Friedman desenvolve nas suas obras aquilo que ele considera ser uma trilogia do conceito de liberdade: liberdade económica, liberdade civil e liberdade politica. Assim, mais liberdade económica traduzir-se-á em mais liberdade política e mais liberdades cívicas. Estas três dimensões andam sempre de mãos dadas, e são fonte da prosperidade: capitalismo, concorrência e liberdade são realidades inseparáveis e interdependentes.
É comum a crença entre socialistas que há uma linha de separação e independência entre estas formas de liberdade: ouvimos, a liberdade individual é um problema politico, e o bem estar um problema económico. A ideia de que é possível comprimir as liberdades económicas para promover um maior bem estar, que irá realizar o indivíduo, numa visão redutoramente materialista, é a génese dos socialismos.
Ora, Friedman combate este postulado, afirmando: a liberdade económica não só é essencial para promover a realização e o bem estar, como é condição prévia para a existência de liberdade politica.
Vejamos o seguinte exemplo:
Quando um indivíduo é obrigado a contribuir para um sistema de reformas compulsivo, a percentagem que lhe é retirada corresponde a uma limitação significativa da sua liberdade pessoal. É claro assim que uma limitação nas liberdades económicas corresponde a reduções na liberdade pessoal de cada um.
Mas não apenas. Se damos lugar às liberdades económicas, estamos por essa via a evitar a concentração de poderes e, por essa via, a expandir as liberdades politicas. Se um Estado concentra em si 33% dos rendimentos dos seus cidadãos, e lhes dá discricionariedade nos gastos, há uma óbvia limitação não apenas da liberdades económicas mas também politicas, pois deixa cada um de poder decidir, nessa parte, sobre o seu próprio futuro.
No ponto mais afastado do eixo desta equação está a tirania, a escravidão, e a miséria. No intermédio, um caminho para a servidão, como enunciava Hayek.
Friedman não nega que a relação entre a liberdade económica e politica é complexa e nem sempre unilateral. O que ele enfatiza é que no processo económico as liberdades económicas precedem as liberdades políticas, como condição necessária e meio de realização.
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