terça-feira, 8 de maio de 2007

Liberais clássicos e liberais construtivistas

França: a Bela e os intelectuais. Por José Manuel Moreira.

O verdadeiro intelectual – que é de esquerda – conhece o “sentido da História”. Daí que se assuma como “dono” da verdade e reformador da sociedade e até do mundo.

O verdadeiro intelectual não vai ao encontro da sociedade para a entender e aprender, mas para mandar, decretar e impor as suas “crenças” a um sistema injusto e desumano, no qual nada se salva. Daí a necessidade de revolução. Depois veio a desilusão, a fase social-democrata e a hesitação: reforma ou revolução? Entretanto, com a fase pós-moderna, chegou-se à confusão e à perda de referências. À fase final, ao momento Royal, em que o povo quer ordem e trabalho e a ‘madame’ oferece emoção e desejo de apaziguamento: um projecto de “sociedade apaziguadora” contra o programa de “ruptura e brutalidade” do adversário. Mas o povo bruto não se assustou e o Monstro ganhou à Bela.

Na disputa Ségo-Sarko confrontaram-se duas Razões para a Liberdade. A dos liberais clássicos – e de Tocqueville – que encontraram o argumento para a liberdade na capacidade da inteligência humana apreender a vida da sociedade que a criou – e a dos liberais construtivistas, que sempre procuraram submeter a vida da sociedade a uma reconstrução racional.

(...)

O tempo parece agora propício a experiências mais radicais. Vamos ver se Sarkozy terá coragem de tornar claro que a opção de futuro não é mais a de insistir em dizer às pessoas o que os governos farão, mas a de confessar aquilo que não poderão fazer. A bem de uma sociedade francesa e europeia mais forte, livre e responsável.

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