quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mais um (perigoso?) medievalista

É que segundo patricialanca: "O saudosismo dos tempos medievais pré-capitalistas anda muitas vezes em paralelo com o anti-semitismo."

O que ignora que é na época medieval que está fundado parte do melhor do Ocidente, a sobreposição de autoridades civis, políticas e religiosas, e fontes de legitimização do direito, característica única que conduziu à própría ideia de soberania individual e comunitária, ao mesmo tempo que subsisitia o universalismo cristão sob a autoridade internacionalista (a ONU do seu tempo) do Vaticano. Até os guetos estabeleciam um espaço de auto-soberania dos judeus, com os seu próprios impostos, direito criminal, e capacidade de viver em pleno a sua ortodoxia. Um mundo imperfeito, sem dúvida, toda a realidade humana o é. Mas muito longe da obscenidade maléfica do Estado Moderno que foi o século 20.

Mas vamos lá ler rui a. no Portugal Contemporâneo: "Indo directamente ao assunto nuclear da obra, a tese é a seguinte: as perseguições movidas pela Inquisição e pelos poderes públicos às bruxas foram motivadas menos por razões religiosas do que políticas. Tratou-se, segundo a autora, do processo encontrado pelos Estados europeus em formação e em rumo acelerado para a centralização do poder, de afirmarem a sua soberania e de esmagarem os direitos e a liberdade individuais."

"Quando, no final do século XVII, os processos por bruxaria são proibidos em toda a Europa, já o Estado moderno se encontrava implantado, e o poder absoluto dos reis solidamente firmado. Nessa altura, a legitimidade do Estado e dos monarcas decorre já directamente da vontade de Deus, e não tem que ser transmitida pelo Papa. Por sua vez, o individualismo e a autonomia local próprios do mundo medieval estavam completamente domesticados pelo poder público dos monarcas. A soberania triunfara sobre o indivíduo."

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