sexta-feira, 30 de junho de 2006
Teoria do Federalismo e o Poder Executivo: "Bush and Property Rights "
"Executive Order: Protecting the Property Rights of the American People
By the authority vested in me as President by the Constitution and the laws of the United States of America, and to strengthen the rights of the American people against the taking of their private property, it is hereby ordered as follows:
Section 1. Policy. It is the policy of the United States to protect the rights of Americans to their private property, including by limiting the taking of private property by the Federal Government to situations in which the taking is for public use, with just compensation, and for the purpose of benefiting the general public and not merely for the purpose of advancing the economic interest of private parties to be given ownership or use of the property taken.
Sec. 2. Implementation. (a) The Attorney General shall: (...)"
O assunto está comentado aqui por um lewrockwelliano quem vem em defesa de Bush:
"I've seen some libertarian sneering about President Bush's Executive Order: Protecting the Property Rights of the American People. Now there is much for the libertarian to criticize Bush for; but is it so terrible that the head of the executive branch directs the agencies under his control not to take property by eminent domain "merely for the purpose of advancing the economic interest of private parties to be given ownership or use of the property taken"? Sure, the Order has troubling exceptions. But an incremental step in the direction of liberty is not something to whine about, is it?
One such wag complained that Bush issued his decree "merely because he says so". And he also whined that a mere "Executive Order isn't much protection from arbitrary exercises of power. Hunh? What is wrong with the decree being because "Bush says so"? How could it be otherwise. And the complaint reeks of the libertarian centralist notion that only protection from the Supreme Federal Courts is good enough; that judges are somehow exalted and different from other federal employees. I guess Bush should have made the Order applicable to the States, contrary to the Constitution and federalism (which is a code word for racism for libertarian centralists). (...)
And in turn makes them sneer at other means of limiting government power: vertical separation of powers (federalism), and so on. If the President decides not to take property for private use, this is not "good enough"; it must be the courts who say so, darnit.
There's just no pleasing some people."
Nota: Eu concordo genéricamente mas acrescento um senão tal como os antifederalistas (que se opunham nos seus "anti-federalists papers" à Constituição antecipando até a guerra "civil", o que nunca é mencionado pelos apreciadores dos "federalists papers") comentaram a "Bill of Rights", que de resto, representou o compromisso possível com estes. O comentário seria assim:
Se não tivessem escrito coisas como..
"Amendment I: Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the government for a redress of grievances.
...isso significava que tais direitos negativos não existiam? Qual o ponto em limitar poderes que não tinham sido concedidos de qualquer forma? E existe um ponto adicional, se determinada amenda desaparece, isso quer dizer que o Supremo deixa de reconhecer o direito que ele anunciava?
Concentration of power (in the executive branch)
Via Gabriel/Blasfémias
Só falta os habituais "pró-Estado-Federal-Americano-pouco-pró-americanos" dizerem que os checks and balances funcionaram (uns anos depois), quando que me lembre quase ninguém nessa área se preocupou em colocar em causa a propósito disto ou de toda a lógica da suposta "Guerra ao Terrorismo" (suposta porque não é possível por definição e pela experiência fazer "Guerra", no sentido militar convencional, ao terrorismo). A falta de perspicácia e habitual incompetência em interesse próprio (isto é, na concentração de poderes) dos políticos é que transforma um problema de segurança numa questão de guerra contra Estados com todas as consequências.
Dizer que todos os "Talibans" de Guantanamo são terroristas é uma simplificação. Sejam quais forem os bons motivos para a reacção militar contra o regime no Afeganistão (na verdade em minha opinião errada - era uma questão de forças especiais direccionadas para a perseguição da Bin Laden), quem do lado afegão combateu a invasão (seja quais forem os bons motivos evocados) simplesmente não pode ser sequer ser classificado de terrorista (para ser enquadrado em legislação especial, a qual de resto, provávelmente estarei sempre contra por princípio) mas sim de tradicional adversário combatente militar até prova em contrário.
quinta-feira, 29 de junho de 2006
Estado e Religião
PS: É preciso notar que no entanto "César" já legisla sobre relações privadas como o casamento e pretende impor o reconhecimento estatista (e fiscal?) forçadamente de casamentos homosexuais, etc. UO seja, o Estado já tem religião, a sua religião secular amoral imposta por legislação.
The Myth of Al Qaeda
Before 9/11, Osama bin Laden’s group was small and fractious. How Washington helped to build into a global threat. By Michael Hirsh Newsweek
June 28, 2006 - The capture of Ibn Al-Shaykhal-Libi was said to be one of the first big breakthroughs in the war against Al Qaeda. It was also the start of the post-9/11 mythologizing of the terror group. According to the official history of the Bush administration, al-Libi (a nom de guerre meaning "the Libyan") was the most senior Al Qaeda leader captured during the war in Afghanistan after running a training camp there for Osama bin Laden. Al-Libi was sent on to Egypt, where under interrogation he was said to have given up crucial information linking Saddam Hussein to the training of Al Qaeda operatives in chemical and biological warfare. His story was later used publicly by Secretary of State Colin Powell to justify the war in Iraq to the world.
The reality, as we have learned since—far too late, of course, to avert the war in Iraq—is that al-Libi made up that story of Iraq connections, probably because he was tortured by the Egyptians (or possibly Libyan intelligence officers who worked with them). But there's even more to this strange tale that hasn't been revealed. According to Numan bin-Uthman, a former fellow jihadi of al-Libi's who has left the movement and is based in London, al-Libi was never a member of Al Qaeda at all. (...)"
A ler o resto.
"Putin orders Russian hunt for hostage-killers in Iraq"
Em vez do nation-building com os resultados visíveis (se bem, que cada um vê os resultados que quer ver). Agora, todas as semanas temos a notícia de umas dezenas de mortos no Afeganistão pela "coligação". Mas são "Talibans", dizem...e quem quer que se oponha ao nation-building e as suas pretensões de estabelecer um federalismo suiço num deserto tribal só pode ser...um Taliban (isto é, terrorista).
quarta-feira, 28 de junho de 2006
Re: acerca do liberalismo e relações internacionais
"Muitos liberais foram assumidamente federalistas, não sendo nunca de esquecer que Lord Acton considerou-o o processo mais adequado para conter e civilizar a soberania estatal, enquanto Hayek defendeu-o como o melhor caminho para assegurar a paz na Europa Ocidental do pós-1945. "
Lord Acton também foi um defensor da causa da Secessão Sulista na Guerra entre Estados Americana, talvez porque a morte duma Federação é por vezes a única forma de salvar o Federalismo.
"...sempre se poderá reconhecer que o estatismo e o nacionalismo foram e são responsáveis pelos conflitos entre os povos"
De certa forma, todos os Estados são nacionalistas. Os conflitos entre os povos são na verdade conflitos entre Estados pela disputa do monopólio territorial numa dada região. Os povos é que se deixam convencer pacificamente por demagogos (sejam eles autoritários ou democráticos) que pretendem conservar ou criar novos Status Quo.
"É certo que existem zonas consideráveis do planeta que mantêm conflitos regionais, principalmente em África e no Médio Oriente. Mas, nestes casos, é a soberania estatal que fala mais alto, exercida à margem de qualquer mediação internacional que intencionalmente esses Estados enjeitam."
Gostava de encontrar algum sitío relevante onde a mediação internacional serviu de alguma coisa, se é que não a piorou sempre. Gostava de ver na história e em que região é que o internacionalismo diplomático e militar não está na origem desses conflitos, e estando na origem não os agravou significativamente.
From a libertarian point of view
Anti-estatismo, hoje mais do que nunca
É apenas mais um passo. Faz sentido. Hoje a propriedade já não é bem soberania. É mais um licenciamento. Os filhos, esses potenciais votantes do sistema de redistribuição a quem o Estado tudo dá, também deixam de ser assunto dos pais e família, a quem tudo tiram.
O totalitarismo do centralismo democrático irá provavelmente atingir niveis que o fascismo, nunca atingiu.
