Estou "muito satisfeito comigo mesmo". Em 2003 escrevi neste blog:
O deficit, o BCE e o preço do Federalismo
"(...) O BCE tem a característica única de financiar os deficits de vários Estados. Assim, o nosso esforço de contenção, que resulta na contenção da emissão de dívida pública e consequente menor emissão monetária, é diluído no todo que perfaz o total de emissão de dívida pública de todos os Estados que participam no BCE e o reflexo correspondente na emissão monetária de Euros.
O BCE está assim dependente da autocontenção de cada um dos Estados, mas onde cada um poderá beneficiar da contenção relativa dos restantes ou ser prejudicado pelo agravamento dos deficits dos restantes participantes na moeda única. O BCE baseia-se num equilíbrio económico e político delicado.
É possível imaginar, em situações de desequilíbrios económicos sérios, sempre inevitáveis devido à presença do Estado na economia e em especial no monopólio da emissão monetária, que tenha o BCE de se recusar a financiar montantes adicionais da dívida pública de um dos Estados especialmente mal comportado.
A ameaça de multas só funciona enquanto ameaça. Perante uma situação de facto, qualquer multa aplicada terá de ser financiada por mais dívida pública do Estado prevaricador. O único instrumento real de contenção é a recusa do BCE em comprar a dívida pública do Estado em causa. (...)"
E em Outubro de 2009 no Novo Rumo: O deficit, o BCE e o preço do Federalismo (revisitado)
"Em conclusão:
Um dia, institucionalmente a UE vai perceber que o BCE vai ter de colocar limites àquilo que compra ou financia aos bancos de dívida pública e até privada europeia, para injectar moeda e para suportar deficits públicos e crises financeiras privadas.
Nesse momento, a tensão será enorme e um ou vários países vão pôr em questão a sua presença na moeda única. Isto porque não é indiferente o BCE comprar em valor absoluto e em termos relativos a dívida deste Estado ou do outro.
Aliás, seria curioso conhecer a composição exacta da dívida pública e privada (!) financiada nestes últimos meses, isto numa altura em que o Congressista americano Ron Paul pressiona a passagem de uma resolução a estipular a capacidade do Congresso em efectuar auditorias ao FED.
O que é pouco percepcionado no sistema político é que os Bancos Centrais têm um enorme poder executivo não orçamentado(quando fabrica moeda e compra ou financia activos, isso não tem qualquer expressão nos orçamentos dado que tem lugar por pura manipulação da quantidade de moeda a circular) dada a sua capacidade para decidir por exemplo de forma directa e indirecta quem vai à falência ou não na medida em que decide que activos compra e financia por emissão pura de moeda."
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