Aprender a lição. Por Rui A.
No seguimento da revolução de 1820, o “liberalismo” português iniciou um ataque sistemático e reiterado à Igreja Católica. É duvidoso o panorama pintado por alguns defensores das medidas de que o domínio da vida portuguesa por parte daquela instituição fosse asfixiante e inibidor da liberdade. De resto, os ataques que lhe foram movidos foram à sua propriedade (a abolição e consequente confisco dos bens das ordens masculinas, em 1854, por Joaquim António de Aguiar, a posse dos bens das ordens femininas por parte do estado) e aos seus costumes internos (a proibição do uso público dos hábitos talares, após a implantação da República), pelo que não se vê como poderiam diminuir os excessos de que era acusada.
Estas medidas, que repugnariam a qualquer verdadeiro liberal, já que questionavam a propriedade legítima e a liberdade de organização, foram a marca do “liberalismo” português. Elas ofenderam uma instituição tradicional portuguesa e puseram em causa costumes e práticas ancestrais. Em suma, a ordenação espontânea e secular da sociedade portuguesa. Isto, que nada tem a ver com o liberalismo clássico, marcou a doutrina liberal durante décadas e afastou-a do seu espaço político natural, que deveria ser a direita.
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