domingo, 12 de março de 2006

A Mafia e os Italo-americanos

A Mafia e os italo-americanos

Em qualquer discussão das características sociais dos italo-americanos como grupo, e as orígens e papel da mafia, há alguns pontos a ter em conta.

É geralmente reconhecido que a mafia foi praticamente extinta na Itália pelas eficientes medidas repressivas do régime de Mussolini. Quando da preparação aliada para a invasão da Itália durante a segunda guerra mundial uma grande preocupação era o facto que a resistência anti-fascista e anti-alemã, com a qual era preciso contar, era dirigida pelo PCI. Assim, foi decidido resuscitar a mafia e reintroduzir na Itália antigos elementos mafiosos que tinham ido refugiar-se na América. Acabada a guerra, muitos destes voltaram para os Estados Unidos enquanto outros voltaram às antigas actividades na terra natal mas sempre beneficiando das ligações transatlânticas.

Todos os índices comparativos do sucesso educativo e da mobilidade social das diversas etnias nos EUA mostram a fraca performance dos italianos, assim como dos irlandeses, em comparação com outras etnias não-negras. Algumas destas teriam tanta ou mais dificuldade em identificar-se com os padrões ‘WASP’, enquanto outros grupos, ‘WASP’ eles próprios, mostram números inesperadamente fracos. O grande estudo de Stephan e Abigail Thernstrom (America in Black and White, Simon and Schuster, 1997) cita na p. 542 números do U.S. Bureau of Census indicando, entre outras, as seguintes percentagens de diplomados do ensino superior:

Arménios: 38,1
Chineses: 51,0
Ingleses: 28,6
Alemães: 22,1
Gregos: 32,8
Irlandeses: 21,3
Italianos: 21,9
Japoneses: 34,2
Mexicanos: 8,6
Escoceses: 36,2


3. Infelizmente a lista não inclui o desempenho dos portugueses. Todavia, é sabido que a comunidade portuguesa nos EUA tem dos mais baixos índices de criminalidade enquanto o contrário é o caso com os italianos. Os portugueses (em maioria dos Açores), vieram de um ambiente socio-económico bastante semelhante ao dos italianos: camponeses e pescadores pobres profundamente católicos. Só que os açoreanos parecem não ter tradições mafiosas.

É sempre arriscado elaborar conclusões a respeito do desempenho de grupos de imigrantes, especialemente partindo de obras de ficção como os filmes mencionados. Estes, afinal, baseiam-se em interpretações subjectivas (e um tanto românticas) dos realizadores. Nós não sabemos se famílias como os Corleoni seriam na realidade os tais senhoriais Robins dos bosques à italiana. Do que podemos ter a certeza é que a mafia italiana na América será mais uma extensão da sua progenitora siciliana do que um produto reactivo do ambiente protestante branco anglo-saxónico. Tal como os gangsters irlandeses de Boston como o pai do presidente Jack Kennedy, que também foram uma extensão da cultura contrabandista, rebelde e criminosa dos progenitores na Irlanda.

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