory, they still have to admit that the upswing cannot occur without simultaneous credit expansion, and that the end of the credit expansion also marks the turning point of the cycle. The opponents of the monetary theory actually confine themselves to the assertion that the upswing of the cycle is not caused by credit expansion, but by other factors, and that the credit expansion, without which the upswing would be impossible, is not the result of a policy intended to lower the interest rate and to invite the execution of additional business plans, but that it is released somehow by conditions leading to the upswing without intervention by the banks or by the authorities.

It has been asserted that the credit expansion is released by the rise in the rate of interest through the failure of the banks to raise their interest rates in accordance with the rise in the “natural” rate.[3] This argument too misses the main point of the monetary theory of the cycle. Whether the credit expansion gets under way because the banks ease credit terms, or because they fail to stiffen the terms in accordance with changed market conditions, is of minor importance. Decisive only is the fact that there is credit expansion because there exist institutions which consider it their task to influence interest rates by the granting of additional credit.[4] Whoever believes that credit expansion is a necessary factor in the movement which forces the economy into the upswing, which must be followed by a crisis and depression, would have to admit that the surest means to achieve a cycle-proof economic system lies in preventing credit expansion. But despite the general agreement that measures should be taken to smooth the wave-like movements of the cycle, measures to prevent credit expansion do not receive consideration. Business cycle policy is given the task to perpetuate the upswing created by the credit expansion and yet to prevent the breakdown. Proposals to prevent credit expansion are refuted because supposedly they would perpetuate the depression. Nothing could be a more convincing proof of the theory which explains the business cycle as originating from interventions in favor of easy money than the obstinate refusal to abandon credit expansion.

One would have to ignore all facts of recent economic history were one to deny that measures to lower rates are considered desirable and that credit expansion is regarded as the most reliable means to achieve this aim. The fact that the smooth functioning and the development and steady progress of the economy is over and over again disturbed by artificial booms and ensuing depressions is not a necessary characteristic of the market economy. It is rather the inevitable consequence of repeated interventions which intend to create easy money by credit expansion."

Subitamente, Ron Paul passou a ser ouvido com mais atenção

O exemplo dos países nórdicos (social-democracia regulada, supõe-se)

U.S. May Find Painful Parallels in Nordic Bailout

Sept. 23 (Bloomberg) -- If Henry Paulson and Ben S. Bernanke want to know what happens when central banks and governments bail out financial institutions, they should be ``learning Swedish.' (...)

The Nordic effort -- similar in speed and scope to what the U.S. is planning now, though smaller in size -- did manage to end the financial crisis. At the same time, it didn't prevent a deeper recession and surging unemployment in all three countries.

``In the long term, there were benefits, but it took half a decade before they began to show in the economy,'' said Esko Ollila, a member of the Bank of Finland board from 1983 to 2000.(...)

Surging Economies

At the end of the 1980s, the economies of Sweden, Finland and Norway had surged after deregulation [reparar que aqui o que importa é a ligação entre a des-regulação da economia e o crescimento obtido ... mas o sector monetário mantém-se regulado por moeda emitida pelo Banco Central...o qual induz a expansão do crédito e juros baixos ... causando uma "bolha que tem de rebentar"] and low interest rates encouraged banks to lend more. Finnish house prices jumped 80 percent in real terms, and its stock market soared 164 percent in five years, according to JPMorgan Chase & Co.

The byproduct was a mounting debt burden. As policy makers sought to slow inflation and protect their fixed exchange rates, banks found their balance sheets decimated by nonperforming loans amounting to 10 percent of the region's gross domestic product.

The response to the subsequent financial crisis was one of ``rapidity and vigor,'' said then-Fed Chairman Alan Greenspan in a 1999 speech. Sweden guaranteed bank obligations against losses and established a $14 billion restructuring fund to provide failing banks with capital in return for equity. In addition to taking over Nordbanken AB, the government created a ``bad bank'' that bought troubled assets at a discount, while leaving financial institutions to manage their more-liquid holdings.

Merging Banks

Norway's government took similar steps by insuring savings and seizing control of the country's three biggest banks. Finland merged more than 40 banks, including Skopbank Ltd., into a government-run entity and moved nonperforming assets to management companies run by its central bank.

While the interventions ``were sweeping and ultimately a success,'' they didn't bring immediate relief to the three countries' economies, as banks cut back on lending and companies and consumers spent less, said Lauri Uotila, chief economist at Sampo Bank, a unit of Danske Bank A/S in Helsinki.

The Finnish and Swedish economies contracted in 1991, 1992 and 1993. Norges Bank calculates that during the early 1990s, output fell 12.3 percent in Finland, 5.8 percent in Sweden and 4.1 percent in Norway. Unemployment didn't peak in Finland until May 1994, when the rate reached 19.9 percent, having fallen as low as 2.1 percent in 1990. Sweden's jobless rate averaged 9.9 percent in 1997, up from 1.6 percent in 1990.

(no texto restante fala-se ainda da bolha que rebentou no Japão no final dos anos 80)

O desafio dos actuais comentadores à presente crise é explicar porque aparece tanto erro económico em tantas crises anteriores (bolhas da internet, do japão, 1929, bolhas do séc. 19 - muito mais localizadas, etc) produzido pelos agentes de forma ciclica.