Se quiserem ter uma ideia prática do assunto, basta imaginar que o seu condomínio local passa a tomar decisões de orçamento e outras, por eleição universal de todos os residentes de maior de 18 anos. Depois é só ir observar o resultado mais tarde. E perguntar quem seria o louco que compraria propriedade em tal colectividade de voto universal.
A nivel macro na verdade, é pior. Porque o grau de centralismo anónimo favorece que uma classe de elite intelectual e política, à esquerda/centro/direita apele permanentemente à demagogia.
E o problema é que nunca se vê uma revolução pelos direitos de propriedade. Costuma ser pelos direitos de propriedade dos outros.
Cruzadas democráticas
O idealismo ingénuo e progressista de Wilson e a sua cruzada democrática (como se existisse algum tipo de totalitarismo no federalismo monárquico alemão ou austriaco), com a entrada dos EUA na Grande Guerra, induziu pelas "unintended consequences" o comunismo, o fascismo e nazismo no Continente Europa. Os anos 20 e 30 foram duas décadas de paz podre assente no absurdo do staus quo de Versailles. Wilson, Churchill e a França são os pais de filhos não desejados do totalitarismo no Continente.
Hoje, existe quem consiga falar de "expansionismo islâmico" apesar de em todo o século 20, ter sido o "Ocidente" a intervir nos assuntos de árabes e persas e actualmente ocuparem 2 países e desde o fim da Segunda Guerra, ter sido imposto um Status Quo na Palestina, pela ONU, criação de Roosevelt, que teve o preço de Estaline ter sido um aliado e virtual vencedor da Segunda Guerra Mundial (e o Império Britânico o grande derrotado).
Teremos nós duas décadas de paz podre iguais às dos anos 20 e 30 indo desaguar num qualquer evento de apocalipse? Bem, basta juntar o bloco Russo e Chinês induzido pelo intervencionismo nas suas fronteiras e uma vida cada vez mais dificil para um Ocidente distraido e exausto nos assuntos do deserto dos outros, exactamente como nos anos 20 combatia na zona as revoltas dos seus "libertados".
Basta traçar o paralelo entre o objectivo de levar a democracia ao mundo por Wilson e os resultados que obteve, e a democracia imposta ou pressionada exógenamente dos dias de hoje, ao mesmo tempo que o islamismo ganha força e causas junto da juventude tal como a juventude das novas repúblicas continentais se iam reconhecendo nas utopias a quem tinham sido oferecidas de bandeja algumas boas e até justas causas.
É preciso salvar o "Ocidente" dos seus defensores...salvando-nos dos nossos salvadores.
terça-feira, 27 de junho de 2006
Paradoxo do relativismo
Ou, devemos nós assumir que o "relativismo" de costumes e moral (em boa parte imposto pelo Estado) em que o "ocidente" caiu, é a posição moral certa, e portanto devemos nós obrigatóriamente condenar moralmente o islão por ser "não relativista" e assim concluir que se não o fizermos estamos a ser "relativistas"?
The Worldwide Gun Control Movement
The UN claims to serve human freedom and dignity, but gun control often serves as a gateway to tyranny. Tyrants from Hitler to Mao to Stalin have sought to disarm their own citizens, for the simple reason that unarmed people are easier to control. Our Founders, having just expelled the British army, knew that the right to bear arms serves as the guardian of every other right. This is the principle so often ignored by both sides in the gun control debate. Only armed citizens can resist tyrannical government." Ron Paul
sábado, 24 de junho de 2006
Sobre o "massacre de Gaza"
Novos artigos no site da Causa Liberal
por Luciano Amaral
Bedlam Europe
Por Gerald Vouga
Pensamento liberal e neo-liberal e Doutrina Social da Igreja: "O regresso ao individualismo"
por Rodrigo Adão da Fonseca
Causa Liberal
ISLAMO-FASCISMO: um esclarecimento prévio
Vamos voltar aos bancos da escola e o estudo da lógica! A expressão “islamo-fascismo” não se aplica, evidentemente, a todos os muçulmanos (ao islão no seu todo), mas é utilizada para distinguir uma determinada classe do fascismo.Ou então uma determinada classe de islamistas. Obviamente existe aqui uma certa ambiguidade; dependente de qual o principal objecto do nosso interesse: o fascismo ou o islão. Se recorrermos às regras de sintaxe, é evidente que neste caso o hífen é utilizado para indicar uma sub-classe de fascismo, neste caso o fascismo islámico. Há um paralelo com a expressão, utilizado pelos opositores do regime que vigorava na Grécia nos anos cinquenta do século passado. Sem querer fazer qualquer juizo sobre o regime nem sobre os seus opositores, relembro que esse regime era denominado por muita gente de “monarco-fascista”. Não implicava que todos os monárquicos fossem fascistas, nem que todos os fascistas fossem monárquicos. Outro exemplo seria a expressão “nazi-fascista”. Sem falar de os chamados “neo-conservadores”; nem tudo que é novo é conservador, nem tudo que é conservador é novo.
Val a pena aqui acrescentar, ao contrário do que dizem alguns, que não foram os chamados neo-conservadores (expressão inventada pela esquerda americana, que possui um talento sem limites para fazer proliferar o seu vocabulário) quem inventou a expressão “islamo-fascismo”, mas sim os muçulmanos reformistas.
Agora, se certas correntes do fundamentalismo islámico são ou não fascistas na realidade, isto depende do que se considera fascismo. Qualquer análise, mesmo superficial, das leis da sharia leva-me a concluir que sim. Totalitarismo, “thought control” e censura, leis injustas e discriminatórias, falta de direitos cívicos fundamentais, castigos de uma extrema crueldade, uma política de expansionismo territorial e a matança indiscriminada de civis incluindo crianças. E a mobilização das massas populares. Todavia surge uma dúvida: se podemos ou não falar de fascismo quando se trata de uma ideologia pré-moderna. Certamente o totalitarismo que nós conhecemos na Europa moderna não podia existir nas condições medievais onde nasceu a sharia. E, com toda a certeza, o fascismo de que Benito Mussolini foi o autor e praticante, nunca foi tão feroz como o que se chama islamo-fascismo.
sexta-feira, 23 de junho de 2006
Causa Liberal
Recensão de um livro útil para quem queira entender o islamismo.
Será que qualquer discussão objectiva do islao constitui "islamofóbia"?
Theodore Dalrymple All or NothingThe quest for a moderate Islam may be futile.4 June 2006
Islamic Imperialism: A History, by Efraim Karsh (Yale University Press, 288 pp., $30)
The week following the Muslim protests in London against the Danish cartoons—with marchers carrying signs calling for the beheading of infidels—other Muslims demonstrated to claim that Islam really meant peace and tolerance. While their implicit recognition that peace and tolerance are preferable to strife and bigotry did these Muslims personal honor, the claim regarding Islam was both historically and intellectually preposterous. Only someone ignorant of the most elementary facts could believe such a thing. From the first, Islam was a religion of pillage, violence, and compulsion, which it justified and glorified. And it is certainly not “the evident truth of the doctrine itself,” to quote Gibbon with regard for what, with characteristic irony, he called the primary reason for the rapid spread of Christianity throughout the civilized world, that explains the exponential growth of the Dar-al-Islam in its early history.
It is important, of course, to distinguish between Islam as a doctrine and Muslims as people. Untold numbers of Muslims desire little more than a quiet life; they have the virtues and the vices of the rest of mankind. Their religion gives to their daily lives an ethical and ritual structure and provides the kind of boundaries that only modern Western intellectuals would have the temerity to belittle.
But the fact that many Muslims are not fanatics is not as comforting as some might think. Consider, by way of illustration, Eric Hobsbawm, the famous, much feted, and unrepentantly Marxist historian. No one would feel personally threatened by him at a social gathering, where he would be amusing, polite, charming, and accomplished; if you had him to dinner, you wouldn’t have to count the spoons afterward, even though he theoretically opposes the idea of private wealth. In short, there would be no reason to suspect that he was about to commit a common crime against you. In this sense, he is what one might call a moderate Marxist.
