A grande falácia das (fracas) tentativas explicações correntes sobre mais esta "bolha que rebenta" (introduzindo a inevitável pressão deflacionária soba forma de Instituições Financeiras perto da falência) é a não explicação para que a generalidade dos agentes tenham avaliado mal o ciclo de expansão vivido anterior. Como é que toda a economia e os seus agentes (digamos assim) avalia mal as operações de crédito, as probabilidades de default, a evolução possível dos preços do imobiliário? Como já antes o fez com as avaliações das internet stocks ou no início do século com as bolhas das empresas de caminhos de ferro e outras conhecidas na história, sendo a mais dramática a que resultou na Grande Depressão, tornado possível pela criação do FED em 1913 que pela primeira vez na história passou a permitir uma expansão geral do crédito/moeda de uma grande economia resultando numa bolha geral que tem necessáriamente de rebentar.
As bolhas têm de começar a ser vistas como a doença e a recessão a cura. O problema é que o intevencionismo económico tende a prolongar desnecessáriamente a recessão, um período onde a relação entre investimento e poupança está a reequilibrar-se. Exemplo disso é a frequência de comentários sobre como é preciso incentivar o consumo, na verdade, a forma mais rápida de ajustamente é mesmo aumentar a poupança para tentar suster o processo de liquidação que se dá sempre com muito maior intensidade nos sectores de produção de bens de capital. Mas o contrário é o advogado, ou seja, a própria origem do fenómeno: um período de incentivo artificial ao investimento e consumo permitido pela ilusão da expansão monetária, o que desequilibra a relação entre a poupança real e o investimento que está a ser realizado.
[Nota pessoal 1: Grande porque Roosevelt a fez Grande com as suas políticas que subverteram a capacidade da economia se ajustar mais rapidamente, como congelar os salários e os preços quando a massa monetária estava a contrair-se e os preços tinham de cair - numa altura de crise e até fome eram habituais a destruição de produção agrícola para suster os preços, foram introduzidas associações proto-fascistas de cartelização para fixar quotas de produção e impedir a concorrência... enfim, mas os mitos do New Deal perduram até hoje ... mas à memória de Roosevelt tudo é permitido, até ter entregue a vitória total da "WWII" ao seu aliado Estaline... nada o chamusca...dado que fazia grandes discursos...suponho que o fenómeno de - ainda - alguma popularidade de Fidel Castro em Cuba devia ser melhor compreendido a esta luz... quem é brilhante nos discursos tudo obscurece...faz parte da natureza humana).]
Atribuir isso a questões técnicas-operacionais como o rating, ânsia pelo lucro, a inovação financeira, a "economia de casino", são explicações que obscurecem o principal culpado: a atribuição de crédito por criação monetária que induz a um ciclo de expansão não sustentado em poupança real e voluntária. Não só a baixa artifical da taxa de juro parece rentabilizar projectos, como faz subir os preços dos sectores que melhor aproveitam a expansão monetária, criando um ilusão de saúde e aumento de produtividade geral na economia.
Culpado? Os Bancos Centrais e o próprio Sistema Monetário, a que podemos classificar de Socialismo Monetário que tem lugar para o Estado financiar os seus déficits quer para facilitar a ilusão que de outra forma existiria pouco crédito/moeda para induzir a expansão económica desejada por todos. Os Bancos limitam-se a concorrer usando a facilidade concedida por legislação que permite multiplicar por mais de 20 (via concessão de crédito por simples crédito na conta de depósitos à ordem de nova moeda) todas as reservas injectadas (moeda criada) pelos Bancos Centrais.
Talvez não seja demais realçar que a corrente descrição nas aulas de economia de que os Bancos são obrigados a ter 2%-5% dos depósitos (o que significa que qualquer corrida aos depósitos acima desse valor deixa os restantes depositantes com um Banco falido à sua frente) em reservas no Banco Central na verdade opera ao contrário:
1- Os BCs criam primeiro novas reservas (nova moeda nas contas dos Bancos junto de si).
2- Em seguida é que os Bancos criam novos depósitos (ao conceder crédito) multiplicando esse valor (digamos de forma aproximada, por cerca de 20 vezes).
A nova moeda entra na economia pelos sectores de investimento a longo prazo, criando uma expansão nestes sectores, o que acaba com recorrência nas bolhas do mercado de acções, nos sectores de bens de equipamento, no imobiliário. Ao mesmo tempo, como a taxa de juro é mais baixa do que o seria naturalmente, a poupança é desencorajada.
[Nota pessoal 2: Parece bem simples de perceber este mecanismo de produção de erro, o qual se enquadra no bom apriorismo da Escola Austriaca onde as verdades económicas no sentido de "leis" são-no na medida em que o apriorismo as consegue provar. O empiricismo nada prova a não ser fotografias-estatísticas do resultado complexo da acção com livre arbitrio do ser humano, cuja complexidade não produz constantes nem equações manipuláveis como se de Física se tratasse.]
