domingo, 17 de setembro de 2006

PORTOLANI

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A.J.P. TAYLOR: UM HISTORIADOR POUCO RECOMENDÁVEL

Em recentes posts na Causa Liberal, e também em Wars 4 Status Quo, Carlos Novais tem referido o nome de A.J.P.Taylor como um “conceituado historiador” e por conseguinte, entende-se, autoridade credenciada relativa a algumas posições controversas. Na realidade Taylor, por causa da sua dedicação às pesquisas nos arquivos oficiais goza de alguma respeitabilidade académica unicamente enquanto especialista em documentos diplomáticos. Como historiador não se interessava senão pelo que vem escrito nos documentos. A opinião generalizada é que o seu volume na Oxford History of England 1914-45 foi um tour de force nesse domínio. “He revelled in the unforeseen connection…and in certain paradoxes”. But “ideas, intellectual movements, were of no importance. For him (as for Hobsbawm) high art was an irrelevance because it had ceased to be popular. He declared that Charlie Chaplin, not Virginia Woolf, was the most important artist of the first half of the century. Nor did he mention the triumphs of the scientists and technologists.” (Noel Annan no seu livro Our Age).

De facto Taylor era o protótipo do professor inglês excêntrico que se deliciava em chocar os colegas e também o público. Oxford nunca lhe concedeu a cadeira que ele cobiçava. Continuou a leccionar, adorado pelos alunos, mas na última parte da sua vida dedicou mais energias à vida de publicista na imprensa e na rádio onde as suas posições populistas tornaram-no bem conhecido de um vasto público.
Foi sempre um dedicado esquerdista. Os pais foram ambos comunistas activos e a mãe trabalhou na Internacional Comunista. Ele próprio passou dois anos da juventude no Partido Comunista e nunca explicou o que motivou a sua desistência da militância activa. Todavia continuou até o fim da vida no seu apoio indefectível à URSS e insistia sempre que o seu grande heroi era Lenine.

As suas análises idiosincráticas da política internacional foram sempre influenciadas pela sua germanofobia. Tão intenso era o seu ódio aos alemães que tomou parte activa na campanha a favor da expulsão da minória alemá (dois milhões de seres) da Sudetenland (Checoslovákia).

A campanha teve êxito e os sudetas foram deportados das suas terras ancestrais numa limpeza étnica que logo manchou a Checoslovákia mesmo antes da descida da cortina de ferro.

Durante os anos ‘30 a política de Taylor era de zigue-zague, mas sempre a favor da URSS. Depois da Segunda Guerra o seu revisionismo foi precursor do de David Irving e outros quem mais tarde negavam o holocausto embora Taylor não foi tão longe. O seu ódio aos alemães não o impedia de considerar Hitler um estadista cujo principal defeito era falta de previsão. Durante a Guerra Fria, Taylor foi um fervoroso anti-americano, apelando para o desarmamento nuclear e, mais tarde, condenando a política estrangeira de Reagan.

A postura que lhe granjeou uma notoriedade duradoira foi a sua atitude quanto a um membro proeminente da rede de espiões pró-soviéticos dirigida por Kim Philby. Tratava-se de Sir Anthony Blunt, um especialistaa em História de Arte e “Keeper of the Queen’s Pictures” Quando este foi desmascarado, desapossado das suas multiplas honras e obrigado a demitir-se da British Academy, Taylor demitiu-se voluntariamente por solidariedade com o amigo dos soviéticos.

A trajectória de Taylor como campião de causas impopulares encontra-se amplamente documentada na Wikipedia onde os cibernautas podem facilmente confirmar que Alan Percivale Taylor realmente não merece menção como autoridade séria sobre a história política contemporânea.

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