But Hobsbawm has stated quite openly that, had the Soviet Union managed to create a functioning and prosperous socialist society, 20 million deaths would have been a worthwhile price to pay; and since he didn’t recognize, even partially, that the Soviet Union was not in fact on the path to such a society until many years after it had murdered 20 million of its people (if not more), it is fair to assume that, if things had turned out another way in his own country, Hobsbawm would have applauded, justified, and perhaps even instigated the murders of the very people to whom he was now, under the current dispensation, being amusing, charming, and polite. In other words, what saved Hobsbawm from committing utter evil was not his own scruples or ratiocination, and certainly not the doctrine he espoused, but the force of historical circumstance. His current moderation would have counted for nothing if world events had been different.
In his new book, Islamic Imperialism: A History, Professor Efraim Karsh does not mince words about Mohammed’s early and (to all those who do not accept the divinity of his inspiration) unscrupulous resort to robbery and violence, or about Islam’s militaristic aspects, or about the link between Islamic tradition and the current wave of fundamentalist violence in the world. The originality of Karsh’s interpretation is its underlying assumption that Islam was, from the very beginning, a pretext for personal and dynastic political ambition, from the razzias against the Meccan caravans and the expulsion of Jewish tribes from Medina, to the siege of Vienna a millennium later in 1529, and Hamas today.
Contrary to its universalistic pretensions, Karsh argues, Islam has never succeeded in eliminating political power struggles within the Muslim world, where, on the contrary, such struggles have always been murderous. Islamic regimes, many espousing in the beginning the ascetic principles of what one might call desert Islam, invariably degenerate (if it be degeneration) into luxury- and privilege-loving dynasties. Like all other political entities, Islamic regimes seek to preserve and, if possible, extend their power. They have shown no hesitation in compromising with or allying themselves with those whom they regard as infidels. Saladin, a mendaciously simplified version of whose exploits has inflamed hysterical sentiment all over the Middle East, was not above forming alliances with Christian monarchs to achieve his imperial ends; the Ottoman caliphate would not have survived as long as it did had the Sultan not exploited European rivalries and allied himself now with one, now with another Christian power.
In short, Islamic imperialism, in Karsh’s view, illustrates three transcendent political truths: the Nietzschean drive to power, Michels’ iron law of oligarchy, and Marx’s economic motor of history. Religious feeling, on this reading, is but an epiphenomenon, a mask for what is really going on.
This interpretation raises the difficult and perhaps unanswerable question of what should count in history as a real, and what as merely an apparent, motive for action. When Bernal Diaz del Castillo claims a religious motive for the conquest of Mexico, at least in part, should we just dismiss it as a sanctimonious lie to justify a more rapacious motive? That he ended up a rich man does not decide the question; and Diaz himself would have taken his material success as a sign that God smiled upon his enterprise, just as Muslims have viewed their early conquests as proof of God’s approval and the truth of Mohammed’s doctrine. (On the other hand, failure for Muslims never seems to provide proof of the final withdrawal of God’s favor, much less of his non-existence, but rather shows his dissatisfaction with the current practices of the supposedly faithful, who will return to His favor only by restoring an earlier, purer form of faith.)
Karsh seems to oscillate between believing that Islamic imperialism is just a variant of imperialism in general—imperialism being more or less a permanent manifestation of the human will to power—and believing that there is something sui generis and therefore uniquely dangerous about it.
I hesitate to rush in where so many better-informed people have hesitated to tread, or have trodden before, but I would put it like this. The urge to domination is nearly a constant of human history. The specific (and baleful) contribution of Islam is that, by attributing sovereignty solely to God, and by pretending in a philosophically primitive way that God’s will is knowable independently of human interpretation, and therefore of human interest and desire—in short by allowing nothing to human as against divine nature—it tries to abolish politics. All compromises become mere truces; there is no virtue in compromise in itself. Thus Islam is inherently an unsettling and dangerous factor in world politics, independently of the actual conduct of many Muslims.
Karsh comes close to this conclusion himself, when he writes at the end of the book:
Only when the political elites of the Middle East and the Muslim world reconcile themselves to the reality of state nationalism, forswear pan-Arab and pan-Islamic dreams, and make Islam a matter of private faith rather than a tool of political ambition will the inhabitants of these regions at last be able to look forward to a better future free of would-be Saladins.
The fundamental question is whether Islam as a private faith would still be Islam, or whether such privatization would spell its doom. I think it would spell its doom. In this sense, I am an Islamic fundamentalist. The choice is between all and nothing.
Politicamente incorrecto politicamente incorrectos
Tem alguma piada notar os sempre atentos anti-anti-semitas-supostos-anti-racistas-anti-xenófobos estarem aos poucos a cairem no mesmo "prejudice" pelo seu notório e crescente islamofobia, comentando todos os aspectos das suas tradições e costumes, sim, notóriamente conservadoras.
Não que não possam ser feitas considerações, o problema é transformar isso em motivos para o militarismo-revolucionário-iluminista-napoleónico que encharcou a direita-(left)-liberal.
Além disso, começam (os islamofóbicos) a ter exactamente os mesmos sintomas do anti-semitismo cujas origens estão, não própriamente contra os "judeus" em geral mas contra o judaismo ortodoxo que se fizerem o favor de analisar, contém (e antes bem mais do que hoje) muitas peculiriedades (os seus tabus, etc) que o tornam mais próximos do Islão do que do Cristianismo do Novo Testamento.
A história repete-se mas sempre de formas diferentes e que apanham de supresa os próprios actores (o lançamento de um ataque nuclear de baixa intensidade contra o Irão será considerado normal...nas discussões à hora do chá...de resto serão os mesmo que acham que 2 bombas nucleares sobre uma nação derrotada foi mais uma mal necessário..."humanitarians with a guilhotine"...).
Adenda: escrevi este post ainda antes de ler o anterior, portanto não é uma resposta a Patricia Lança. A caracterização de "islamofobia" não pretende ser um "insulto" (se bem que deva existir quem o considere um cumprimento) mas um expediente para caracterizar um certo ambiente de crescente "prejudice".
Não nos devemos preocupar demasiado com as culturas/costumes dos outros, mas sim em procurar viver a nossa. Recordo-me como durante muito tempo era praticamente a única voz na ala liberal a argumentar contra o presente conceito estatista de livre-imigração.
Nessa altura era politicamente incorrecto-politicamente-incorrecto. Agora, por causa desse crescente islamofobia liberal já só é pol.inc.-p.c.
Ou seja, deixemos aquilo que se passa no meio do deserto e pedras com o deserto e as pedras, e olhemos mais para nós próprios e o nosso quintal.
Causa Liberal
UMA EXTRAORDINÁRIA CEGUEIRA (Primeira Parte)
Qualquer viajante pela blogoesfera, ao encontrar por acaso este site e começar a ler as diversas comunicações e respectivos comentários, é capaz de ficar bastante perplexo perante as atitudes de alguns dos autores. Esperariam, com certeza, que quem se reclama do liberalismo tivesse outra postura perante o problema mais candente do mundo actual: o islamismo extremista, por vezes denominado islamo-fascismo. O que surpreende, em primeiro lugar, é o desconhecimento e a manifesta falta de interesse pela procura de informações certeiras e relevantes. Em segundo lugar é a persistência de chavões e mitos oriundos, em última análise, de fontes esquerdistas.
Estes fenómenos surpreendem por contrastar, de modo flagrante, com a qualidade e erudição de muitos artigos publicados no site principal da Causa Liberal. Também é de estranhar a condescendência mostrada por liberais para com uma força tão inimiga do liberalismo e da própria existência do mundo livre.
Outro aspecto espantoso é a hostilidade e a suficiência, por não dizer arrogância, com que as críticas ao islamismo radical são recebidas. Estas são atacadas como se fossem provenientes de pessoas ignorantes ou preconceituosas, e com a insinuação de que quem as partilha seja também xenófobo. Tenham paciência, amigos liberais, a intolerância e a impetuosidade no debate são caracteristicas dum espírito adolescente e pouco liberal.
