E que tal acabar com um sistema monetário artificial imposto a todos os aforradores que permite a concessão de crédito pela pura criação de moeda em vez de captação de poupança prévia a esses mesmos aforradores?
Trichet podia começar por ler a "Teoria de Moeda e Crédito" de Mises escrito em 1913. E deitar fora toda a literatura misticista acientifica que faz da moeda uma espécie de Santo Graal. É necessário crédito ao investimento? Emitir moeda. Crédito ao Estado? Emitir moeda. Surgem problemas monetários com origem no excesso de crédito (dada a emissão de moeda)? É emitir ainda mais moeda. Injecções. Um dia deixam de encontrar a veia.
PS: Claro que isso implicaria os Bancos Centrais deixarem de existir, ou se a existirem, podiam era auditar cada banco que emitisse a sua própria moeda fosse totalmente claro e transparente quanto ao contrato implícito nas suas notas e depósitos, descrevendo que sistema de reservas aplicaria às suas emissões.
O que faria com que qualquer emissão com reservas abaixo de 100% tivesse de ser trocado a desconto e não fungível com emitentes com reservas de 100%. E assim sendo, um sistema de reservas de 100% (ouro/prata/etc) seria o resultado natural da concorrência livre entre emissores.
Já agora, um argumento demonstrativo que me parece simples é que se as notas e depósitos dos emitentes com reservas parciais fossem aceites por alguém ao seu valor facial ou nominal (ex: notas para o qual o ouro realmente detido em cofre constituia apenas 20% do valor total em circulação), um investidor poderia contrair um empréstimo de notas (com reservas parciais, o que significaria que este banco estava a expandir a sua base de emissão e ao mesmo tempo a reduzir ainda mais as reservas) e comprar notas com reservas 100% (às notas e depósitos à ordem correspondia ouro realmente depositado e à ordem em custódia) com o qual concederia crédito pelo mesmo prazo (o que não faz por si expandir a quantidade de moeda como com o banco a quem pediu crédito). Trocaria assim uma moeda em inflação contra uma moeda sem inflação pelo mesmo valor facial. Isto até o mercado começar a aplicar um desconto ao emitente com reservas parciais, altura em que poderia voltar a comprar notas do banco de reservas parciais para pagar o empréstimo inicial e ainda sobrarem notas do banco com 100% reservas.
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