Quem o quiser perceber tem que olhar para a Teoria dos Ciclos Económicos da Escola Austriaca que tentando bater um recorde de poucas palavras se deve a:

A expansão do crédito por criação monetária estabelece um expansão do investimento não sustentado em poupança real e vountária, parecendo rentabilizar projectos devido a uma taxa de juro artificialmente baixa (dado que o crédito não teve de competir pela poupança existente) e simultâneamente desencorajando a poupança.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sabendo que vai existir bailout ou arriscando que possa não haver?

Goldman to Raise $7.5 Billion From Buffett's Berkshire, Common Stock Sale

Ron Paul, "austrian" economist

"When interest rates are lowered to below what the market rate would normally be, as the Federal Reserve has done numerous times throughout this decade, it becomes much cheaper to borrow money. Longer-term and more capital-intensive projects, projects that would be unprofitable at a high interest rate, suddenly become profitable.

Because the boom comes about from an increase in the supply of money and not from demand from consumers, the result is malinvestment, a misallocation of resources into sectors in which there is insufficient demand." ROn Paul, em comentário na CNN.com

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Humanismo caviar

Humanismo Caviar e Humanismo Caviar (II). Por Rodrigo Adão da Fonseca.

O ataque ao "neo-liberalismo"

O ATAQUE AO "NEO-LIBERALISMO" E O "BACALHAU A PATACO". Por José Pacheco Pereira.

O que para mim é estranho é que nunca vi essa coisa do liberalismo, agora apodado sempre de "neo" para o separar pela palavrinha da sua tradição clássica e lhe dar os tons arrivistas da moda, ser o vencedor, o ganhador, o hegemónico, que os seus adversários dizem que foi ou que ainda é. Nunca vi o liberalismo, como ideia e como prática, ser dominante, a não ser na imaginação dos seus adversários, muito menos ter o papel de hegemonia intelectual e política que se lhe atribui. Na verdade, basta ir aos filmes de Hollywood, cheios de vilões "neoliberais", os yuppies corretores de bolsa, os inside traders, os que controlam as bolsas de mercadorias, seja do porco ou do sumo de laranja, até com Eddie Murphy, para perceber que esse período de glória do "neoliberalismo" deve ter passado ao lado da imaginação popular a não ser como prefiguração do Mal. Hollywood não fez outra coisa nestes anos de suposto apogeu "neoliberal" senão dar-nos Tio Patinhas cada vez piores.

É, nestas alturas de "crise do liberalismo", que eu me sinto mais liberal, que eu tenho mais aguda percepção de como na crítica socialista à "economia do casino" vai um preocupante pacote de restrição de liberdade para as pessoas e para as empresas, de fechamento do mundo, de paroquialismo e intervencionismo e, a prazo, muito maior mediocridade e pobreza remediada do que aquela que a queda do Lehman Brothers e dos seus parentes causa ou pode causar.
No caso português, a coisa é ainda mais alarmante, porque se mistura com o ciclo eleitoral. O que se está a passar com o "conflito" entre o Governo e as "gasolineiras", com o conveniente atiçar do "povo" contra os ricos e poderosos que lhe sugam milhões de euros para viver em plena mordomia, é, para além da encenação, um precedente perigoso para a nossa vida económica e política.

Epistemologia e o sentido prático

Diz Pedro Arroja "E porque é que pessoas informadas, lidas, inteligentes e intelectualmente honestas caem neste pecado? Porque tomam por base a obra de certos autores como von Mises. E estes autores consideram, à la Kant, que a ciência económica é uma ciência lógico-dedutiva derivada de princípios estabelecidos à priori. Em conformidade, a validade de uma teoria económica mede-se pela sua coerência lógica, não pela sua aderência à realidade. Para estes autores, a realidade não interessa para nada no sentido de confirmar ou infirmar as suas teorias."

Repare-se como se pretende fazer a afirmação à priori de que não é possível inquirir sobre as leis económicas pelo apriorismo. Sendo uma contradição em si mesmo, não pode ser verdadeira. Por outro, por via empírica é impossível pretender provar que a lógica-dedução não tem capacidade de deduzir leis da acção humana.

Quanto ao empiricismo, este apenas fotografa e descreve um instante ou sequências de instantes onde está envolvida a subjectividade e o livre arbítrio da acção humana. Pretender estudar a acção humana, chegando a modelos que nos dizem que se a variável X, passa de 1 para 2, automáticamente as pessoas vão comportar-se da forma y, e daí tirar leis universais da economia, como se estudassemos física a partir das suas constantes, é, desculpem-me lá, uma completa estupidez. É uma cegueira que contaminou a economia e que tem produzido toneladas de inutilidades. A econometria e a estatística são úteis como ferramentas que descrevem um passado e tentar fazer previsões assumindo constantes. Mas estas constantes não existem. O ser humano não é uma máquina.

Acrescento que uma teoria consistente não é necessáriamente verdadeira. Mas uma teoria verdadeira tem necessariamente de ser consistente.

Ter em conta que Pedro Arroja fez a afirmação citada no contexto de perguntar se é correcto ou não a acção de nacionalização e forte intervencionismo pelo governo americano, pretendendo demonstrar que os liberais que são contra estão desconectados da realidade e só se preocupam em ser "consistentes".

