terça-feira, 19 de setembro de 2006

Re: (I) "WHEN THE POT CALLS THE KETTLE BLACK: A response from the kettle"

"Como a metodologia de debate público tem muito a ver com comportamentos e princípios liberais eu estou convencida, ao contrário de CN, que é precisamente este blog um dos lugares mais aprópriados onde discutir este assunto..Desde das minhas primeiras participações neste maravilhoso mundo do Blog, decidi não ceder às provocações de determinado tipo de comentárista."

Referi de facto isso apenas porque é provável que a missão do Blog (ainda não em vigor) específico da Causa Liberal venha a assumir outro carácter, tendo em conta que este tipo de debate - creio que, de enorme interesse - pode ser realizado nos diversos blogs apontados já neste momento no Site.

"Não aceito debates que principiam com insinuações, argumentos ad hominem, falácias genéticas, a falácia do homem de palha e outros truques de má fé. Digo má fé porque, naturalmente, não posso atribuí-los à ignorância. Quando CN screveu o seu primeiro comentário sobre palavras minhas entrou logo a matar (e sem me conhecer de parte nenhuma) com o seu habitual sarcasmo e a presunçao (falsa)que eu tinha determinadas posições que ele confessadamente detesta. Apesar do meu silêncio persistiu no mesmo estilo. E assim continua até hoje alegando ou insinuando que eu apoio os chamados neo-conservadores, que Churchill e Thatcher são os meus herois e por aí adiante."

Bom , acho que mereço este puxão de orelhas por isso enfio a carapuça. É bem provável que, a bem do debate e até a bem da defesa das minhas próprias ideias, tenha falhado na responsablidade de conduzir a troca de ideias com outro cuidado.

"Os “neo-conservadores” parecem ser uma verdadeira obsessão de CN. Saberá ele que a própria expressão é, de facto, uma invenção da esquerda e um dos epítetos favoritos dessa gente? "

Acredito que com o tempo a não existência ou irrelevância de neo-conservadores venha a ser uma realidade, embora qualquer grupo que defenda qualquer tipo de intervencionismo tem a grande probabilidade de se tornar um favorito da corte do estatismo e colher com isso os benefícios próprios.

Difícil mesmo (com se prova todos os dias) é defender o não-intervencionismo. Mas essa é a sina Liberal, aplicá-la às relações internacionais torna-se especialmente difícil. Como disse Goering já em Nuremberga, apelar à Segurança, denunciar os pacifistas, clamar pelo perigo interno e externo, está ao alcance de qualquer regime, incluindo o Democrático.

A origem do pensamento neo-conservador na extrema-esquerda é mais do que conhecida, mas isso por si não seria suficiente para uma desconfiança por parte de espíritos abertos, as pessoas mudam e não chega dizer que Taylor foi do partido comunista porque saiu dele bem cedo.

E confundir o seu realismo com a sua ideologia é ...confundir. É engraçado, como pode Taylor ser acusado de achar que a URSS deveria ser o aliado preferencial quando foi isto mesmo que Churchill e Roosevelt fizeram. Se os ingleses e franceses (como tentaram mas timidamente, sem consistência e tarde demais) tivessem feito essa aliança após 1935-36, Hitler não teria tido o arrojo posterior. Portanto, é um ponto de vista perfeitamente aceitável.

O meu ponto de vista é outro, mas também aceitável, se não tivessem declarado Guerra por causa da recusa da Polónia em negociar sobre Danzig, a sequência de acontecimentos podia ter determinado um confronto auto-destrutivo entre Hitler e Estaline. Defender este ponto de vista e ser acusado de arranjar argumentos à exterma-esquerda e extrema-direita é apenas mias uma confusão.

Ninguém, mas mesmo ninguém pode acusar-me de defender ideias não consistentes com o Liberalismo. O não-intervencionismo económico, militar e político fora do território de soberania só, e friso bem, SÓ pode ser o princípio geral na aplicação (oo tentativa) da filosofia liberal às Relações Internacionais. Podemos é discutir excepções, equacionar males menores e trazer outros dados ao assunto.

Mas se assim não for, não estamos a falar de "liberalismo" mas de prováveis ideias de certo extremismo à esquerda (a revolução iluminista, etc) ou direita (pró-império, etc).

Portanto, não sou eu que tenho de justificar o meu Liberalismo. Mas sim quem crónicamente, de uma forma ou outra, advoga grandes operações, militares, políticas, e económicas em todo o local do planeta. Adenda: E não advogando, é pelo menos receptivo ou resultando em algo similar.

Como vê, tomo muito a sério o meu Liberalismo, a única filosofia que consegue juntar a ambição de desenvolvimento, liberdade, ordem, justiça, diversidade, convivência. Na verdade, será de esperar que junta elementos do melhor da esquerda e direita, recusando o pior da esquerda e direita.

Não a vejo como um centro (cruzes credo...), mas sim como uma nova dimensão. Existe o apelo à coerção autoritária ou colectiva ("para nosso próprio bem") versus apelar aos direitos naturais (o bem e o mal convivem dentro de cada um de nós, mas a salvação é possível porque somos seres morais com capacidade de escolher o bem).

Quanto aos neo-conservadores, o problema é que, migrando para a direita trouxeram o seu sistema de análise.

O optimismo da extrema-esquerda na mudança social que vai ao ponto do absurdo de querer transformar a existência tribal e convivência com o deserto em repúblicas federais multi-étnicas.

Também trouxeram da extrema-esquerda o gosto pelo militarismo revolucionário muito consistente com o seu passado de Trotsky, o fundador do exército vermelho, incluindo o seu internacionalismo. Aqui, existe também algo de Napoleónico, "pegar" na defesa nacional transformando-a num instrumento de imposição de um nova ordem e libertação para o próprio bem dos outros.

Como se vê, a extrema-esquerda fez consideráveis conquistas no pensamento Conservador. Fico chateado, "com certeza" que fico chateado. Pode querer.

(continua)

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