Com a projecção do excelente filme "A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich" retoma-se o o debate sobre as "causas" ou "como foi possível", mas não cesso de ficar espantado como nunca é referido, nem sequer como enquadramento, a ordem civilizacional europeia que se perdeu na Grande Guerra. No meio da destruição, o que mais se perdeu foi a moral de uma ordem imperfeita (como todas as realidades humandas) mas natural nas instituições que protegiam as mentes das paixões ideológicas e da procura de um lider politico vindo do povo, sem quaisqer traços de aristocracia velha cultura (presente quer no fascismo, no comunismo, mas também na partidocracia dos tempos presentes. Será por acaso que as tentativas feitas contra Hitler na própria Alemanha tenham tido origem na antiga aristocracia germânica?)
Ainda hoje a procura de um lider é o que motiva a política. Em vez da reivindicação de soberania local e individual (e para mais fácilmente, à escala humana, podermos realmente influenciar, em vez do anonimato das macro-democracias) o que se pretende é que um lider seja encontrado e aclamado, que vai pegar no poder central e através dele fazer grandes coisas.
Mas é essa mesma necessidade de procura de um lider que está na origem de todo o totalitarismo (na monarquia não existe a necessidade de um lider que entusiasme as massas, pelo contrário, era uma fonte de poder limitado enquadrada numa ordem espiritual - razão pela qual nunca as monarquias não alcançaram nunca, nem as absolutistas, nem de perto nem de longe o totalitarismo das repúblicas laicas). E o que levantou essa necessidade foi a destruição fisica e moral da Europa na Grande Guerra ("o suicídio da Europa" nas palavras do Papa Bento XV), acabou como Liberalismo Clássico e inaugurou o socialismo não democrático e o democrático.
O actual paradigma da social-democracia, o estatismo, o centralismo democrático, também vive da procura do líder que irá nascer para tomar conta de um centro (o Estado) do qual emanam decisões (choque tecnológico, educação, etc...não sei como é possivel que as pessoas se enganem a si mesmas tantas vezes...mas a psicologia já determinou que esses estados são até muito frequentes e sobrevivem com muita persistência).
A direita ou alguma direita que vê na sobrevivência do Estado, o mais alto designio político, peca por confundir Nação com Estado, o que faz com que estabeleça de forma automática de que o que é bom para o Estado é bom para a Nação. O que reforça a autoridade do Estado é bom para a Nação.
A esquerda que compreendeu que "igualdade" é o que de menos natural existe, precisa de um centro de propaganda para fazer acreditar que compulsório = voluntário, e convencer também que a maioria da população é um ganhador líquido (o que recebe é mais do que paga) e que sem o Estado iria perder o previlégio (o que é absolutamente verdade em relação aos únicos que não pagam impostos: os funcionários públicos).
O Liberalismo tem o dever de combater a partidocracia (seja do partido único ou multipartidário) e o mito do grande lider. Precisamos de menos política e mais representação civil onde os lideres são naturais, enquadrados na adesão voluntária a códigos comuns decididos por residentes e proprietários e não por uma massa anónima de votos que em aparência parece legitimar que o centralismo democrático decida sobre tudo o que ocorre debaixo do sol e da lua.
PS: Vejam a sucessão que deu lugar no BCP. Porventura foi um processo democrático (no sentido político)? Mas podemos afirmar que a designação de um sucessor teve o acordo dos accionistas sem que para isso sequer tenha existido um voto formal no sucessor. Foi um processo "natural". E é assim a democracia civil. Comparem isso com mesmo os bons lideres politicos conseguem fazer:
"Woodrow Wilson's decision to bring the United States into Europe's "Great War" (1914-18) wasn't made in 1917. In fact, his agents had already reached an agreement with the governments of England and France to involve the U.S. in the autumn of 1915. He then spent all of 1916 campaigning for reelection on the slogan, "He kept us out of war." When Wilson, who had already invaded Mexico, Nicaragua, Haiti and the Dominican Republic, finally got Congress to declare war against the Central Powers on April 8, 1917, based on the ridiculous Zimmerman Telegram, the renewal of unrestricted submarine warfare by the Germans, and trumped up charges of atrocities against the Belgians, he didn't just get more than 100,000 Americans killed, he solidified the last century's turn toward warfare and totalitarianism that eventually killed over two hundred million people. So says Jim Powell, Perhaps he left the Cold War, the Israeli-Palestinian conflict, and the wars against terror and Iraq out of the book's title for brevity's sake.
Powell makes a compelling argument that by the time the U.S. got involved, World War I was a stalemate. Peace was sure to break out soon(...) As soon as the U.S. Congress declared war less than a month later, Wilson began applying diplomatic pressure and paid the Russians $325 million to continue the fight. (...) The payoff worked: Russia's provisional prime minister Aleksandr Kerensky kept the Russians involved in the war. Finally, on their fourth try, Vladimir Ilyich Lenin and his sidekick Leon Trotsky seized power. As Powell says in the book, "If Russia's Provisional Government had quit the war and negotiated peace with Germany in early 1917, we might never had heard of Lenin. (...)"
Without the help of conscripted American soldiers it is much more likely that the Allies would have negotiated sooner and demanded less vengeful terms. And vengeful terms they were: Clause 231 and 232 of the Treaty of Versailles forced the Germans to accept blame for the entire war, and to "make compensation for all damage done to the civilian population of the Allied and Associated Powers and to their property during the period of belligerency of each as an Allied or Associated Power against Germany by such aggression by land, by sea, and from the air, and in general all damage." (...)
If he - Wilson - had had details in mind for just peace terms, it might have been different. Instead he was thoroughly dominated by the French Prime Minister Georges Clemenceau and the British foreign secretary Lord Edward Grey.
One wish of Wilson's was granted: he had demanded that the German Kaiser resign. He would only accept surrender from a "democratic government," presumably meaning one like his. Due to this decision, the German democrats who had opposed the war were discredited for being those responsible for signing the terrible treaty. The opposition took all the heat, rather than the people who got the country into the war in the first place. The series of maneuvers Hitler used to seize power were difficult enough as it was. Without the destruction of the German economy by the demands of massive reparations and the discrediting of the moderate factions, Adolph Hitler and his National Socialist German Workers' Party would never have been able to seize power. Hitler's entire propaganda program was based on the idea of punishing the "traitors of 1918" (those who signed the Versailles treaty), and restoring dignity to a country so humiliated by the aftermath of the first world war.
(...) Wilson's blunder also paved the way for our current conflicts in the Middle East. With the overwhelming victory of the Allies, made possible by US involvement, the British Empire expanded by over a million square miles. The French were able to greatly expand their territories as well. The current nation-states of Iran, Iraq, Kuwait, Jordan, Syria, Lebanon, Saudi Arabia, Oman, Yemen and what was then called Palestine were drawn on a paper napkin by Winston Churchill with no regard for local populations at all. On top of all this, Lord Grey's successor, British foreign secretary Lord Arthur James Balfour, issued his famous "declaration," in the form of a letter to Lord Lionel Rothschild declaring the "establishment in Palestine of a national home for the Jewish people..." This has been, and will continue to be, a cause of major problems for the West, and the United States in particular, to say nothing of the people who live there.(...)" Blame Wilson by Scott Horton
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