"The whole aim of practical politics is to keep the populace alarmed by menacing it with an endless series of hobgoblins, all of them imaginary. "
– H. L. Mencken
Faz parte da natureza própria do Estado e do seu instinto de sobrevivência contra reduções do seu peso sobre a sociedade civil, vender perigos e emergências, ameaça de caos e desordem na economia e segurança, cada vez que a sua presença é posta em causa. Os intelectuais fazem muito por isso - à esquerda e direita todos têm a sua versão da inevitabilidade e necessidade da centralização numa élite política (mesmo que para decidir "para todos"), da capacidade de decidir grandes programas, seja na educação "para todos", poupança para a reforma "para todos", etc.
Como então explicar a ordem civil, liberdade e progresso económico antes da Grande Guerra (e o começo do socialismo e social-democracia) tendo os Estados um peso inferior a 10% (e isso inclui os próprios EUA), comparado com os mais de 50% actualmente. Como é que a moeda estava essencialmente fora do planeamento dos Banqueiros Centrais (muitos nem existiam sequer) e permitia um mundo sem inflação e as taxas de juro eram terrivelmente previsíveis? E funcionava! (Perguntam agora, e então porque é que mudou? Porque os Estados precisaram de se financiar e os Bancos gostaram da ideia de uma moeda que se pode fabricar para conceder crédito ou ajudar um Banco em "dificuldades" - termo aplicável a um Banco que emitia mais notas do que o Ouro que detinha).
E tudo isto me faz lembrar o triste cenário de Nova Iorque sobre alertas terroristas logo a seguir à Convenção Democrata. Michael Moore (por falar nisso, as suas manipulações são de menor gravidade do que a dos outros) tem a sua razão na análise da cultura do medo e no princípio que poucas vezes falha do "follow the money". Só não percebe que a cultura do medo também faz parte do histerismo habitual da esquerda sobre como se não for o Estado a acolher as pessoas necessitadas o mundo entra em colapso, mas o contrário é mais verdade porque todos as pessoas têm muitas necessidades. Existem muitas formas de guerra e manipulação.
No sector liberal, cuja análise gosto sempre de fazer, ignora-se com frequência o princípio do "follow the money".
A esquerda não o esquece porque associa sempre lucros a reduzida honestidade ignorando por completo que as falhas do capitalismo devem-se à presença do seu querido Estado que tem a capacidade divina de distribuir favores e desfavores - os comunistas ao menos foram honestos propondo o fim da propriedade privada, já o socialismo democrático critica as consequências do seu próprio sistema. Enquanto a sociedade civil não encontrar em pleno a capacidade de auto-regulação conferido pelos direitos naturais à propriedade e livre contrato, será sempre um acto de sobrevivência que o mundo empresarial procure defesas e alguns mesmo, tirar partido em pleno, dos intrumentos que o Estado democrático ou não, põe à sua disposição.
Na direita, uma parte assume totalmente a necessidade do mundo empresarial influenciar as "políticas" (protecionismo, o sistema monetário, apoios à tecnologia, agricultura, à formação profissional, ao emprego, etc) outra gosta de acreditar no "conto de fadas" sobre como o sistema funciona.
O que lembra ter lido à tempos, a defesa cândida (por parte de um daqueles liberais optimistas que acham que defender tudo o que o maior "Estado" da história se lembra de fazer é defender o próprio Liberalismo) do Grupo Carlyle na questão da privatização da GALP, mais ao menos nos seguintes termos: "Dizem que é um grupo de interesses da direita da Bush mas muitos e prestigiados Democratas têm sempre tido altas funções na Carlyle". Ouviram bem, uma grande empresa que vive de negócios com o Estado (defesa, petróleo, etc) Americano é idónea porque contrata todo o sistema político para os seus quadros e os seus negócio são na maioria feitos com o Estado (essa grande entidade idónea). Este tipo de idealismo ingénuo comum em sinceros liberais deixa-me muito pessimista. É por isso que também sou conservador. E anti-Estado.
"Folow the money" é um regra simples para compreender o "capitalismo de Estado". A nacionalização do dinheiro foi o primeiro grande passo e aconteceu na sequência da necessidade de financiamento da Grande Guerra e a sua luta de galos entre Impérios. A social-democracia e a crescente centralização da capacidade legislativa criou um ambiente em que a Esquerda poed apontar os interesses das empresas nas origens de muitas coisas e a Direita aponta a ineficiência e interesses duma elite intelectual iluminada e alguns (cada vez menos na Direita) nos problemas das escolhas maioritárias e o problema ético da imposição às minorias (sendo a maior, a descriminação de quem é pagador líquido de impostos contra os recebedores líquidos). Ambos têm razão, alternadamente.
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