Em primeiro lugar, ainda antes de discutirmos a tentativa de minorar as consequências é preciso avaliar se no que respeita às causas, existe alguma falha na teoria dos ciclos económicos.

Em segundo lugar, é preciso lembrar que já tivemos outras crises parecidas onde o intervencionismo posterior foi forte para evitar falências bancárias, etc:

- Crash de 1987
- Default dos Russian Bonds
- Long Term Capital

Em todos eles, tiveram lugar injecções massivas de moeda pelos Bancos Centrais e arranjinhos entre a elite de Wall Street para minorar os efeitos e em cada um deles falou-se da questão da regulação, dos riscos sistémicos, etc.

Pois parece que não funcionou.

E eu pergunto o seguinte: será que actual crise na sua enorme dimensão - teria lugar se em cada uma das crises anteriores se tivessem deixado as forças de mercado e o direito (falência) operado na sua totalidade?

Não será que o "sentido prático" de aceitar o intervencionismo citado nos casos anteriores não conduziu directamente à formação da actual crise? Será "prático" e "realista" atirar para a frente uma crise que um dia não terá qualquer tipo de salvação?

Uma nota final sobre a classe priveligiada que enriquece pelos efeitos produzidos pela expansão monetária, que todo o crédito permite para todo o tipo de operações. Todas as operações de salvamento, de uma forma ou outra, protegem esta classe. Existe assim um complexo financeiro-industrial-banco-central que produz toda uma classe beneficiada pela expansão do crédito por criação monetária, que nesses momentos se julgam bigger than life. Nestas bolhas, figuras como Berardo que percebem este movimento, desde que saiam a tempo (não parece ser o caso) acumulam enormes fortunas por este processo.

A realidade

Pedro Arroja escreveu uma história para explicar o negócio bancário e a razão porque vai à falência e esqueceu-se do ponto crucial, a razão porque existem ciclos económicos, porque se formam bolhas de crescimento económico seguidas de recessão e liquidação de negócios e activos:

O facto do Banco emprestar o dinheiro depositado à ordem, em si é grave (e em última análise um problema de direito) mas não é o pior.

O pior é que o Banqueiro para conceder crédito limita-se apenas a fabricar um recibo falso e empresta-o.

Usando o paradigma da banca no tempo em que a moeda era o ouro, sendo este depositado nos bancos contra a entrega de uma nota (recibo de depósito)...

... o banqueiro não se limitava a emprestar o ouro depositado, mas simplesmente fabricava (tal como hoje no actual sistema monetário) notas (recibos) sem para o qual tivesse qualquer ouro depositado para conceder crédito, sendo tratado pela economia como se de ouro real tratasse.

Como se vê, esta nota (recibo de depósito) pode ser considerada falsa e os banqueiros falsificadores.

O efeito económico desta prática sempre foi extremamente preverso e as bolhas e consequentes falências bancárias ao longos dos séculos são conhecidas. A razão pela qual, no entanto, eram acontecimentos localizados era que quando a percepção pelos depositantes era a de que existia muito menos ouro que os recibos produzidos, estabelecia-se uma corrida aos levantamento de ouro, provocando com toda a propriedade a falência da casa bancária, facto que disciplinava pelo medo, as restantes casas bancárias que restringiam esta prática. Mas estando ali disponível era recorrente.

Um ponto importante aqui é que desde cedo, o Estado (na altura o Soberano) incentivava esta prática para financiar os seus deficits. Daí nunca se ter preocupado com a questão da emissão de "recibos falsos".

Esta é uma da razões de resto, para que o negócio bancário tenha estado sempre envolto numa certa áurea de segredismo. Para manter a confiança na casa bancária e ao mesmo tempo auferir do tremento lucro auferido pela simples criação monetária a custo zero cobrando no entanto juros pelo empréstimo concedido, é preciso evitar que se fale muito sobre o assunto. O que é mesmo preciso evitar é algum parvinho que venha apontar o facto de que a totalidade de recibos de depósito é muito maior do que a coisa depositada. Porque isso pode despoletar uma ... corrida de levantamento dos depósitos (obrigando o banco a devolver o ouro depositado).

Passando agora para o significado económico do processo descrito, o investimento realizado com esse crédito por criação de recibos falsos não teve lugar porque um dado conjunto de poupança (moedas de ouro poupadas e emprestadas ao banco para que este realize a sua função de intermediação concedendo crédito a terceiros) foi mobilizado algures na economia.

A repetição desta prática provoca uma expansão do investimento que ilude a economia durante um certo tempo. Baseia-se numa ilusão mas enquanto dura, induz todos os agentes num erro económico de avaliação.

Isso acaba por pagar-se mais tarde ou mais cedo e esse sobre-investimento tem de ser liquidado para restabelecer o equilibrio quebrado.

Reparar que a causa das forças de contração monetária como consequência da falência bancária vem do facto do banqueiro ter inflacionado as notas (recibos falsos de ouro que não existe depositado).

Podemos visualizar o mesmo efeito através da taxa de juro.

Se o crédito é concedido sem captação de poupança, a taxa de juro é mais baixa do que seria se tivesse de competir por essa poupança.

Ora isso encoraja não só mais investimento (mais projectos parecem ser rentáveis) ao mesmo tempo que incentiva o consumo (dado que desincentiva a poupança).