Como fui pessoalmente alvo de este tipo de crítica acintosa e para evitar equívocos, antes de proceder a um exame objectivo do projecto islamo-fascista acho pertinente, embora desagradável para mim, explicitar as minhas credenciais Desagradável porque não é o meu costume personalizar os argumentos. Mas lá vamos. O meu testemunho pessoal pode ser elucidativo. Era bom também, com o propósito de evitar malentendidos e perca de tempo, principiar com um “level playing-field” como dizem os anglófonos. Quer dizer: saber quais são as habilitações nesta matéria dos outros protagonistas no debate.
Primeiro, contrariamente ao que podem supor os adeptos de conclusões precipitadas, conheço com alguma intimidade a sociedade muçulmana a cujo estudo tenho dedicado muitos anos. Visitei durante longos meses, todos os países Maghrebinos e residi e trabalhei durante quatro anos na Argélia.
Todavia, ainda antes de partir, em 1962, para a África do Norte, acompanhada do meu marido (português), tinha já apoiado activamente a luta independentista argelina. Conheci vários árabes em Londres e cheguei a traduzir para inglês (do original francês) um livro (La pacification) sobre a guerra contra os franceses. No entanto os contactos mais estreitos com os argelinos só começaram em 1962 quando partimos de Marrocos para a Argélia depois de uma estadia de seis mêses. A independência tinha chegado e viajámos com os últimos militares argelinos a abandonarem as suas bases em Marrocos. Viajavam connosco algumas famílias de militares e pernoitámos antes de chegar a Orão numa aldeia nas montanhas do Atlas. O alojamento era exíguo. Ninguém tinha dinheiro e eu partilhei uma grande cama de casal com quatro mulheres argelinas; o meu marido tinha num outro quarto a companhia de cinco soldados argelinos. Durante toda essa viagem ficámos impressionados com o companheirismo e o nível de politização dessa gente simples e hospitaleira. Menciono esta viagem, que durou três dias, porque foi nssa altura que comecei realmente a conhecer e a apreciar os argelinos.
Quando chegámos finalmente a Argel fui logo trabalhar como responsável da edição inglesa de um jornal argelino publicado em língua francêsa. Com director e colegas argelinos, todos muçulmanos, aprendi não só bastante sobre a política árabe, mas também pormenores da vida doméstica. O ambiente não era de gente muito rigorosa nas suas crenças. Muitos jornalistas e funcionários do jornal guardavam sandes de fiambre e garrafas de cerveja nas gavetas das suas secretárias. No mês santo de Ramadão não jejuavam durante o dia; traziam petiscos de casa com o intúito de satisfazer a fome às escondidas. Nesse tempo pessoas religiosas não manifestavam a sua fé em público. Nunca vi nesses anos todos ninguém que se ajoelhasse na rua ou em qualquer outro lugar. Mas persistiam muitas outros práticas tradicionais. Como os portugueses antigos ainda beijavam a mão paterna e pediam a benção dos pais.
Mais tarde, enquanto o meu marido trabalhava como topografo no deserto, vivi durante quase um ano, fugida das perseguições dos exilados comunistas portugueses. O meu refúgio era a casa de uns amigos argelinos no bairro de El Biar. A família era chefiada por um ex-comandante dos maquis da FLN e foi com esses amigos em longas conversas pela noite dentro, que tomei conhecimento, pela primeira vez, do perigo que representavam dois movimentos políticos: o fundamentalismo islamíco (integrista) e o movimento Baath (secular). Já nessa altura eram ambos classificados de fascistas por quem sonhava, como os meus amigos, construir uma Argélia moderna, secular e livre.
Nessa casa, que tinha uma ampla biblioteca, comecei também a conhecer muitas obras sobre a história dos árabes e do Islão, inclusive o Al Korão em diversas línguas e outros textos religiosos e também sociológicos.
Em 1965, a seguir ao assassinato do General Humberto Delgado em Espanha, a polícia argelina prendeu um grupo de portuguese entre os quais o meu marido e eu. Esta experiênçia, instructiva embora pouco agradável, foi a consequência de uma intriga montada por exilados portugueses, militantes do PCP. Não sofremos nenhuns maus tratos e a nossa libertação foi graças à intervenção de amigos argelinos e não de portugueses como mais tarde foi reivindicada.
Nós, o meu marido e eu, nos apaixonámos pelo Maghreb, tão semelhante e tão diferente de Portugal. Para nós os árabes pareciam mesmo nossos primos, apesar de sobreviverem ainda algumas sequelas medievais que nos faziam lembrar a nossa própria história. Foi só mais tarde, nos anos 80, que coméçamos a receber notícias do acentuado crescimento do movimento fundamentalista fruto do descalabro de um regime autoritário que se pretendia socialista. A nossa experiència com os argelinos não nos tinha preparado para tais desenvolvimentos nem para a violência atróz que destrui umas centenas de milhar de vidas argelinas, quase tantas quanto foram ceifadas pelos franceses. A partir do começo dos massacres nunca mais tive notícias dos meus amigos. Porém não podia deixar de continuar as minhas leituras sobre o mundo árabe.
Assim, equipada com conhecimentos baseados não só numa experiência vivida mas também em estudos continuados, espero analizar sumariamente num próximo post os perigos reais do islamo-fascismo, expressão tão estranhamente contestada por alguns soi-disant liberais.
quinta-feira, 22 de junho de 2006
War. What is it good for? Christopher Hitchens won't get bored.
downside: 3,000 dead Americans. Two wars. Tens of thousands of innocents dead as a result. Possible clash of civilizations with untold more dead to come.
Upside: Christopher Hitchens won't get bored.
From an interview in World magazine: As a journalist Mr. Hitchens extensively covered the Bosnian war and the Gulf War, yet describes 9/11 as
"an exhilarating moment" because it crystallized his views. "Everything I hate is on one side, and everything I love is on the other. I'm never going to get bored with this."
War. What is it good for? Well, there's that. It's a recurring theme with him. As he said a few years ago:
I am prepared for this war to go on for a very long time. I will never become tired of waging it, because it is a fight over essentials. And because it is so interesting.
Sure, that's a repugnant sentiment, and one that you'd do better to leave unsaid, if you're weird enough to feel it. But something else struck me about the World magazine interview, something that goes beyond the Right's very favorite ex(?)-Trot. (...)
Now, I'm not a Christian, but aren't Christians supposed to get offended at the following?Hitchens says:
"[Jesus on the cross] is scapegoating that absolves one of all responsibility in return for the acceptance of the incredible and the undesirable. And then with the other shoe, the other hand, says if you don't believe it, then we have a real program of torture that will go on forever. It's disgusting. It was completely invented by very underdeveloped human beings," he says, astoundingly citing Augustine and Aquinas. "These are peasants; the sort of people we are up against now, with wild looks in their eyes and living in caves."
The interviewer who clearly digs Hitch, says only that this is " a rare moment of less-than-astute analysis" for him.
Insult our Savior, defame our religion, support the president: you're pretty swell, all things considered. The war must be very, very important to Christian conservatives. "
War: Boredom Cure by Gene Healy
WWI (4)
“Winston Churchill suggested as much in 1936:"America should have minded her own business and stayed out of the World War. If you hadn’t entered the war the Allies would have made peace with Germany in the spring of 1917. Had we made peace then there would have been no collapse in Russia followed by Communism, no breakdown in Italy followed by Fascism, and Germany would not have signed the Versailles Treaty, which has enthroned Nazism in Germany. If America had stayed out of the war, all of these ‘isms’ wouldn’t today be sweeping the continent and breaking down parliamentary government, and if England had made peace early in 1917, it would have saved over one million British, French, American and other lives."
Noutro local:
Thomas Fleming, autor do "The Illusion of Victory: America in World War I (Basic Books, 2003)":
"From the start of World War I, stories of German atrocities filled British and American newspapers. Most emanated from the German march through Belgium to outflank French defenses in their drive on Paris.Eyewitnesses described infantrymen spearing Belgian babies on their bayonets as they marched along, singing war songs. Accounts of Belgian boys with amputated hands (supposedly to prevent them from using guns) abounded. Tales of women with amputated breasts multiplied even faster.At the top of the atrocity hit parade were rape stories. One eyewitness claimed the Germans dragged twenty young women out of their houses in a captured Belgian town and stretched them on tables in the village square, where each was violated by at least twelve "Huns" while the rest of the division watched and cheered
At British expense, a group of Belgians toured the United States telling these stories. President Woodrow Wilson solemnly received them in the White House.The Germans angrily denied these stories. So did American reporters with the German army.(...)
