quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Mito da quantidade de dinheiro

Carlos Santos num comentário a um post:

"Ora imagine que a produção de bens e serviços aumenta. Pelo menos para financiar a aquisição de acréscimo de produção, concordará que a moeda em circulação deverá aumentar? É que de outra forma, se me responder pela via da oferta e da procura e me disser que os preços vão descer, eu pergunto-lhe qual é o estímulo para o aumento da produção por parte de produtores individuais descentralizados? Acreditando que todos nós pensamos que o empresário se move pelo motivo lucro, que ganho teriam os empresários em aumentar a produção se a consequência fosse a descida do preço? A consequência seria a economia como perpetuação de um equilíbrio estático, em que por a quantidade de moeda ser sempre a mesma, o volume de produção seria também o mesmo aos mesmos preços. Acha que é isto que a História Económica demonstra? Ou a História Económica é também um domínio demasiado schumpeteriano para sujarmos aí as mãos?"


Bem...

A quantidade de moeda pode ser fixa que isso em nada afectaria o funcionamento da economia. Os custos baixariam, e a taxa de lucro manter-se-ia intacta. Tal com acontece em muitos sectores de tecnologia.

E o crescimento económico significa sim, descida de preços. Quando um produto desce de preço é porque o seu custo diminuiu, o rendimento que sobra permite adquirir ou mais ou novos produtos. E isso só não é visível em termos nominais por causa da inflação de preços induzida pelo aumento da massa monetária. Depois da revolução industrial e durante o século 19 era habitual os preços descerem.

Aliás, em termos abstractos qualquer quantidade de dinheiro seria suficiente. Podia existir apenas um Kg de ouro, que isso chegaria. Era apenas uma questão de divisibilidade, coisa fácil por certificados.

Os preços nominais ajustam tudo o que fôr necessário. O impostante mesmo é por prioridade:

- não existir deflação/contração da quantidade de moeda
- a massa monetária aumentar num rácio pequeno e estável equilibrado por um qualquer custo marginal (caso da prospecção do ouro, cujo incentivo é proporcional à descida de preços).

Já agora, quanto a outras afirmações:

"o que tenho lido do CN parece-me que qualquer coisa a menos que a descoberta de novas minas de ouro é um “fenómeno monetário falsificador”"

Bem, o processo de criação de notas de depósito sem existência do ouro depositado pode ser considerado "falsificador". Esse foi o processo pelo qual o padrão-ouro foi subvertido primeiro pontualmente (as corridas aos depósitos corrigiam a situação funcionando como punição) que conduz a crises (ciclos), e depois de forma sistémica (devido aos Bancos Centrais) onde depois os Estados finalmente nacionalizam (roubam) o ouro depositado (pelo fim unilateral da obrigação contratual) e declaram a proibição do seu uso como moeda.

Como se vê, o actual sistema nasceu em pecado original.

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