As falências bancárias são a pressão para a quantidade de moeda baixar, resultado da necessidade de liquidar os investimentos e fazer desaparecer a moeda criada para o efeito.


O ciclo de expansão é a doença, a recessão e deflação a cura. Além disso, compreende-se que para os Bancos seja confortável poder emprestar dinheiro sem ter de o captar uma vez que é só criá-lo sem (ou quase) custo.

Notar que existem beneficiados claros: os que em primeiro lugar recebem as novas quantidades de moeda, podem gastá-lo na economia sem que esta se tenha adaptado via subida de preços nominais, os prejudicados são todos aqueles que em média recebem em último lugar essa nova moeda, em geral o sector primário como os agricultores, que quando o recebem já os preços ajustaram em subida.

A realidade é dura mas até simples de compreender.

No sistema monetário actual que só existe depois da nacionalização (roubo) forçado do ouro detido pela população e proibido o seu uso como moeda e impondo umas notas e moedas sem qualquer valor e que podem ser fabricadas sem qualquer custo, a expansão monetária é induzida pelos Bancos Centrais (local onde ficou depositado o ouro nacionalizado) sempre que injectam moeda (reservas) nos Bancos.

A origem da actual crise são os Bancos Centrais e é extremamente irónico que apareçam como salvadores do sistema.

domingo, 21 de setembro de 2008

A CRISE FINANCEIRA E O PRAGMATISMO

João Miranda no DN:

Os mercados não se dão bem com políticos pragmáticos. O bom funcionamento dos mercados depende de princípios abstractos: respeito pela propriedade privada e pelos contratos, integridade da moeda, responsabilidade individual e liberdade contratual. A pior lição que se pode tirar de uma crise é que os princípios são dispensáveis, mas essa é precisamente a lição que os pragmáticos retiram das crises. As soluções propostas pelos pragmáticos tendem a desrespeitar os princípios fundamentais dos mercados financeiros. Por exemplo, a injecção de capital nos mercados mina a integridade da moeda e a nacionalização de empresas falidas transfere responsabilidades individuais para o público em geral. O pragmatismo causa problemas estruturais e torna os mercados financeiros mais propensos a grandes crises. A injecção de dinheiro fácil nos mercados estimula o risco e cria bolhas especulativas. A nacionalização de empresas falidas desresponsabiliza os gestores, credores e accionistas e desincentiva a compartimentação do risco.

(...)

As soluções que os pragmáticos costumam propor em cada crise aparentam ter grandes vantagens de curto prazo. Ninguém vai à falência, ninguém vai para o desemprego. Por algum tempo torna-se possível ignorar a realidade. Mas, a longo prazo, essas soluções contribuem para prolongar e agravar as crises. Existe uma boa razão para que os princípios devam ser sempre respeitados: o respeito permanente por princípios minimiza os efeitos nefastos criados pelo senso comum, pelos interesses de curto prazo e pela arbitrariedade humana.

sábado, 20 de setembro de 2008

Ciclos Económicos: Hayek

A grande falácia das (fracas) tentativas explicações correntes sobre mais esta "bolha que rebenta" (introduzindo a inevitável pressão deflacionária soba forma de Instituições Financeiras perto da falência) é a não explicação para que a generalidade dos agentes tenham avaliado mal o ciclo de expansão vivido anterior. Como é que toda a economia e os seus agentes (digamos assim) avalia mal as operações de crédito, as probabilidades de default, a evolução possível dos preços do imobiliário? Como já antes o fez com as avaliações das internet stocks ou no início do século com as bolhas das empresas de caminhos de ferro e outras conhecidas na história, sendo a mais dramática a que resultou na Grande Depressão, tornado possível pela criação do FED em 1913 que pela primeira vez na história passou a permitir uma expansão geral do crédito/moeda de uma grande economia resultando numa bolha geral que tem necessáriamente de rebentar.

As bolhas têm de começar a ser vistas como a doença e a recessão a cura. O problema é que o intevencionismo económico tende a prolongar desnecessáriamente a recessão, um período onde a relação entre investimento e poupança está a reequilibrar-se. Exemplo disso é a frequência de comentários sobre como é preciso incentivar o consumo, na verdade, a forma mais rápida de ajustamente é mesmo aumentar a poupança para tentar suster o processo de liquidação que se dá sempre com muito maior intensidade nos sectores de produção de bens de capital. Mas o contrário é o advogado, ou seja, a própria origem do fenómeno: um período de incentivo artificial ao investimento e consumo permitido pela ilusão da expansão monetária, o que desequilibra a relação entre a poupança real e o investimento que está a ser realizado.

[Nota pessoal 1: Grande porque Roosevelt a fez Grande com as suas políticas que subverteram a capacidade da economia se ajustar mais rapidamente, como congelar os salários e os preços quando a massa monetária estava a contrair-se e os preços tinham de cair - numa altura de crise e até fome eram habituais a destruição de produção agrícola para suster os preços, foram introduzidas associações proto-fascistas de cartelização para fixar quotas de produção e impedir a concorrência... enfim, mas os mitos do New Deal perduram até hoje ... mas à memória de Roosevelt tudo é permitido, até ter entregue a vitória total da "WWII" ao seu aliado Estaline... nada o chamusca...dado que fazia grandes discursos...suponho que o fenómeno de - ainda - alguma popularidade de Fidel Castro em Cuba devia ser melhor compreendido a esta luz... quem é brilhante nos discursos tudo obscurece...faz parte da natureza humana).]