The Bryce Report was released on May 13, 1915. British propaganda headquarters in Wellington House, near Buckingham Palace, made sure it went to virtually every newspaper in America. The impact was stupendous, as the headline and subheads in the New York Times make clear.(...)From a perspective of a hundred years, we ought to take a harsher view. The Bryce Report has obvious connections to the British decision to maintain the blockade of Germany for seven months after the armistice in 1918, causing the starvation deaths of an estimated 600,000 elderly and very young Germans. This was far and away the greatest atrocity of World war I and it made every German man and woman hunger for revenge. By creating blind hatred of Germany, Bryce sowed the dragons teeth of World War II."
WWI (3)
The Illusion of Victory
Woodrow Wilson, a catastrophe for liberty Thomas Fleming, a terrific narrative historian whose books have sold in the millions, has emerged as a major voice challenging establishment views. Fleming is the author of Liberty!, a splendid (and splendidly-illustrated) companion to the 6-part TV series on the American Revolution. His sizzler The New Dealers’ War debunked the standard line that Franklin D. Roosevelt was a great war president.
Now in Illusion of Victory, Fleming takes on President Woodrow Wilson who is widely revered as a crusader for democracy and peace, a continuing inspiration for American political leaders. Fleming demolishes the claim that Wilson entered World War I to make the world safe for democracy. Wilson sided with Czarist Russia, with France which had colonies in Africa and Asia, with Britain which had the biggest overseas empire, and with Belgium which killed some 10 million people in the Congo. Wilson’s allies had cynical secret treaties to grab land from defeated nations. By the time America entered World War I, Fleming explains, it had become substantially stalemated, which would have meant a negotiated settlement.
But American entry enabled vengeful allies to impose harsh surrender terms on Germany. This triggered a bitter nationalist reaction and a ruinous runaway inflation, which helped Adolf Hitler recruit Nazis. Wilson pressured Russia to stay in the war, even though it was nearly bankrupt, and the result was Lenin’s Bolshevik coup and 70 years of communism. Wilson’s decision to enter World War I set the stage for World War II. Fleming tells how Wilson amassed unprecedented power in the United States. He established military conscription. He seized control of whole industries. At one point, Wilson shut down all factories east of the Mississippi River—some 30,000 factories in New York City alone. Wilson authorized the imprisonment of dissidents for criticizing him. In October 1919, Wilson suffered a massive stroke, and his wife Edith and his doctor kept this secret from Wilson’s Cabinet, the Vice President and the American people. Wilson was physically isolated, and decisions were made in his name. This was the most notorious presidential cover-up in American history."
WW1 (2)
Two decades after Wilson, burdened by Clemenceau’s untenable revenge of Versailles, Europe staggered into a belated Round Two of self-destruction. After 1918 it was badly wounded; after 1945 mortally so." SARAJEVO REVISITED, by Srdja Trifkovic, chroniclesmagazine, July 2, 2004
WWI (1)
"(...) Russia’s role has always been recognized as critical. The Austro-Serb Balkan conflict escalated into a European war because Russian leaders decided on 24-25 July to back Serbia. Recent scholarship indicates that the Russians supported Serbia in full recognition that this was almost certain to lead to war with Austria, and possibly with Germany as well.15 The czar and his ministers nevertheless made the decision to mobilize without understanding its military consequences for Germany.16
France has received less attention as its role has been regarded as secondary. Scholarly inquiry has focused on the extent to which French leaders strengthened Russian resolve in the Balkans, before 1914 and during the July crisis.17 Britain’s role in the crisis has been more controversial, and some scholars have argued that an earlier British commitment to support France might have encouraged Germany to restrain Austria.18 Recent scholarship suggests that Foreign Secretary Edward Grey went as far as he could in signaling his country’s intention to back France given the domestic constraints he faced, and that a British commitment might not have had the desired effect in any case.(...)"
FRANZ FERDINAND FOUND ALIVE, WORLD WAR I UNNECESSARY, Richard Ned Lebow
Democracia e Liberdade
~ Bertrand de Jouvenel, On Power
PS: E no seguimento, sabemos que repúblicas é que substituiram as monarquias na Europa. Portanto, se queremos sobre as origens do fascismo e do comunismo, temos de nos interrogar e investigar...E todos os caminhos levam à WWI e aos seus actores. Da mesma forma que, a vitória de Estaline e do comunismo na WWII, devia provocar alguma curiosidade. Mas aparentemente não. A coisa fica arrumada com o realista nada moralista "pacto com o diabo" a favor da "democracia" na WWII. Foi o que se viu. Mas foi a transformação de uma guerra entre impérios (um pouco exagero, é fácil de ver que o único grande império era o britânico que sai aumentado) numa guerra ideológica ingénua, demagógica e de esquerda, que transformou o mundo irremediávelmente para pior. Roosevelt e Wilson foram adoptados pela Direita Liberal. Mas não é coisa de Direita nem coisa de Liberal. Só de quem presta vassalagem ao Estatismo Social-Democrata-Moderno e o seu amoralismo imposto através das suas instituições de re-educação em massa (sendo uma das suas funções, cativar os court historians que prestam o serviço de apresentar o bom "Estado" como o único salvador-redentor contra o mau "Estado").
Re: assunto encerrado
Pelo caminho, nos comentários nota-se a habitual admiração guerreira por Churchill ... pela sua batalha com o boers... não será a prova do seu "gosto por conflitos"e o seu "arqui-imperialismo"? (já aqui recordei por diversas vezes que Churchill ainda a meio da WWII que achava que no fim o seu Império Britânico iria alcançar ainda um novo patamar de glória e mais para o fim já dizia que não tinha combatido duas Guerras para ver o Império desabar...pois foi isso precisamente que aconteceu e ele foi o culpado principal...) , e que no fim, foi um dos motivos como actor principal do desastre civilizacional da WWI (vamos recordar que o Tratado de Versailles foi imposto após 9 MESES de bloqueio alimentar, causa de morte de centenas de milhares de civis e rastilho para o que se pssaou depois - já depois do Kaiser aceitar os 14 pontos de Wilson, baixar as armas e retirar-se para a a Alemanha?).
A habitual técnica de colagem ao "nazismo" também é utilizada (já só falta o habitual "smearing "de anti-semita...) por ter comparado a morte de 100 pessoas com as de vários MILHÕES (comparei mortes, não o resto, porque mesmo aí, Estaline foi mais implacável contra algumas nacionalidades do que o nazismo com os judeus - mas repito e estou a realçar - isto até ao inicio da WWII, porque esse é o ponto no tempo para decidirmos sobre a MORAL de escolher Estaline como aliado e depois conduzir a guerra ao ponto de lhe dar uma vitória total), não para favorecer nenhuma das partes, sim, porque aparentemente a "moral internacional" entende que é muito mais grave o primeiro que o segundo e de tal forma, que apoia incondicionamente o segundo de forma a este conquistar, digamos metade do mundo e 50 anos de reinado.
Não se conseque vislumbrar que talvez um pouco de não acção defensiva poderia ter acabado na destruição mútua de ambos os regimes?
Não se consegue vislumbrar que se Wilson, contra a vontade da população americana, não tivesse aparecido na Europa, as monarquias teriam chegado ao tradicional acordo entre "primos" e com toda a probabilidade isso significaria que não teriamos a revolução comunista na Rússia, a queda das monarquias na Alemanha e Áustria, não teriamos o construtivismo no Médio Oriente (de que ainda sofremos), não teriamos o mundo entre o fascismo e o comunismo e Hilter não teria tido a sua oportunidade?
Não, o que é preciso é celebrar a guerra. Reflexões sobre o que poderia ter acontecido com algum prudência e uma estrita interpretação da noção de Defesa como protecção territorial não interessa aqui. Ridicularizar o fascínio dos povos pela capacidade retórica de alguns ditadores é fácil, mas pôr em causa os seus próprios mitos por estatistas e a retórica demagógica da "luta pela democracia", reconheço pode ser desestruturante, mas absolutamente necessário.
