Pedro Arroja escreveu uma história para explicar o negócio bancário e a razão porque vai à falência e esqueceu-se do ponto crucial, a razão porque existem ciclos económicos, porque se formam bolhas de crescimento económico seguidas de recessão e liquidação de negócios e activos:
O facto do Banco emprestar o dinheiro depositado à ordem, em si é grave (e em última análise um problema de direito) mas não é o pior.
O pior é que o Banqueiro para conceder crédito limita-se apenas a fabricar um recibo falso e empresta-o.
Usando o paradigma da banca no tempo em que a moeda era o ouro, sendo este depositado nos bancos contra a entrega de uma nota (recibo de depósito)...
... o banqueiro não se limitava a emprestar o ouro depositado, mas simplesmente fabricava (tal como hoje no actual sistema monetário) notas (recibos) sem para o qual tivesse qualquer ouro depositado para conceder crédito, sendo tratado pela economia como se de ouro real tratasse.
Como se vê, esta nota (recibo de depósito) pode ser considerada falsa e os banqueiros falsificadores.
O efeito económico desta prática sempre foi extremamente preverso e as bolhas e consequentes falências bancárias ao longos dos séculos são conhecidas. A razão pela qual, no entanto, eram acontecimentos localizados era que quando a percepção pelos depositantes era a de que existia muito menos ouro que os recibos produzidos, estabelecia-se uma corrida aos levantamento de ouro, provocando com toda a propriedade a falência da casa bancária, facto que disciplinava pelo medo, as restantes casas bancárias que restringiam esta prática. Mas estando ali disponível era recorrente.
Um ponto importante aqui é que desde cedo, o Estado (na altura o Soberano) incentivava esta prática para financiar os seus deficits. Daí nunca se ter preocupado com a questão da emissão de "recibos falsos".
Esta é uma da razões de resto, para que o negócio bancário tenha estado sempre envolto numa certa áurea de segredismo. Para manter a confiança na casa bancária e ao mesmo tempo auferir do tremento lucro auferido pela simples criação monetária a custo zero cobrando no entanto juros pelo empréstimo concedido, é preciso evitar que se fale muito sobre o assunto. O que é mesmo preciso evitar é algum parvinho que venha apontar o facto de que a totalidade de recibos de depósito é muito maior do que a coisa depositada. Porque isso pode despoletar uma ... corrida de levantamento dos depósitos (obrigando o banco a devolver o ouro depositado).
Passando agora para o significado económico do processo descrito, o investimento realizado com esse crédito por criação de recibos falsos não teve lugar porque um dado conjunto de poupança (moedas de ouro poupadas e emprestadas ao banco para que este realize a sua função de intermediação concedendo crédito a terceiros) foi mobilizado algures na economia.
A repetição desta prática provoca uma expansão do investimento que ilude a economia durante um certo tempo. Baseia-se numa ilusão mas enquanto dura, induz todos os agentes num erro económico de avaliação.
Isso acaba por pagar-se mais tarde ou mais cedo e esse sobre-investimento tem de ser liquidado para restabelecer o equilibrio quebrado.
Reparar que a causa das forças de contração monetária como consequência da falência bancária vem do facto do banqueiro ter inflacionado as notas (recibos falsos de ouro que não existe depositado).
Podemos visualizar o mesmo efeito através da taxa de juro.
Se o crédito é concedido sem captação de poupança, a taxa de juro é mais baixa do que seria se tivesse de competir por essa poupança.
Ora isso encoraja não só mais investimento (mais projectos parecem ser rentáveis) ao mesmo tempo que incentiva o consumo (dado que desincentiva a poupança).
As falências bancárias são a pressão para a quantidade de moeda baixar, resultado da necessidade de liquidar os investimentos e fazer desaparecer a moeda criada para o efeito.
O ciclo de expansão é a doença, a recessão e deflação a cura. Além disso, compreende-se que para os Bancos seja confortável poder emprestar dinheiro sem ter de o captar uma vez que é só criá-lo sem (ou quase) custo.
Notar que existem beneficiados claros: os que em primeiro lugar recebem as novas quantidades de moeda, podem gastá-lo na economia sem que esta se tenha adaptado via subida de preços nominais, os prejudicados são todos aqueles que em média recebem em último lugar essa nova moeda, em geral o sector primário como os agricultores, que quando o recebem já os preços ajustaram em subida.
A realidade é dura mas até simples de compreender.
No sistema monetário actual que só existe depois da nacionalização (roubo) forçado do ouro detido pela população e proibido o seu uso como moeda e impondo umas notas e moedas sem qualquer valor e que podem ser fabricadas sem qualquer custo, a expansão monetária é induzida pelos Bancos Centrais (local onde ficou depositado o ouro nacionalizado) sempre que injectam moeda (reservas) nos Bancos.
A origem da actual crise são os Bancos Centrais e é extremamente irónico que apareçam como salvadores do sistema.
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