Friedman deixou-nos, para o campo das ideias, duas obras consideradas essenciais: “Capitalism and Freedom” (1962) e “Free to Choose” (1980).
É num ambiente de crescimento do peso do Estado na Economia, longe do mainstream intervencionista, que Friedman desenvolve a sua actividade profissional e – podemos assumi-lo – política.
Segundo Friedman, ambas as obras foram recebidas de forma totalmente distinta. Tal ocorreu, segundo o autor, não pela qualidade intrínseca das obras ser diferente, não por razões intelectuais ou filosóficas, mas fruto da experiência percebida pelas populações, em especial em virtude do aumento dos impostos e da inflação provocados pelas políticas keynesianas e socialistas. Para Friedman, o combate ao mainstream socialista, a afirmação do primado da liberdade e das opções políticas de uma sociedade não Utópica não se faz contrariando a sedução de um futuro sem esforço, mas “mantendo as opções em aberto até que as circunstâncias tornem a mudança necessária”. As dificuldades encontradas quando se combate o socialismo reinante deve-se ao que o autor apelida de “Tirania do Status Quo”, à inércia que existe na sociedade civil e sobretudo no universo estatal, que limita a mudança de paradigmas. Só as crises – actuais ou percebidas – são aptas a produzir mudanças efectivas.
Para o autor, não há decisões sem ideias, e portanto ele preocupou-se, sobretudo, em estar disponível para o debate, de forma a que, na ocorrência da crise, as suas ideias pairassem por aí, estivessem suficientemente maduras e acessíveis para ajudar a construir pontos de inversão ou viragem: amadurecer ideias, estar disponível, “até que o que antes era considerado politicamente impossível se torne politicamente inevitável".
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