E de moral, não vislumbrei nada.
A denda: "Estaline foi mais implacável contra algumas nacionalidades do que o nazismo com os judeus ", creio ter sido explícito, mas como já conheço o caminho habitual que normalmente seguem os churchillianos, estamos mais uma vez a falar à data que precede a WWII, que diga-se, quem consultar as opiniões pós-WWI, quase todos os observadores consideravam já que esta não tinha acabado, tendo em conta o que se passou: separação da população alemã, criação artificial de países onde a Áustria perde 75% do território (o ministro neg.estrangeiros disse na altura à saida: "A Aústria desistiu de viver"), o valro das compensações, a alemanha ter sido obrigada a declarar-se como única responsável pela guerra (!!??), o Império Britânico alarga ainda mais o seu território (Churchill tem por escrito a recomendação de uso de bombardeamentos com armas quimicas contra as tribos iraquianas que se revoltavam, nos anos 20, contra os seus..."liberators").
Causa Liberal
Muhammad's Example (Prospect Magazine, August 2005)
by Ayaan Hirsi Ali
After the carnage of the terrorist bombings in London, Tony Blair defined the situation as a battle of values. “Our values will long outlast theirs,” he said, to the silent acquiescence of the world leaders who stood alongside him. “Whatever [the terrorists] do, it is our determination that they will never succeed in destroying what we hold dear in this country and in other civilised nations throughout the world.”But which values are we fighting for? Those who love freedom know that the open society relies on a few key shared concepts. They believe that all humans are born free, are endowed with reason and have inalienable rights. Governments are checked by the rule of law, so that civil liberties are protected. They ensure freedom of conscience and of expression, and ensure that men and women, homosexuals and heterosexuals, are treated equally under the law. People can trade freely, and may spend their recreational time as they wish.The terrorists, and the Shari'a-based societies to which they aspire, have an entirely different philosophy. Humans are born to serve Allah through a series of obligations that are prescribed in an ancient body of writings. These edicts vary from rituals of birth and funeral rites to the most intimate details of human life; they descend to the point of absurdity in matters such as how to blow your nose, and with what foot to step into a toilet. Muslims, according to this philosophy, must kill those among them who leave the faith, and are required to be hostile to people of other religions and ways of life. This hostility requires them to murder innocent people and makes no distinction between civilians and the military. In Shari'a societies, women are made subordinate to men. They must be confined to their houses, beaten if found disobedient, forced into marriage and hidden behind the veil. The hands of thieves are cut off and capital punishment is performed in crowded public squares in front of cheering crowds. The terrorists seek to impose this way of life not only on Islamic countries, but, as Blair said, on western societies too.At the core of this fundamental challenge to the west lies a pre-medieval figure to whom the London terrorists “along with all faithful Muslims in our modern world” look for guidance: Muhammad. All faithful Muslims believe that they must emulate this man, in principle and practical matters, under all circumstances. When trying to understand Islamic terrorism, most politicians and other commentators have avoided the core issue, which is Muhammad’s example. The west, before embarking on a battle of ideas, must attempt to understand this figure, and his presence in the daily lives and homes of faithful Muslims today.It is apparent on reading the Koran and the traditional writings that Muhammad’s life not only provides rules for the daily lives of Muslims; it also demonstrates the means by which his values can be imposed. Muhammad himself constructed the House of Islam using military tactics that included mass killing, torture, targeted assassination, lying and the indiscriminate destruction of productive goods. This may be embarrassing to moderate Muslims, but the propaganda produced by modern terrorists constantly quotes Muhammad’s deeds and edicts to justify their actions and to call on other Muslims to support their cause.
Muslims in Europe and across the world may be divided into roughly three groups. Firstly, there are the terrorists, who resort to violence (and their allies, the fundamentalists, who do not kill or maim, but provide terrorists with material and immaterial assistance). The second group, the reformers, are the polar opposite of the terrorists and may one day provide an intellectual counterweight to them. This group of people (although tiny, it is growing) may be characterised by its questioning of the relevance and moral soundness of Muhammad’s example. I, who was born and bred a Muslim, count myself among them. We in this group have embraced the open society as a true alternative to a society based on the laws of Muhammad: a better way to build a framework for human life.
The terrorists have far more power and resources than the reformers, but both groups vie to influence the thinking of the third group, the vast majority of Muslims. The reformers use only non-violent means to draw attention to debates over core values and the example of Muhammad. The terrorists and fundamentalists, however, use force, the threat of force, appeals to pity (“look at what the west is doing to Islam and Muslims”) and ad hominem smears. Their unwitting allies in the west defend so-called victims of Islamophobia; meanwhile, the reformers are shunned by their families and communities, and may even live under the fear of assassination. In short, the core of the debate is made taboo, and the fundamentalists attain a near-monopoly on the hearts and minds of the largest group of Muslims, the undecided.
Who are these "undecided" Muslims? They are the group to which Tony Blair refers when he says “The vast and overwhelming majority of Muslims here and abroad are decent and law-abiding people.” They live in Edgware Road and Bradford, and in Amsterdam and Saint Denis; they are not fervent observers of every ritual of Islam but they count themselves as believers. They are immigrants and second-generation youths who have come to the west to enjoy the benefits of the open society, in which they have a vested interest. But they do not question the infallibility of Muhammad and the soundness of his moral example. They know that Muhammad calls for the slaughter of infidels; they know that the open society rightly condemns the slaughter of innocents. They are caught in a mental cramp of cognitive dissonance and it is up to the west to support the reformers in trying to ease them out of that painful contradiction. They must be engaged in a process of clear thinking on how to evaluate the moral guidance of the man whose compass they follow.It should not be offensive, or hurtful, to Muslims to call for clear thought on such an important question. This process should provide an alternative to the utopia promised by terrorists: the open society; and it gives Muslims, like Christians and Jews, an opportunity to liberate themselves from the ever-present menace of hell, which is the single most effective threat the fundamentalists employ. And yet suggestions like this cause many people in the west to flinch. Many hold that questioning, or criticising, a holy figure is not polite behaviour, somehow not done. This cultural relativism betrays the basic values on which our open society is constructed. We should never self-censor.The western cultural relativists, who flinch from criticising Muhammad for fear of offending Muslims, rob Muslims of an opportunity to review their own moral values. The first victims of Muhammad are the minds of Muslims themselves. Moreover, this attitude betrays Muslim reformers who desperately require the support “and even the physical protection”of their natural allies in the west.Muslims must reform their approach to Muhammad”s teachings if we are all to coexist peacefully. Terrorists and fundamentalists should not be permitted to dictate to us the rules of the game. Core western values must be maintained, and proclaimed. Our struggle should focus on persuading the large middle group of Muslims that they need not give up their religious beliefs if they engage in a process of clear and honest thinking about the need for Islamic reform.
The author is a Somali-born former Dutch woman MP recently deprived of her citizenship. Before this she had been condemned to death by a fatwah because of her criticism of Islam and especially of its attitude to women.
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terça-feira, 20 de junho de 2006
Da moral nas relações internacionais e a história (I)
Tenho escrito com abundância no tema que alguns podem classificar de revionismo liberal (ou se preferirem "libertarian"). Não me limito a citar outros, mas também a justificar por raciocínios próprios. Talvez seja o tempo de reunir todos os posts neste blogue sobre o assunto. Eu só fui alertado para o tema quando ao tentar procurar justificação para o crime que foi o século 20 para a civilização, percebi que na verdade a interpretação dos mesmos acontecimentos pode mudar completamente a visão dos mesmos. E a interpretação liberal tem o dever de, à partida ter uma desconfiança inata por "salvadores", idealistas que se baseiam em intervenções maciças e destruição e morte, e que resultaram em novos e impensáveis patamares de estatismo.
Ainda antes de fazer esse "apanhado" dos arquivos deste blog, vou tentar um resumo. Não que os factos não sejam conhecidos, mas parece ser necessário justificar as minhas posições.
Sempre começo por comentar que quem fala de moralismo internacional devia tentar explicar...
