segunda-feira, 14 de março de 2011

Pedro Boucherie Mendes: Sou um libertário no sentido americano do termo

Um razoável manifesto numa entrevista:

"(...) Consegue posicionar-se politicamente?

Sou um libertário no sentido americano do termo. Entendo que as pessoas não devem chatear-se umas às outras. Se eu não quero que o vizinho me vá bater à porta não posso pôr a música muito alta. Acho que tenho um lado conservador, sou completamente pró-capitalismo e, para irritar os outros, sou anti-esquerda.

Também é libertário nos costumes?

Não me importo que as pessoas fumem haxixe desde que não me chateiem. Por mim até podiam andar nuas.

Então, de certa forma, encaixa-se em algumas posições da esquerda.

A grande diferença entre mim e a esquerda é que a esquerda tem um objectivo e eu não. Eu não quero nem deixo de querer que os homossexuais se casem. Se quiserem, podem casar à vontade, desde que não encham a entrada da minha casa de grãos de arroz para eu não tropeçar e cair. Não tenho como objectivo de vida o desejo que as outras pessoas sejam felizes. Tenho como objectivo não fazer nada que o impeça.

Sendo anti-esquerda é de direita?

Pois, inevitavelmente um gajo anti-esquerda é de direita, por isso sou obrigado a dizer que sim, embora não pense em mim dessa forma. Penso em mim sendo anti-esquerda e não como sendo de direita. Mas claro que me identifico mais com as posições da chamada direita.

O que odeia na esquerda?

A infantilidade de acharem que tudo no mundo - desde a Amazónia até ao casamento dos homossexuais, passando pela programação das televisões - devia ser . Para a esquerda tudo no mundo devia ser . Esta noção que a esquerda tem de que pode controlar a existência através de legislação e de manifestações é uma infantilidade que me irrita. E depois acho a esquerda muito barulhenta e pouco inteligente na forma como se expressa. E a falta de inteligência perturba-me.
(...)

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