Atribuir isso a questões técnicas-operacionais como o rating, ânsia pelo lucro, a inovação financeira, a "economia de casino", são explicações que obscurecem o principal culpado: a atribuição de crédito por criação monetária que induz a um ciclo de expansão não sustentado em poupança real e voluntária. Não só a baixa artifical da taxa de juro parece rentabilizar projectos, como faz subir os preços dos sectores que melhor aproveitam a expansão monetária, criando um ilusão de saúde e aumento de produtividade geral na economia.

Culpado? Os Bancos Centrais e o próprio Sistema Monetário, a que podemos classificar de Socialismo Monetário que tem lugar para o Estado financiar os seus déficits quer para facilitar a ilusão que de outra forma existiria pouco crédito/moeda para induzir a expansão económica desejada por todos. Os Bancos limitam-se a concorrer usando a facilidade concedida por legislação que permite multiplicar por mais de 20 (via concessão de crédito por simples crédito na conta de depósitos à ordem de nova moeda) todas as reservas injectadas (moeda criada) pelos Bancos Centrais.

Talvez não seja demais realçar que a corrente descrição nas aulas de economia de que os Bancos são obrigados a ter 2%-5% dos depósitos (o que significa que qualquer corrida aos depósitos acima desse valor deixa os restantes depositantes com um Banco falido à sua frente) em reservas no Banco Central na verdade opera ao contrário:

1- Os BCs criam primeiro novas reservas (nova moeda nas contas dos Bancos junto de si).

2- Em seguida é que os Bancos criam novos depósitos (ao conceder crédito) multiplicando esse valor (digamos de forma aproximada, por cerca de 20 vezes).

A nova moeda entra na economia pelos sectores de investimento a longo prazo, criando uma expansão nestes sectores, o que acaba com recorrência nas bolhas do mercado de acções, nos sectores de bens de equipamento, no imobiliário. Ao mesmo tempo, como a taxa de juro é mais baixa do que o seria naturalmente, a poupança é desencorajada.

[Nota pessoal 2: Parece bem simples de perceber este mecanismo de produção de erro, o qual se enquadra no bom apriorismo da Escola Austriaca onde as verdades económicas no sentido de "leis" são-no na medida em que o apriorismo as consegue provar. O empiricismo nada prova a não ser fotografias-estatísticas do resultado complexo da acção com livre arbitrio do ser humano, cuja complexidade não produz constantes nem equações manipuláveis como se de Física se tratasse.]

[Nota pessoal 3: Onde é que isto começou? Quando o Estado nacionalizou o ouro da população, declarando unilateralmente nulo o contrato civil de depósito (que de resto, por deficiência da ciência jurídica, já era subvertido pelos Bancos para seu próprio interesse, passando até a ser aceite como "legal", mas cuja probabilidade de corrida ao levantamento do ouro, continha essa prática já que aqueles que exageravam na criação de notas/depósitos sem que de facto tivessem o ouro subjacente, ficavam sujeitos à falência. E assim acontecia.).]

Ilusões alimentadas por quase todas as escolas económicas com excepção da Escola Austriaca.

Da introdução de Salerno deixo aqui o que me parece mais relevante.

PRICES AND PRODUCTION AND OTHERWORKS:
F.A.HAYEK ON MONEY, THE BUSINESS CYCLE, AND THE GOLD STANDARD (pdf)


Edited with an Introduction by Joseph T. Salerno:

"(...) In brief Hayek contends that an artificial manipulation by government of the interest rate creates a subsidy of credit that causes entrepreneurs to bring forth projects that were hitherto marginal. In reality, the consumers do not want the goods of these projects, so there is a misallocation (malinvestment) of resources. A careful reading of these early Hayek essays pre-empts the modern debate over rational expectations and shows that the cluster of errors can be avoided by his steadfast commitment to methodological individualism.

(...)
This presents a temptation for theorists to overemphasize interest rate changes, despite the fact that they only affect the risk of highly leveraged firms. In many cases the volume of credit, raw money creation by the Central Bank, seems a more realistic variable than the rate of interest."

(...)In this article he proceeded to demolish Knight’s claim that capital, once accumulated, was a permanent fund that perpetually and automatically reproduced itself without regard to human purposes and the prevailing conditions of scarcity. Hayek trenchantly characterized Knight’s notion of capital as “a pseudo-concept devoid of content and meaning, which threatens to shroud the whole problem in a mist of words.”

“The Paradox of Saving,” which was for Hayek “the beginning of a continuous development of thought” that shaped his research agenda throughout the 1930s, was a critique of the underconsumptionist approach to depression."


