sexta-feira, 11 de junho de 2004

Quando a verdade é incómoda

é o mensageiro que sofre

"O gabinete da presidência da Câmara de Lisboa garante em comunicado que "mal tomou conhecimento" das declarações de Almeira Rodrigues, Santana Lopes "solicitou ao seu Chefe de Gabinete que o Comandante da Polícia Municipal (...) apresentasse a sua demissão"."

Por causa das afirmações de que:

"habituais frequentadores destas zonas são, actualmente, na sua grande maioria, de tez negra, toxicodependentes e pessoas que se prostituem". "Tais indivíduos - prosseguia na sua informação de 26 de Maio - trazem consigo e põem em prática os seus usos e costumes de origem, o que, julgo, terá trazido ainda mais promiscuidade àquela zona da cidade".

Estarão os donos da verdade preparados para um estudo estatístico comparativo - por exemplo, já se deram ao trabalho de ver a proporção de filhos fora de casamento, ilegitimos e de vários parceiros e a percentagem de mães solteiras da comunidade negra nos EUA? Querem compará-la com a comunidade asiática? E comparar os rendimentos médios entre uma e outra? Já agora será descriminação referir que os toxicodependentes são mais dados ao crime que os não toxicodependentes?

Isso fundamenta a descriminação organizada pelo Estado? Não. Já a privada é sempre equilibrada pela realidade - os indivíduos e as empresas são obrigados a equilibrar as suas idiossincracias com a necessidade de sobreviverem e prosperarem, e isso torna-os tão implacáveis com os que não produzem como a premiar quem os pode ajudar, independentemente das características. Ora, se em termos de probabilidade e percepção geral e senso comum, uma determinada etnia ou cultura, num determinado contexto e realidade, tem esta ou aquela característica e isso é relevante em termos de decisão positiva ou negativa, é certo que determinadas acções possam ser consideradas como de descriminação positiva ou negativa.

Perguntem isso às empresas de ponta de software que procuram invariavelmente o talento e capacidade de trabalho dos indianos.

O problema da imigração e outros análogos (sempre que fluxos não homogéneos por alguma razão têm de conviver ou alguns insistem que etnias diversas convivam sobre um mesmo Estado democrático) é que o Estado central decide (activa ou passivamente) ou impõe às comunidades locais quem têm de aceitar ("imigração livre") ou rejeitar ("imigração condicionada definida centralmente") como residentes - os Suiços e a sua estrutura descentralizada fora das cidades, faz com que seja uma espécie de assembleia local a aprovar a residência permanente e para o qual o candidato tem de preencher alguns requisitis como adquirir propriedade, etc. Séculos de ordem social e prosperidade num país multi-linguístico e multi-religioso devia ser uma referência para todos, isso, e a pouca importância da figura do seu Presidente, porque a base do poder político são as suas comunidades e não o governo federal.

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