A China, têxteis e trade-off, Sérgio Figueiredo, no negocios.pt
"(...) Sim, a globalização é, de facto, injusta. Os países ricos nunca aceitaram a reciprocidade. Sempre lhes foi mais fácil aceder aos mercados dos pobres. Ao invés, europeus e americanos sempre destruíram a competição: directamente (direitos aduaneiros) e indirectamente (subsídios, a PAC por exemplo).
As ONG tinham razão, porque a globalização agravava assimetrias. Sucede que a «invasão» chinesa é dolorosa apenas e só porque repõe, e parcialmente, esse histórico desequilíbrio nos termos de troca entre o Sul e o Norte.
A esquerda opulenta passou a vida a lutar pelo internacionalismo, mas está em pânico porque é o modelo liberal, através da economia, que obtém resultados onde a ideologia fracassou.
A defesa do «fair trade», feita pelos nossos industriais, é também difícil de captar. É colocada no plano dos «valores», da «ética» e dos «princípios». O Terceiro Mundo explora mão-de-obra dos miseráveis, daí os custos imbatíveis.
(...) E os economistas? Merecem um outro editorial, mas há duas premissas da doutrina dominante que a historia nega de forma peremptória:
Um país não mantém produtividades altas e salários baixos por muito tempo. E, se o Terceiro Mundo vai «roubar» prosperidade ao Primeiro não é porque os seus salários se mantenham baixos, mas, ao contrário, porque tenderão a aumentar."
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