[Nota pessoal 3: Onde é que isto começou? Quando o Estado nacionalizou o ouro da população, declarando unilateralmente nulo o contrato civil de depósito (que de resto, por deficiência da ciência jurídica, já era subvertido pelos Bancos para seu próprio interesse, passando até a ser aceite como "legal", mas cuja probabilidade de corrida ao levantamento do ouro, continha essa prática já que aqueles que exageravam na criação de notas/depósitos sem que de facto tivessem o ouro subjacente, ficavam sujeitos à falência. E assim acontecia.).]
Ilusões alimentadas por quase todas as escolas económicas com excepção da Escola Austriaca.
Da introdução de Salerno deixo aqui o que me parece mais relevante.
PRICES AND PRODUCTION AND OTHERWORKS:
F.A.HAYEK ON MONEY, THE BUSINESS CYCLE, AND THE GOLD STANDARD (pdf)
Edited with an Introduction by Joseph T. Salerno:
"(...) In brief Hayek contends that an artificial manipulation by government of the interest rate creates a subsidy of credit that causes entrepreneurs to bring forth projects that were hitherto marginal. In reality, the consumers do not want the goods of these projects, so there is a misallocation (malinvestment) of resources. A careful reading of these early Hayek essays pre-empts the modern debate over rational expectations and shows that the cluster of errors can be avoided by his steadfast commitment to methodological individualism.
(...)
This presents a temptation for theorists to overemphasize interest rate changes, despite the fact that they only affect the risk of highly leveraged firms. In many cases the volume of credit, raw money creation by the Central Bank, seems a more realistic variable than the rate of interest."
(...)In this article he proceeded to demolish Knight’s claim that capital, once accumulated, was a permanent fund that perpetually and automatically reproduced itself without regard to human purposes and the prevailing conditions of scarcity. Hayek trenchantly characterized Knight’s notion of capital as “a pseudo-concept devoid of content and meaning, which threatens to shroud the whole problem in a mist of words.”
“The Paradox of Saving,” which was for Hayek “the beginning of a continuous development of thought” that shaped his research agenda throughout the 1930s, was a critique of the underconsumptionist approach to depression."
Monetary Theory and the Trade Cycle (1933) . . . . . . . . . . . . 1
Preface by F.A. Hayek . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.The Problem of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.Non-Monetary Theories of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Monetary Theories of the Trade Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.The Fundamental Cause of Cyclical Fluctuations . . . . . . . . . . . . . . 73
5. Unsettled Problems of Trade Cycle Theory . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
The “Paradox” of Saving (1929, 1931) . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Prices and Production (1931, 1935) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Preface to the Second Edition . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Lecture 1: Theories of the Influence of Money on Prices . . . . . . . . . 197
Lecture 2: The Conditions of Equilibrium between the Production
of Consumers’ Goods and the Production of Producers’ Goods . . . 223
Lecture 3: The Working of the Price Mechanism in the Course
of the Credit Cycle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Appendix to Lecture 3: A Note on the History of the Doctrines
Developed in the Preceding Lecture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
Lecture 4: The Case For and Against an “Elastic” Currency . . . . . . . 283
Appendix to Lecture 4: Some Supplementary Remarks on
“Neutral Money” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
Capital and Industrial Fluctuations: A Reply to a Criticism . . . . . . . 305
v
vi Prices and Production and Other Works
Monetary Nationalism and International Stability (1937) . . 331
Preface . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
Lecture 1: National Monetary Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
Lecture 2: The Function and Mechanism of International Flows
of Money . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
Lecture 3: Independent Currencies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367
Lecture 4: International Capital Movements . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385
Lecture 5: The Problems of a Really International Standard . . . . . . . 403
Reflections on the Pure Theory of Money of
Mr. J.M. Keynes (1931, 1932) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
The Mythology of Capital (1936) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 487
I. Professor Knight’s Argument . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
II.On Some Current Misconceptions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 495
III. Professor Knight’s Criticism Based on a Misunderstanding . . . . 501
IV. His Own Position Prevents Him from Giving Any
Explanation of How the Limitation of Capital Restricts
the Increase of Output . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505
V. An Erroneous Assertion Following from His Fundamental
Position: The Value of Capital Goods When Interest
Disappears . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514
VI. Problems of Capital and “Perfect Foresight” . . . . . . . . . . . . . . . . 517
Investment That Raises the Demand for Capital (1937) . . . 521
The Relative Significance of the Amount of Investment and
of the Form That It Takes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524
“Completing Investments” and the Rate of Interest . . . . . . . . . . . . . . 526
Causes of an Urgent Demand for Funds for Completing
Investments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 528