terça-feira, 26 de junho de 2007

Economia

O capital (poupança), como é percepcionado de forma corrente, não serve para investir na compra de equipamentos, terrenos, etc. Todo esse investimento poderá em abstracto ser efectuado com o pagamento de rendas, digamos, mensais.

A poupança (e que tem de ser óbviamente prévia) aplicada em capital, permite sim adiantar receitas de vendas ainda não recebidas e que nem sequer são certas, aos trabalhadores (e ainda as rendas sobre o equipamento/terrenos/etc).

Só este ciclo iniciado pela poupança, torna possível que se formem novas actividades que esperançadamente vão permitir a descida de preços, ou seja, crescimento económico (isto é, mais bens e serviços são produzidos/consumidos por cada hora de trabalho).

É por isso que, por exemplo, quando o preço de um determinado produto baixa porque passou a ser produzido de forma mais barata noutro local do mundo (local do mundo este onde provavelmente os salários estão a aumentar), essa baixa de preço permite que mais produtos sejam consumidos (novos produtos estes que serão produzidos com os recursos libertados).

A divisão entre poupar e consumir é uma escolha individual. O exemplo mais primitivo de poupança nula são as tribos antropófogas, para quem nem sequer à segunda forma mais primitiva - a de escravizar pessoas para estas produzirem trabalho em vez de as comer - consegue chegar porque não concebe esperar qualquer intervalo de tempo para atingir um fim.

Esperar, poupar, pode assim ser visto como um sinal de progresso.

Embora para todos seja preferível ter algo mais cedo do que mais tarde. Por isso exigimos um juro sobre aquilo que poupamos. É o prémio exigido para afastarmos temporáriamente a possibilidade de consumo.

Esse prémio será pago por todos aqueles que acham que aplicando essa poupança numa qualquer actividade (a qual com toda a probabilidade durante um determinado periodo de tempo vai dar prejuizo, servindo assim a poupança para pagar salários apesar de não existirem sequer quaisquer receitas) conseguirá gerar vendas que cheguem pelo menos para pagar esse prémio - a que naturalmente chamamos de Juro - ao aforrador (o que só acontece quando as vendas já cobrem os salários e restantes rendas/custos).

A taxa de juro expressa o prémio exigido para não consumir. Quando a sociedade no seu conjunto aumenta a relação poupança/consumo tal expressa-se numa taxa de juro mais baixa o que torna possível que se constituam mais novos processos produtivos do que anteriormente (quando a taxa de juro era mais alta) - já que agora, as vendas podem ser um pouco menos superiores aos custos (e o preço unitário assim ser menor).

Quando uma determinada empresa consegue que as vendas sejam superiores aos custos num tal valor que se traduz num Juro superior ao normalmente exigido pelos aforradores/investidores, tal induz a investimento adicional no aumento da produção (pela própria empresa ou por concorrentes) porque naturalmente existirá sempre poupança a ser canalizada para investimentos que prometam um Juro superior ao "normal" (ajustado pelo maior ou menor risco/incerteza associado a essa actividade).

Numa economia não monetária, "poupança" poderá significar acumular alimentos e outros bens essenciais, a serem empregues como capital (ou seja, salários e rendas a serem adiantados-pagos a trabalhadores antes sequer que existam vendas).

Numa economia crescentemente sofisticada (crescente divisão e especialização do trabalho), existirão bens que começam a assumir a função de moeda. Esse bem, como o Ouro, tende a ficar depositado em vez de circular fisicamente, depósito este efectuado contra a entrega de um certificado. As taxas de juro expressam assim um prémio em quantidade desse bem, a ser pago no fim de uma operação de crédito. Todo o investimento é efectuado depois de um investidor convencer um aforrador a ceder-lhe temporáriamente uma determinada quantidade desse bem (ex: quantidade de ouro).

Agora, para quê exactamente é que precisamos de um Estado e Banco Central na economia?

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