Monetary Theory and the Trade Cycle (1933) . . . . . . . . . . . . 1
Preface by F.A. Hayek . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.The Problem of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.Non-Monetary Theories of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Monetary Theories of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.The Fundamental Cause of Cyclical Fluctuations . . . . . . . . . . . . . . 73
5. Unsettled Problems of Trade Cycle Theory . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
The “Paradox” of Saving (1929, 1931) . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Prices and Production (1931, 1935) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Preface to the Second Edition . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Lecture 1: Theories of the Influence of Money on Prices . . . . . . . . . 197
Lecture 2: The Conditions of Equilibrium between the Production
of Consumers’ Goods and the Production of Producers’ Goods . . . 223
Lecture 3: The Working of the Price Mechanism in the Course
of the Credit Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Appendix to Lecture 3: A Note on the History of the Doctrines
Developed in the Preceding Lecture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
Lecture 4: The Case For and Against an “Elastic” Currency . . . . . . . 283
Appendix to Lecture 4: Some Supplementary Remarks on
“Neutral Money” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
Capital and Industrial Fluctuations: A Reply to a Criticism . . . . . . . 305
v
vi Prices and Production and Other Works
Monetary Nationalism and International Stability (1937) . . 331
Preface . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
Lecture 1: National Monetary Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
Lecture 2: The Function and Mechanism of International Flows
of Money . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
Lecture 3: Independent Currencies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367
Lecture 4: International Capital Movements . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385
Lecture 5: The Problems of a Really International Standard . . . . . . . 403
Reflections on the Pure Theory of Money of
Mr. J.M. Keynes (1931, 1932) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
The Mythology of Capital (1936) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 487
I. Professor Knight’s Argument . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
II.On Some Current Misconceptions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 495
III. Professor Knight’s Criticism Based on a Misunderstanding . . . . 501
IV. His Own Position Prevents Him from Giving Any
Explanation of How the Limitation of Capital Restricts
the Increase of Output . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505
V. An Erroneous Assertion Following from His Fundamental
Position: The Value of Capital Goods When Interest
Disappears . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514
VI. Problems of Capital and “Perfect Foresight” . . . . . . . . . . . . . . . . 517
Investment That Raises the Demand for Capital (1937) . . . 521
The Relative Significance of the Amount of Investment and
of the Form That It Takes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524
“Completing Investments” and the Rate of Interest . . . . . . . . . . . . . . 526
Causes of an Urgent Demand for Funds for Completing
Investments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 528

Sobre o Liberalismo radical (segundo Pedro Arroja)

A única realidade que eu conheço como verdadeiramente radical é a presunção que será o Estado a salvar o Homem, apesar de ser a partir de dele que existe o assassinio (guerras) em massa ou o roubo (por exemplo: a nacionalização do ouro) em massa.

Em si, este pensamento de salvação através da Vontade Geral é uma Blasfémia para o bom pensamento cristão e uma ameaça à própria ICAR.

Mises, Hayek e Rothbard no que respeita aos ciclos económicos partilham da mesma razão: O seu pior efeito é conseguir com que até liberais que deviam saber melhor, a culpar os gentes que apenas respondem às interferências do socialismo monetário.

A única explicação que encontro, é outra blasfémia: uma certa e imperceptível religião civil que coloca a acção do Estado acima da Moral e do Direito (daí ser capaz de assassínio e roubo em massa sem que nada o atinja, não admira que todos queiram o poder político - ter poder político é poder estar acima da Moral e Direito).

No caso das crises financeiras, recorrentes ao longo dos séculos, mas cujos efeitos são cada vez menos localizados e mais globalizados e simultâneos, só existe um culpado: As elites políticas e económicas que se acham no direito de interferir na liberdade monetária.

Os Escolásticos já o diziam, que o Príncipe cometia uma forma de roubo ao interferir e inflacionar a moeda.Continua assim. Se esta crise passar, o problema vai ser apenas atirado para a frente mas com aidna mais potencial violência.

Estou convencido que será uma questão de tempo até ter lugar o total colapso monetário e financeiro.

Não será agora, mas a cada crise a solução é sempre a mesma, apadrinham fusões e aumentam o problema do "too big to bail".Um dia será assim, "too big to bail", nem todas as Xerox nos Bancos Centrais conseguirão parar um Bank Run simultâneo e global.

A culpa intelectual dos liberais é maior do que a dos não liberais.

Mais déficit e inflação

Paulson Faces Demands From Democrats as He Sells $800 Billion Bank Rescue

Regulamentação

Se acham mesmo que é necessário regular mais, estranho muito que:

1. não proponham no mínimo subir as reservas obrigatórias dos Bancos (o natural seria 100% sobre os depósitos à ordem, e não seria uma "regulação" ... seria assim como que repôr a legalidade) - estranha-se que tal nem sequer tenha sido mencionado após as falências bancárias de Bancos com depósitos em Inglaterra e nos EUA.

2. Quanto aos Bancos de Investimento, embora seja contra tal regulação, estranho que os seus defensores não proponham o controle do mismatch entre o seu activo e passivo, ou seja, o facto de concederem crédito a longo prazo (como o crédito à habitação) e financiarem-se a muito curto prazo, torna-os dependentes da boa vontade de renovação desses financiamentos de curto prazo.

Mas já há muito tempo que se considera natural financiar a longo prazo financiando-se a curto prazo. Depois se estes últimos se recusam a renovar o financiamento ... vêm culpar os "novos intrumentos financeiros".

The Fall of



"Ron Paul reminds me a senator who could save Rome but almost no one listened to him"

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ETF Gold

Negociado como uma acção, bateu hoje o recorde de volume negociado, subindo 10% num dia, com 67M títulos negociados para uma média de 3 meses de 14M.

Ticker GLD.

Another day, another bailout

Mais 85 biliões Usd criados via "Xerox" para comprar 80% da AIG.

