domingo, 20 de junho de 2004

Tony Blair e os anti-federalistas em self-denial

Insiste que a Constituição Europeia não é o caminho para uma Europa Federal. E parece que existe quem acredite, e assim se junte aos Liberais (ou será democratas?) que por razão desconhecida parecem acreditar que a palavra "Federalismo" é uma espécie de encantamento, uma evocação com propriedades mágicas que vai resolver problemas assim sejam soletradas pelas pessoas certas - os nossos líderes.

Problemas...mas que problemas afinal? Serão problemas de liberais? O Comércio Livre não carece de integração política, tudo o que é necessário é abrir as fronteiras, mas "abrir" não é própriamente uma acção que carece de esforço, apenas uma acção de abstenção pelo Estado de impedir os seus cidadãos de comprar aquilo que bem lhes apetece adquirir...livremente. Seguramente não é preciso um referendo para tal e ainda menos perder soberania - que radicais quem o contrário pensa, sempre a procurarem uma qualquer supra-estrutura humana e com a crença (não sei onde a arranjam, não será na história certamente) que ela pode ser contida com checks and balances.

Se existem territórios onde ainda subsistem algumas das liberdades do Liberalismo Clássico é precisamente em territórios ultra-pequenos e desintegrados (coitados) como Lichestein, Suiça, Andorra, Monaco, Dubai, Qatar, e todos os chamados pequenos paraisos fiscais (reparem, são "paraísos" porque os seus cidadãos não são objecto da extorsão em massa pelos seus próprios estados democráticos).

Serão os problemas das guerras europeias? Mas hoje já não temos os velhos Impérios, nem o Inglês - o que já era o maior de todos antes da Grande Guerra e ainda ficou maior depois, nem o Austro-Húngaro, nem os Germanicos, nem o Italiano, nem o Otomano, nem o Russo - tudo isso foi, infelizmente devorado no meio de um conflito estúpido, por causa das "alianças", e ajudado pelo idealismo ingénuo e perigoso de um Presidente americano que fez o favor de ajudar à queda das monarquias europeias para serem substituidas por repúblicas comunistas e fascistas e a inevitável Segunda Guerra. O que tem piada é que é comum encontrar Federalistas pela paz eterna de Kant que não perdem uma oportunidade de defender uma boa intervenção militar em qualquer parte do mundo, como dizia Rothbard:

"...Is someone starving somewhere, however remote from our borders? .... Is someone or some group killing some other group anywhere in the world? ... Is some government not a "democracy" as defined by our liberal-neocon elites? ... Is someone committing Hate Thought anywhere on the globe? ..."


E assim chegamos ao ponto em que a cada pequeno passo que se dá em direcção ao Federalismo ouvimos uns a negar que assim o seja e os Federalistas caladinhos a sonhar com a sua utopia.

A social-democracia também foi assim que se instalou, a cada pequeno aumento do estatismo - seja o fim coercivo do padrão ouro (e o princípio das grandes crises), o imposto sobre o rendimento (primeiro por liquidação depois por retenção), obrigar a poupar (a grande treta com que o Estado vendeu a ideia) para a reforma, o salário minimo, os aumentos graduais dos impostos (1% aqui, 1 % acolá, 3% por medida de emergência temporária que se tornou permanente) - não se chamava de socialismo (credo!), não, é apenas uma necessidade de consolidar o Estado - esse grande regulador dos excessos do livre contrato.

No Federalismo Europeu é o mesmo, cada escada que se sobe (ou será desce?) não é para construir um Super-Estado-Supra-Nacional. Não, é apenas para racionalizar e tornar mais eficiente a Europa das Nações e até, acreditam alguns, para regular uma grande sociedade liberal.

Sem comentários:

Enviar um comentário