quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Verdade Inconveniente

É habitual lermos como no actual sistema monetário estatista, os bancos têm de colocar reservas no Banco Central, na proporção de 5% dos seus depósitos de clientes.Mas o que acontece na verdade, é que os Bancos Centrais criam reservas no sistema (pela compra de activos ao sistema financeiro, dívida pública e recentemente até carteiras de crédito à habitação), a Banca no seu todo, tende a conceder crédito criando moeda sobre a forma de novos depósitos (quando uma empresa recebe um crédito a banca só tem de, por mero movimento contabilístico, creditar a sua conta de depósito à ordem) até tendencialmente um valor de 20 vezes (100/5) o valor das novas reservas.

Assim, quando o Banco Central criando moeda, compra activos (por exemplo, dívida pública), digamos no valor de 1 Milhão de Euros, o sistema bancário vai poder, por pura criação monetária, conceder crédito adicional no valor de 20 Milhões de euros. Na verdade, quando o próprio Estado precisa de crédito no valor de 20 Milhões de Euros (por emissão de nova Dívida Pública), para isso basta o BC comprar Dívida Pública detido pelo sistema financeiro no valor de 1 Milhões de Euros, e este mesmo sistema financeiro vai poder creditar as contas à ordem do Estado em 20 Milhões de Euros. [Assim, não são os bancos que depositam reservas no BC. É o BC que cria reservas de forma a tornar possível a expansão de crédito].

Mas voltando ao exemplo do crédito concedido ao investimento privado, são assim 20 Milhões de euros para o qual não foi exigida a disputa pela poupança existente, porque esse crédito é concedido por pura "emissão (fotocópias) de notas".O que significa simplesmente que esse investimento não está suportado em poupança real, nem a taxa de juro é a de mercado livre (será por definição mais baixa do que seria se não existir criação de moeda), nem a economia tem a certeza que exista poupança suficiente (em montante e em prazo) para suportar o tempo necessário para que o investimento comece a produzir riqueza real.

Esta é a simples verdade inconveniente.

Este sistema estatista e compulsório está na origem dos ciclos económicos (incluindo a Grande Depressão), na inflação continuada de preços, e tem subjacente uma redistribuição de riqueza a favor de quem beneficia em primeiro lugar no tempo, das novas quantidade de moeda criada (sistema bancário e grandes empresas credoras) para prejuízo de todos os outros (em especial, de quem em média, é o último a receber essas novas quantidades, já que quando as recebe já os preços reflectiram o efeito inflacionista enquanto os primeiros utilizam a nova moeda sem que essa subida tenha operado através da economia.

Claro que é este o sistema que sustenta os déficits crónicos via monetização directa e indirecta da dívida pública e que torna possível o crescimento sem regresso do peso da despesa do Estado na economia (que tem vindo a crescer década a década mesmo nos mais "capitalistas" dos países como os EUA).

O sistema é instável por natureza e ilude-se perante a capacidade dos Bancos Centrais de implicitamente poderem garantir potencialmente todos os depósitos por pura criação monetária (ver o recente caso inglês) e/ou resolverem as crises que vão surgindo patrocinando a compra dos Bancos "aflitos" por entidades maiores.

Mas um dia, nem essa garantia funcionará, dada a dimensão dos "aflitos". Os mais espertos perceberão que devem de imediato levantar todos os depósitos e trocar por valores reais líquidos (ex: ouro e prata) porque ou:- a criação monetária terá implícita a subida de preços- ou existe a ameaça de suspensão coerciva dos levantamentos de depósitos.

Os irremediáveis optimistas quanto à capacidade de um conjunto de economistas académicos conseguirem "cientificamente" controlar o crescimento da massa monetária dirão que é uma questão de ter as pessoas certas no lugar. Mas um sistema monetário livre (que inevitavelmente cairá no uso do ouro e prata e outros equiparáveis) faz isso tudo.

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