PS: Ron Paul, o Profeta (via LRC)

Artigo de Ron Paul sobre Fannie and Freddie há 5 anos atrás:

Ron Paul in the House Financial Services Committee, September 10, 2003

(...) This explicit promise by the Treasury to bail out GSEs in times of economic difficulty helps the GSEs attract investors who are willing to settle for lower yields than they would demand in the absence of the subsidy. Thus, the line of credit distorts the allocation of capital. More importantly, the line of credit is a promise on behalf of the government to engage in a huge unconstitutional and immoral income transfer from working Americans to holders of GSE debt.(...)

Ironically, by transferring the risk of a widespread mortgage default, the government increases the likelihood of a painful crash in the housing market. This is because the special privileges granted to Fannie and Freddie have distorted the housing market by allowing them to attract capital they could not attract under pure market conditions. As a result, capital is diverted from its most productive use into housing. This reduces the efficacy of the entire market and thus reduces the standard of living of all Americans.

(...) Perhaps the Federal Reserve can stave off the day of reckoning by purchasing GSE debt and pumping liquidity into the housing market, but this cannot hold off the inevitable drop in the housing market forever. In fact, postponing the necessary, but painful market corrections will only deepen the inevitable fall. The more people invested in the market, the greater the effects across the economy when the bubble bursts."

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O pior dos ciclos económicos

... é tornar as pessoas (ainda mais) desconfiadas do capitalismo, quando o processo de liquidação e recessão é apenas a correcção do socialismo monetário.

"Austrian Economics" precisa-se.

The Austrian Theory of the Trade Cycle


Compiled by Richard M. Ebeling

Copyright 1996 by The Ludwig von Mises Institute

Download the complete book in pdf format.

Mises at a Cafe Introduction: The Austrian Theory in Perspective
Roger W. Garrison

The "Austrian" Theory of the Trade Cycle
Ludwig von Mises

Money and the Business Cycle
Gottfried Haberler

Economic Depressions: Their Cause and Cure
Murray N. Rothbard

Can We Still Avoid Inflation?
Friedrich A. Hayek

The Austrian Theory: A Summary
Roger W. Garrison

A culpa é sempre do capitalismo

Definir o capitalismo é muito fácil. Por André Abrantes Amaral.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

tradição

Os liberais são tradicionalistas. Eles acreditam que uma sociedade será tanto mais livre quanto assentar na evolução das suas instituições, imunes a rupturas revolucionárias e a manobras de engenharia social, que se vão transformando pela selecção natural dos melhores procedimentos sociais, as regras de justa conduta. O conceito de ordem espontânea, nuclear ao liberalismo clássico, pressupõe, por outro lado, a justaposição natural e voluntária dos comportamentos individuais, preferencialmente sem intervencionismos externos ao livre-arbítrio individual. Neste processo de ordenação, a tradição representa o conhecimento e a experiência acumulados, ao longo de muito tempo, pelas gerações precedentes. Impedir ou dificultar a sua livre circulação pode provocar danos sociais irreparáveis.

A religião é a forma mais antiga e expedita que as sociedades encontraram para formular, apurar e transmitir aos vindouros algumas das mais importantes regras de vida comunitária. Desde logo, os princípios éticos e morais considerados fundamentais em cada uma das sociedades que os praticam. A moral não subsiste à margem da sociedade. Ela existe precisamente por vivermos em contacto permanente com os outros, e estabelece essencialmente as regras de justa conduta que devemos observar para com o nosso semelhante e, desde logo, connosco mesmos.

O Ocidente assenta, desde há muito, a sua civilização, isto é (para evitar mal entendidos), as suas concepções societárias nucleares, na tradição, na cultura e na religiosidade cristãs. Por conseguinte, incorporou nos preceitos essenciais das suas religiões as regras morais e os procedimentos sociais fundamentais, que foram burilados e seleccionados ao longo de séculos. Essa informação é um capital societário precioso, que não deve deixar de ser transmitida geracionalmente, aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos. A alteração desta ordem natural das coisas é uma intervenção vertical inadmissível sobre a ordem social espontânea, e representa o que há de pior na mentalidade totalitária. É jacobinismo e, como sabemos, o jacobinismo situa-se nos antípodas do liberalismo.

Posto isto, é óbvio que a religião não tem lugar nas aulas de ciências da natureza, de física ou de geografia. O lugar próprio dessa tradição são as disciplinas de moral e religião, onde ela deve ser transmitida, sem esconder ou ocultar a existência de outras perspectivas e outros pontos de vista. Numa sociedade livre, a escola pública não deve ser alheia, menos ainda avessa, à tradição comunitária. Deve reflectir essa tradição, incorporá-la e transmiti-la. Naturalmente que, numa sociedade livre, o ensino e a escola poderão resultar da livre associação dos interessados. Não tem que ser um serviço eminentemente público. Logo, quem não se sinta confortável, por motivos religiosos ou outros, com a tradição comunitária (seja ela qual for) da sociedade em que vive, poderá sempre ter a liberdade de ensinar aos seus filhos uma outra forma de encarar as coisas, por associação com outros que pensem do mesmo modo. Desse ponto de vista, nada há a temer: as sociedades ocidentais já produziram e incorporaram o laicismo e a tolerância suficientes, e geraram um número mais do que suficiente de incréus capazes de se organizarem e constituírem as suas próprias instituições educativas. Mas que elas sejam alternativas às tradicionais e não substitutivas, como parece estar a acontecer entre nós.