Que moral existiu:
* No tratado de Versailles
* Em escolher Estaline (um conhecido mass murder dos anos 30 responsável por milhões de mortos) para aliado quando este invadiu a Polónia 15 dias depois de Hilter (e tendo sido esta invasão o motivo para a declaração de guerra por parte da Inglaterra e a França, que diga-se, é esta última que mais coragem demonstrou quer na WWI quer na WWII apesar de eu considerar um erro trágico ambas as declarações de guerra) como resultado de um tratado. Compare-se com os cerca de 100 mortos de que o nazismo era culpado à altura de 39.
Que resultados foram conseguidos:
* WWI: O regime de Czar só caiu e Lenine conseguiu a sua revolução por causa da guerra e a insistência de Wilson em o que Czar não fizesse um acordo. Wilson era um idealista e ficará para a história por ter feito a guerra para tornar o "mundo mais seguro para a democracia" (como se a Alemanha e a Aústria fossem algumas nações totalitárias) e para a "guerra para acabar com todas as guerras". Maior monumento à estupidez, ingenuidade, "hubris", origem de todas as "unintended consequences" não existe na história. Depois, Wilson era anti-monárquico e especialmente contra o Império Austro-Húngaro (os lideres da contra-reforma, detentores ainda dos velhos simbolos do sacro-império-romano, ou seja, um atentado ao modernismo progressista). Conclusão, as monarquias caiem (Napoleão deve ter encarnado em Wilson) e temos o fascismo e comunismo a nascerem das cinzas, da destruição e morte, do construtivismo internacional e social.
*WWII: Estaline, por causa da boa vontade de Roosevelt e o seu sonho por uma ONU, consegue tudo aquilo que nem sequer pediu. A moral internacional celebra! O comunismo conquista uma legitimidade e força impensável antes e metade do mundo (incluindo população e intelectuais) fica refém das suas ilusões.
Préviamente à WWI, a civilização tinha conhecido um período de paz de 100 anos saídos da derrota do primeiro estatista moderno - Napoleão - e o seu militarismo-ideológico-iluminista, a propósito do qual me lembro sempre de uma citação de Kuehnelt-Leddihn quando da sua invasão do Norte da Itália: "Vamos libertar-vos [do jugo da monarquia austriaca] quer vocês queiram ou não!".
Ou antes, existiram pequenos conflitos, limitados a exércitos de profissionais (pagos sem recorrer a moeda falsa) e mercenários, onde em regra, quem fazia a manobra mais brilhante era quase declarado vencedor sem mais danos. A população quase que assistia de perto como quem se distrai (existem relatos em Portugal disso mesmo com a primeira guerra moderna de Napoleão), os negócios não eram afectados. Os motivos eram problemas entre "primos" e a estrutura de poder na Europa era relativamente atomizada mas com uma liderança cosmopolita e educada, sejam quais forem os seus defeitos.
Quando se chega à Primeira Grande Guerra o que se passou (de forma simplificada) foi que:
* Os Sérvios (foram os seus serviços secretos que incentivaram o atentado ) matam o herdeiro do Império Austro-Húngaro. Estes fazem um ultimatum. A Rússia considera ser a sua zona de influência e declara guerra. Os alemães ajudam a Aùstria e pedem que a França não interfira mas esta começa a mobilizar. Há muito que o plano possível perante duas frentes é conhecido: derrotar a republicana França (o que faz esta como aliada duma monarquia "um pouco" absoluta como a Russa?) em tempo recorde e movimentar as tropas para Leste. O Kaiser, neto da Rainha Vitória escreve pessoalmente aos ingleses declarando não ter ambições territoriais na Bélgica, oferecendo a pagar por danos, explicando as suas intenções. Churchill e parte do gabinete não suportava a ideia de qualquer tipo de sombra ao maior Império que a história tinha conhecido, apesar dos alemães não terem praticamente colónias e no Continente, quanto muito, as suas ambições eram apenas pormenores territoriais. A Inglaterra declara guerra e todo o resto do mundo entra em guerra. Note-se que a Alemanha (ainda uma federação monárquica) tinha já eleições de voto universal para uma das Câmaras (desde 1871, portanto antes dos Ingleses o implementarem mais tarde).
A guerra encontra-se num impasse, os americanos elegem Wilson com a promessa de não intervenção (como mais tarde Roosevelt). Ambos, note-se já, eram a esquerda progressista responsável, cada um no seu tempo, pelo avanço de um socialismo desconhecido na "land of the free".
Sobre o perigo do relativismo nas relações internacionais (2)
Esclarecendo o que entende dever ser uma posição liberal nalgumas questões de política internacional, CN informou-nos que: não aprecia Churchill, a quem imputa um «gosto por conflitos e anti-germanofilia», a ascensão ao poder do comunismo russo, do fascismo alemão e de Estaline na URSS (diz, a propósito destes "esforços" de Churchill, que «foi obra»); que Wilson e Roosevelt (F. D.) foram os responsáveis pelo surgimento de Hitler e que nada lhes é devido pelo fim da II Guerra Mundial e pela libertação da Europa Ocidental; que a aristocracia prussiana teria sido suficiente para despojar este último do governo da Alemanha.
Não querendo fazer apreciações sobre o valor histórico destas convicções, sempre diria, na linha do que CN escreveu num outro «post», que, de facto, deste «liberalismo» e desta «direita» não partilho. Julgo que nem eu nem a esmagadora maioria dos liberais, que fundamentadamente assim se consideram há muito tempo. Ao que parece, enganados.
Contra a democracia ... na ciência ("sort of")
"I want to pause here and talk about this notion of consensus, and the rise of what has been called consensus science. I regard consensus science as an extremely pernicious development that ought to be stopped cold in its tracks. Historically, the claim of consensus has been the first refuge of scoundrels; it is a way to avoid debate by claiming that the matter is already settled. Whenever you hear the consensus of scientists agrees on something or other, reach for your wallet, because you're being had.
Let's be clear: the work of science has nothing whatever to do with consensus. Consensus is the business of politics. Science, on the contrary, requires only one investigator who happens to be right, which means that he or she has results that are verifiable by reference to the real world. In science consensus is irrelevant. What is relevant is reproducible results. The greatest scientists in history are great precisely because they broke with the consensus.
There is no such thing as consensus science. If it's consensus, it isn't science. If it's science, it isn't consensus. Period." Via LRCBlog -
PS: E se quisermos alargar o conceito, também nada na Ética é determinado por consenso, mas sim descoberto usando a nossa razão. E tanto-se aplica ao direito como à economia política.
Islamo-fascistas
Indeed, it seems quite plausible to me that al Qaeda launched the September 11th attacks in order to trigger U.S. intervention in the Islamic world in hopes of using this intervention as a recruiting device. This would comport well with the suggestion made by some analysts that al Qaeda and other jihadists are primarily interested in establishing more traditional Islamic states in the Muslim world. Since this goal is contrary to the desires of the ruling elites in many Muslim states – including Syria, Jordan, Pakistan and Egypt – it would appear that al Qaeda has a lot of work to do before it’s ready to take on the challenge of destroying America. In fact, it seems that the ongoing existence of America and other Western nations, serves jihadist interests because it gives them something to demonize.
Further, I’m not persuaded by the argument that the "Islamo-Fascist" threat arises from hatred of Western values rather than from anger at U.S. policies. It’s worth noting that al Qaeda formed after U.S. troops set foot on Saudi soil in preparation for the Gulf War. Before that, elements of what became al Qaeda actually were allied with the U.S. in the war against the Soviet occupation of Afghanistan. Bin Laden’s rhetoric typically focuses on U.S. foreign policy, so either he is personally animated by it or at least he believes that highlighting U.S. interventions is an effective recruiting tool. If "Islamo-Fascists" are attacking us simply because they hate what we are, why would bin Laden make these points rather than simply focus his messages entirely on the infidelity and profligacy of the West?" An Open Letter to Libertarians Who Support the War on Terror by Marc Joffe
PS: Correndo o risco de me repetir, acho que é relevante notar que:
* os países islâmicos não são fascistas e os fascistas não são islâmicos. (quem criou o termo foram precisamente os actuais neo-cons com raízes passadas no trotskismo anti-estalinista, ou seja, na histórica rivalidade e cisma comunista da "revolução internacionalista" de Trotsky versus o realismo do "socialismo num país" de Estaline). Que conservadores e direita se vejam metidos e influenciados por este tipo de intelectuais e a sua dialética é no mínimo irónico.
