terça-feira, 30 de setembro de 2003

José Manuel Fernandes

Hoje no Público.

"Algo que, de resto, uma data como a de hoje - 30 de Setembro - nunca nos devia permitir esquecer: é que foi precisamente num 30 de Setembro, há 65 anos, que Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, regressou de Munique com um papel entre as mãos que lhe "assegurava" a paz. "I believe it is peace in our time" ("acredito que é a paz no nosso tempo") disse perante a multidão que o aplaudia em Downing Street. A sua fé era que o Reino Unido e a Alemanha não se voltariam a guerrear, uma fé que não duraria sequer um ano: a 1 de Setembro de 1939 as tropas de Hitler invadiam a Polónia. Nessa altura já era tarde demais. Em Munique talvez se tivesse ido a tempo. "

José Manuel Fernandes. o NeoCon Wolfitzeano português, está preocupado com as armas nucleares do Irão e claro, como é um bom hábito de um bom NeoCons cita Hitler, como quem diz, se o pudessemos ter matado à nascença (e uma boa parte dos alemães) era mesmo o que devia ter sido feito. Bem, em parte foi o que foi tentado na Primeira Grande Guerra.

Mas porque não preocupar-se com as do Paquistão e Índia, dois países que se odeiam mutuamente. Não deveria um deles, por precaução, tentar um “first strike” preventivo? Afinal, ambos têm razões para pensar – aliás muitas mais – que têm um “Guerra Preventiva Justa” entre mãos, comparando com o triste caso do Iraque.

Por exemplo, o Irão, tem todas as razões para se querer defender dos EUA, uma vez que estes ajudaram Saddam na sua tentativa de ganhar território nos nãos 80. Depois, viram os EUA – sem “Guerra Justa” – invadir e ocupar o Iraque (já depois do Afeganistão).

Portanto, porque será que o Irão quer armas nucleares? Pela mesma razão que Israel, para defender o seu território necessita delas e não as declara nem deixa ninguém inspeccioná-las.

Caro José Manuel Fernandes, foram as democracias liberais anglo saxónicas, que na Grande Guerra, para se porem ao lado da Sérvia (e dos sonhos do Pan-Eslavismo da Rússia), que fomentou o assassínio do Príncipe Herdeiro, transformaram um pequeno conflito local numa Guerra Mundial (à conta das "alianças") que destruiu a velha civilização europeia e as suas monarquias e o padrão ouro, apenas para os Impérios vencedores distribuírem entre si as colónias dos derrotados, varrer da face da Europa o Império Austro-Húngaro, impor o absurdo de Versailles após 8 meses de bloqueio alimentar que matou centenas de milhares de alemães pela fome, teve na origem na queda do Czar e da Revolução Soviética, e que criou condições para o surgimento do fanatismo Nazi e Comunista, tudo isto porque já quando os Impérios tentavam a paz, aparece o comicamente trágico e idealista (e parece anti-monárquico) Woodrow Wilson fazer a "guerra para acabar com todas as guerras". Que belo resultado - duas guerras mundiais e a vitória do comunismo e União Soviética por 50 anos.

Uma das origens do comportamento de Neville Chamberlain, foi precisamente o reconhecimento disto, e "nós", os arautos da moral universal, para a conservar temos de proceder dentro da lei e isso implica aplicar a legitima defesa e tentar conter conflitos entre terceiros que não nos dizem respeito, mesmo que possamos desconfiar das intenções desses terceiros, porque senão, poderíamos talvez também prender desde já metade da população dos bairros degradados com o argumento que estamos a prevenir crimes futuros.

E depois, quem bombardeou as cidades e civis alemães (muitos deles, já em fuga do Exército Vermelho) e achou que era racional matar centenas de milhares de Japoneses civis de uma Nação derrotada com Bombas atómicas foram...bem... os mesmos que hoje, acham que fazem um favor ao mundo e em nosso nome, prosseguir o caminho da 4ª Guerra Mundial, o que se dará quando conseguirem que a totalidade dos 700 Milhões de Muçulmanos tiverem um ódio irreversível à hipocrisia e a política das boas intenções (que enche o inferno) de ideólogos (podia agora escrever de ex-comunas mas não vou fazê-lo).

Que o maior arsenal militar e nuclear esteja na mão destes, é sim a maior ameaça à Paz nos dias que correm.

O extraordinário Carl Menger, fundador da extraordinária Escola Austríaca, começou a ficar pessimista em 1910:

“Mises cited a story told to him (third-hand) by his grandfather in 1910. It was a statement by Carl Menger, the founder of the "Austrian School" of economics.

The policies as conducted by the European powers will lead to a horrible war that will end with gruesome revolutions, with the extinction of European culture and the destruction of prosperity of all nations. In preparation for these inevitable events investments only in gold hoards, and perhaps in obligations of the two Scandinavian countries can be recommended.

Menger’s pessimism had long-term consequences for all of Western civilization.

He had transmitted this pessimism to his young student and friend, Archduke Rudolph, successor to the Austro-Hungarian throne. The Archduke committed suicide because he despaired about the future of his empire and the fate of European civilization, not because of a woman. (He took a young girl along in his death who, too, wished to die; but he did not commit suicide on her account).

Mises failed to mention the second remarkable connection between Menger’s pessimism and its results. Rudolph’s death in 1897 elevated his cousin, Francis Ferdinand, to the position of Archduke, heir to the throne of the Hapsburg (Austro-Hungarian) Empire. Rudolph had been a classical liberal, as was Menger; Francis Ferdinand, is described by British historian A. J. P Taylor as "violent, reactionary, and autocratic." It was his assassination by Serbian terrorists in 1914 which led to the outbreak of the war that Menger had predicted so long before.”

E hoje o que podemos dizer é que o futuro não parece risonho, entre o crescendo do militarismo do “Império da Liberdade”, dos deficits orçamentais, a dívida pública e de um sistema monetário naturalmente instável.

Como diz Gary North:

"The federal government is going to go bankrupt. It will default on Social Security. I knew that in 1959. We are closer to that day of default than we were in 1959. These things take time, as Menger learned. The difference is, the free market ideas of Menger are getting a wider hearing today than in 1933, 1953, or even 1983.

We are in a war of ideas. We have a moral obligation to defend verbally what we believe is true, namely, that no one can safely trust politicians’ promises. Our defensive tactics remain the same as they were in Menger’s day: we must not become dependent in our old age on government promises and central bank Money.

Ideas do have consequences. When the day of reckoning arrives, we may be in a position to help others, or at least not become a burden on others. We have greater responsibility because we know the truth.

As Jesus said long ago,

And that servant, which knew his lord’s will, and prepared not himself, neither did according to his will, shall be beaten with many stripes. But he that knew not, and did commit things worthy of stripes, shall be beaten with few stripes. For unto whomsoever much is given, of him shall be much required: and to whom men have committed much, of him they will ask the more (Luke 12:47–48).”

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