P.S.: O meu caro amigo CAA espantou-se, aqui, com o que aqui leu. Eu espanto-me com o espanto do CAA. É que este tipo de ateísmo, que o Carlos tanto parece apreciar, não é uma causa, mas antes uma consequência. Não deve, por isso, ser motivo de espanto.

Transparência

Fed Direct Loans Lose Stigma as Banks Push Borrowing to Record

(Bloomberg) -- Commercial banks that a year ago rebuffed a Federal Reserve program to provide cheaper cash may be increasingly dependent on it. Borrowing from the Fed's discount window hit record levels in six of the past eight weeks, and reached $23.5 billion as of Sept. 10, Fed data show. By comparison, lending averaged just $779 million a week in the three months after New York Fed President Timothy Geithner urged banks to use the program.

PS: os $23.5 billion emprestados aos bancos não resultam de poupança de ninguém, representam simples criação de moeda.

Seria bom saber, a bem da tão apregoada "Transparência dos Mercados" e até coercivamente forçada no mercado de capitais, quem e quanto utiliza tais facilidades.

A mim parece-me bem ser uma "informação [bem] relevante" a ser publicada no site da CMVM.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Socialismo na América

Bloomberg: Paulson Is Acting Just Like a Socialist, Should Resign Post, Bunning Says
Sept. 9 (Bloomberg) -- Senator Jim Bunning said Treasury Secretary Henry Paulson, by rescuing Fannie Mae and Freddie Mac, is acting like China's finance minister and both Paulson and Federal Reserve Chairman Ben S. Bernanke should step down.`I sincerely believe that Henry Paulson and Ben Bernanke should resign,'' said Bunning, a Republican from Kentucky on the Senate Banking Committee. ``They have taken the free market out of the free market.''

CNBC: Jim Rogers: US 'More Communist Than China'


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Escola Austriaca e as outras: Utilidade Cardinal e Ordinal

A propósito de uma discussao passada no Insurgente e sobre como o agora (será mesmo?) aceite conceito de utilidade ordinal tentou ser negado a todo o custo pelo "mainstream" até (como de costume) que depois aparentemente sem declarar derrota, passam a adoptar o conceito de origem "austriaca" como se até o tivessem sempre feito desde sempre ao ponto dos actuais neo-clássicos ou outros, acharem estranho que se aponte o facto, dando ideia que no fundo, isso já é desde sempre aceite pelos economistas (o que é uma tentativa de querer passar a ideia mais uma vez da suposta irrelevancia dos "austriacos"), encontrei nestas notas de um cursos sobre o Human Action de Mises (LvMI):

http://blog.mises.org/archives/002102.asp

"Choice and Preference

Choice is choosing between two alternatives.

Preference is just our ranking of the alternatives in the ordinal sense (e.g., 1st, 2nd, 3rd, etc).
Praxeologically, preference is part of action. There is no such thing as preference separate from action, and thus no such thing as a ?preference map? existing separately from action.
Preference can only be demonstrated through action; there can only be demonstrated preference. Thus, we often times cannot know very much about an individuals value-scale, except what can be deduced.

Value

Value is subjective: that is, it is in the human mind and lacks extensive objective property; value does not exist outside of the human mind.

Because value is subjective and wholly in the human mind, it can not be measured.

Value is the state of mind we have; thus, there are no cardinal units of value (e.g., 1.5utils), as such is non-sensical; thus, we cannot add or subtract value, nor do any other mathematical manipulations of it.

Values are not constant, but are constantly changing.

There are no constants that relate our actions to objective conditions.
Value is not a cipher through which, influenced by external factors, preference determines action.

Mainstream economists have tried to use cardinal rank to represent ordinal rank; thus, they arbitrarily assign numbers to ordinal rankings:
e.g.,A -- 95B -- 85C -- 75

However, as Austrians note, A, B, and C are not like grades, but are states of mind.
Cardinal numbers are not a representation of ordinal rank: they are a ?representation? plus a quantitative difference between the rankings.

The mainstream response was to do linear transformations, which don?t change the function, but only the gap-size.

The Austrians responded that linear transformations don?t change the ratios. The only way to ?represent? ordinal ranks would be through all cardinal functions.

The mainstreamers then tried to use the concept of indifference -- the possibility of being indifferent between two options -- to equate utility:

Leap of FaithThis is wrong: to say that someone is indifferent is to say that they can?t make a choice; if they can make a choice, then they were not indifferent; however, to say that someone can?t make a choice is not to say that he or she equates utility.

(...)

Indifference does not explain action, but only inaction.

Indifference is not a useful economic theoretical concept, as indifference cannot be revealed through action, nor can indifference explain action. Indifference is only useful to psychologist, entrepreneurs, and forecasters.

Continuity: assumption that indifference is infinitesimal, smooth. In reality there is no reason to think that economic phenomena are continuous.

Assumption that utility function is constant, so that we can empirically measure a demand curve. This is flatly wrong, as peoples valuations are constantly changing.

Summarily, indifference is simply an equivocation that allows economists to get to cardinal utility. Bah humbug."