quinta-feira, 29 de julho de 2004

O Universo é muito grande

Quanto ao Sudão, aos poucos, devagar devagarinho, vai crescendo o "consenso" para uma nova emergência. Mais um motivo para justificar que a ONU ou a "comunidade internacional" actuem para promover um qualquer bem e impedir um qualquer mal, que "não sei quem" destrua "não sei quem" por causa de "não sei o quê", ou ainda pior, que alguém impeça a chegada de ajuda humanitária decidida por um qualquer burocrata a precisar de ser promovido para um orgão internacional.

Por exemplo o Kosovo. Existe quem fique orgulhoso por uma paz só se manter com as armas e que mal estas retirem, os problemas retomem exactamente onde estavam ou provavelmente ainda pior. Nos Balcãs, tentam o mesmo há centenas de anos, foi lá que a Europa começou a ser destruída.

Claro que existe a solução apontada por Rothbard:  "What about our universal experience that when U.S. troops get out, the whole aid, infrastructure, etc. go down the drain? The solution is simple, though it has been far overlooked because some narrow-minded selfish fascist stick-in-the-muds will raise a fuss. The solution: We Don't Get Out! Ever. So we don't have to worry about preparing the natives for transition. We should stay in there and cheerfully Run the World. Permanently for the good of all. A Paradise on Earth. We can call it, the "politics of meaning.""

Mas o facto é que à direita, esquerda e centro (e muitos, para não dizer, quase todos, liberais) subsiste um optimismo difícil de quebrar,  na capacidade de agir externamente para mudar, guiar, reeducar e desenhar sistemas sociais e modificar costumes e tradições, tudo a bem do progresso, o que significa como sabemos todos, a social-democracia. Se "essas" tribos não o querem é porque não estão preparados para fazer o seu próprio julgamento, coitados. Fogo neles, desarmem-nos, banho neles, novas roupas, alimentem-nos e aí temos uma Nova Sociedade.

De todos os optimistas, o liberal é o mais intrigante. Sempre pronto na capacidade de indicar os problemas a longo prazo no intervencionismo do Estado, por exemplo, nas empresas municipais de recolha de lixo, tentado analisar para além de quaisquer benefícios de curto prazo. E essa capacidade inclui a análise da segurança social para além das suas boas intenções, pondo em evidência quer os malefícios causados pelos (des)incentivos  quer na questão de princípio da responsabilidade individual em não sermos um fardo para ninguém quer no igual dever de, voluntáriamente, contribuir para que a sociedade civil trate dos carenciados, que se desejam, sejam apenas pontuais e não crónicos.

Mas em termos internacionais é outra história.  Quando o nível de intervenção potencial é mesmo grande, não existe ninguém mais optimista que um liberal. Desaparece a capacidade analítica. Nem curto nem longo prazo nem questões de princípio.  Zero. Nadia.

Gostava de saber se um dia quererão que um qualquer povo extra-terrestre, leitor de Kristol&Trotsky, venha ao planeta colocar os seus "soldados da paz" e impor a sua visão de "universalidade" a este nosso planeta desordenado. Talvez até desenhassem uma democracia mundial. Aposto que começariam nos EUA. E esmagariam todos os renegados e terroristas que combatessem tal ideal.




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