Os comentários aos excelentes textos do João Miranda perguntam com insistência: "Mas acha que o mercado resolve isso?"
Na verdade, se formos exactos, não é o "mercado" que resolve os problemas da poluição, nem qualquer outro. São os proprietários. Se existirem. Todo a complexidade de um processo social livre é na verdade baseado simplesmente no acumular de decisões autónomas por parte de proprietários (que inclui a propriedade do seu corpo e a sua capacidade de estabelecer acordos de troca pela sua força de trabalho).
Gostava de acrescentar no entanto que nem sempre os proprietários procuram "maximizar" lucros. E ainda bem.
Quanto a propriedade era um património mantido no seio de uma familia (no qual, a herança transmitida para um único herdeiro é uma condição quase essencial de preservação - costume posto em causa coercivamente por legislação), toda uma comunidade cuidava dela como um valor que transcendia qualquer noção de lucro imediato. E diga-se que assim era, quer em familias abastadas quer nas mais modestas. O mesmo pode ser referido em pequenas propriedade comuns de escala humana e que existiam mesmo nas nossas aldeias.
Todos os problemas de poluição e destruição de recursos devem-se a deficientes definições de direitos de propriedade e um sistema legal que não os protege através de litígios civis. Toda pobreza do terceiro do mundo carece do mesmo problema. É irónico que quer para um quer para outro, a solução apontada seja sempre o da globalização politica por parte dos anti-globalização.
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