terça-feira, 19 de setembro de 2006

(V)

"Sugerir que Taylor não podia ser germanófobo porque se dedicou ao estudo dos seus queridos Habsburgos indica desconhecimento dos usos académicos no mundo anglófono. Os britânicos cultos sempre fizeram uma rigorosa distinção entre germânicos e austríacos, tal como a fazem os austriacos eles próprios."

Saiba que isso é de conhecimento geral. Um dos problemas da "WWI" foi a destruição dos Habsburgs e a criação de países com populações que sem a identificação austriaca só podiam vir a querer ser alemães (daí que se os Checos, desde o início não tivessem contido população alemã - e nem os polacos já agora - as oportunidades do nazismo teriam bem menores).

O problema é acusar Taylor de Germanofobia como se isso fosse um problema tão grave que teria concordado com Churchill em recomendar o bombardeamento de populações civis como norma, não só antes de Hitler o fazer, e não só já depois com a derrota alemã já marcada a prazo, como já o tinha feito antes do final de Grande Guerra - a qual acabou a tempo de não ter sido posto em prática.

Taylor, pelo que percebo, primeiro defendeu todas as hipóteses de paz, denunciou "Muniche" imediatamente aconselhando a uma aliança com a URSS (creio que isso prova da sua clareza tática - foi o que acabou por acontecer). Em 1961, como historiador, reflecte sobre como "in the end", o "appeasement" forneceu o tempo para o rearmamento.

Claro que, atrevendo-se a afirmar claramente (creio que isso é hoje pacífico) coisas como os números de Churchill sobre a aviação alemã (e outros) estavam errados e que os seus opositores é que tinham razão (hoje a mitologia reinante é ao contrário, Churchill é a raposa esperta e os outros todos, grandes parvos) torna-se uma presa fácil. É sempre mais fácil aderirmos aos discursos dos grandes "Líderes" ("we will fight them on the beach..." - por acaso, um plágio de um francês dito na última ofensiva na Grande Guerra) e não questionar a sua infinita "wisdom". No fim, desastrosa. Os Polacos que o digam.

Sem comentários:

Enviar um comentário