terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O usual: "fornecer o crédito necessário para restaurar o crescimento económico"

"“O governo vai assegurar que os bancos têm o capital e a liquidez que precisam para fornecer o crédito necessário para restaurar o crescimento económico”, adiantou o Tesouro norte-americano, num comunicado conjunto com outros reguladores do país, citado pela agência Bloomberg. "

Mas:

- A crise (o processo de cura da doença anterior - expansão e bolha artificial fomentada/ financiada por pura criação de moeda e crédito em vez de captação e intermediação de poupança prévia e voluntária) não "passa" com mais crédito (criado do nada) mas sim com a recomposição da relação entre poupança real (através de menor consumo) e o investimento (por liquidação e reafectação de recursos).

- O crescimento económico não tem origem no "crédito", mas sim no processo de poupança e investimento. Taxas de juro aritificialmente baixas fomentam o crédito e desmotivam a poupança, o que está na origem das bolhas temporárias seguidas de recessão e crises bancárias.

- No imediato, os bancos não precisam apenas de "liquidez" (moeda) para conceder crédito mas sim para terem reservas (moeda depositada junto do Banco Central) suficientes para poderem fazer face a levantamentos potenciais de depósitos/aplicações e linhas de financiamento.

PS. Hoje as corridas aos bancos acontecem via pedidos de transferência ou por linhas de crédito monetário recusadas por outros bancos. Por isso os Bancos Centrais injectaram liquidez em quantidade nunca experimentadas e que potencialmente podem vir a gerar inflação nominal (já existe inflação se considerarmos que sem intervencionismo os preços caíriam), assim essa liquidez comece a ser multiplicada (concessão de crédito por criação de depósitos) em vez de estar para já retida pelos Bancos na "base monetária" (notas e moeda física em circulação mais reservas junto dos Bancos Centrais).

PS2: A pedra de toque do discurso irracional e até disfuncional da doutrina económica vigente (desde Keynes) é considerar o crédito como uma variável em si mesmo, separada do processo de poupança.

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