Dentro dos islâmicos temos as monarquias absolutas que constituem os mais funcionais e até desenvolvidas economias, alguns até plenamente capitalistas (quer os pequenos, como o Dubai, Qatar, etc, e a Arábia Saudita).
Os "fassistas" (como passei pelo 25 de Abril e ainda me lembro da caça a todos os fassistas, ter que aturar isto da direita faz-me perder um pouco a paciência...) são precisamente os Seculares. Se Saddam era um tirano (que percebemos agora o que é necessário para manter a unidade e ordem num país artificial multi-étnico - mais um - criado no desastre da WWI), pelo menos tinha um ministro cristão, e como todos os sunitas, bastante secular. O mesmo se passa na Síria e no Egipto.
Quanto ao tipo de terrorismo da AlQaeda é óbviamente inimiga quer de uns quer de outros. O que se passa é que interessa a muitos misturar todas as facetas num mesmo caldeirão. E isso passa por tentar colocar no mesmo plano a possível simpatia pelos palestinianos (de resto, compreensível mesmo que não concordemos) num conflito por um status quo territorial, com a AlQaeda e ainda o antigo regime de Saddam. Este tipo de confusão estratégica é lamentável e não fica nada bem a qualquer tipo de direita.
E depois temos o Irão, que recebe dos EUA a possibilidade de serem a única potência na zona.
Mais uma vez, tem piada como todas as previsões para o Presidente pelos tais anti-islamo-fascistas sairam furadas tendo sido eleito um candidato secular supresa, antigo Presidente da Câmara de Teerão (durante o qual implementou uma política tolerante quanto ao tratamento da droga -um problema grave no Irão - com a abertura de dezenas de centros de tratamento por metadona). O Irão foi objecto de um Golpe de Estado por parte da CIA e Britânicos contra um Presidente eleito em eleições nos anos 50 (e que acaba na Rev. Islâmica como reacção) e depois envolvido numa Guerra contra Saddam apoiado pelos EUA e outros.
Depois, aproveitam-se pequenas deturpações de traduções de afirmações avulso e fora de contexto, histórias sobre estrelas em cristãos e judeus, etc. Ao mesmo tempo surgem sinais de apoio a grupos separatistas e fomentaçao de rivalidades étnicas em território iraniano por parte de serviços secreto. É certo que a história e condições de formação do Estado proto-teocrático-étnico de Israel levanta interrogações, mas os seus apoiantes parecem achar incompreensível que existam árabes (adenda: e depois os persas do Irão) que o tenham aceitado mal, ou seja, até é também compreensível que se apoie o lado de Israel, o que é demagógico e pouco honesto é fingir não perceber o outro lado.
Falta o Afeganistão, sendo que Bin Laden se preocupou em assumir a liderança do 11-9, a origem foi marcadamente Saudita. Bin Laden era um herói para os afegãos na luta contra os Soviéticos e os Taliban conviviam com ele. Os Taliban, recorde-se puseram ordem num país em guerra civil e até tinham sido premiados pelo Estado Americano pela sua luta contra a droga.
Como diz o texto, uma operação especial contra Bin Laden tinha perfeita justificação. Já a invasão, ocupação e mudança de regime no Afeganistão, não, e só trouxe mais "unintended consequences". No final, é o nosso inconfessável gosto por querer um boa guerra pelo bem que cega o necessário realismo e contenção.
¿Vietnamización o somalización?
EL PAÍS - Opinión - 19-06-2006
Basta una semana, a principios de este junio de 2006, para recordar a nuestros soñadores de la paz eterna la permanencia implacable del caos. El pequeño Timor Oriental, con un millón de habitantes, que dirige un respetable premio Nobel y que está colmado por la benevolencia de la ONU, se ha precipitado en el saqueo y la sangre: unos militares amotinados han prendido la mecha de un desorden político y social latente. En Afganistán, los talibanes, que se habían dispersado hace cuatro años, han salido de nuevo a la superficie de manera violenta. En Somalia, pick-ups y todoterrenos, adornados con metralletas, garantizan el triunfo de los más fanáticos y los tribunales islámicos deciden prohibir ipso facto la retransmisión del Mundial de fútbol, este juego satánico. Y en Irak cada día se lloran cantidades de civiles degollados, explosionados, sacrificados por sanguinarios nostálgicos de Sadam Husein.
El pecado mental de los militares occidentales fue que durante mucho tiempo llegaron a los conflictos del momento con una guerra de retraso. Esta desgana afecta a partir de ahora a los estados mayores pacifistas, que quedan aturdidos por las seudolecciones del pasado y reprochan a Washington haberse enredado en un "nuevo Vietnam". No hay nada más naif: Al Zarqawi no era Ho Chi Minh. Irak sale de treinta años de una espantosa dictadura totalitaria y no de tres decenios de insurrecciones anticoloniales contra Francia, contra Japón y de nuevo contra Francia a la que Estados Unidos relevaron de buena o de mala gana. No hay ningún dato geopolítico que permita aplicar al actual caos iraquí los esquemas de la última gran guerra caliente de la época, felizmente pasada, de la guerra fría.
Lo que amenaza a la sociedad iraquí no es una vietnamización, sino la "somalización". Hagan memoria, una tropa internacional patrocinada por la ONU y encabezada por americanos desembarca en Mogadiscio (Operación Restore Hope, en 1993). Hay que garantizar la supervivencia de una población hambrienta y masacrada por clanes rivales. Después de perder a 19 de los suyos en una trampa espantosa, los soldados vuelven a embarcarse. La continuación ya es conocida, un Clinton escaldado juró "nunca más" y decidió un año más tarde no intervenir en Ruanda (abril de 1994), donde habría bastado con 5.000 cascos azules para evitar el genocidio que se llevó a un millón de tutsis en tres meses (supera el récord de Auschwitz en la relación velocidad/número de víctimas). La continuación de la continuación no es menos conocida, la peste exterminadora se extendió por el África tropical, contamos a millones de muertos en el Congo y alrededores. Hoy Somalia está en manos de las bandas armadas de los "tribunales islámicos", alimentadas por los fondos secretos que la CIA invirtió en vano contra ellos, y existe el peligro de que un nuevo Afganistán de los talibanes se asiente en el cuerno de África.
Observen que los maestros de ceremonias cambian. La ONU es la responsable en Timor. La OTAN (con una importante participación europea) en Afganistán. El Pentágono en Irak. Sin embargo, coinciden las situaciones, puesto que la dificultad de controlar y neutralizar es fundamentalmente la misma. El modelo reducido de Somalia se extiende por el planeta. Las poblaciones, secuestradas, asustadas y sacrificadas se convierten en botín de guerra de los cabecillas locales sin fe ni ley. Los comandos se pelean por el poder a punta de Kaláshnikov en nombre de estandartes superfluos, como la religión, la etnia, una ideología cerrada, racista o nacionalista y el imperativo de la memoria falseada. Se pelean menos entre ellos que contra los civiles que son el 95% de las víctimas, mujeres y niños en primer lugar.
El terrorismo, definido como el ataque deliberado contra los civiles como tales, no sólo es patrimonio de los islamistas. Fíjense que el procedimiento lo utilizan y lo han utilizado un ejército regular (que ha recibido la bendición de los popes ortodoxos) y milicias que están a las órdenes del Kremlin en Cheche-
nia, donde se cuentan decenas de miles de niños muertos. Cuando los matones apelan al Corán, son los transeúntes desarmados, musulmanes, los que agonizan. Somalia es el laboratorio en vivo de la abominación de las abominaciones: la guerra contra los civiles.
Entre 1945 y 1989, fecha de la caída del Muro de Berlín, la guerra entre los bloques fue fría, tanto en Europa como en América del Norte. En otras partes se extendían las revoluciones y las contrarrevoluciones, los golpes de Estado y las masacres de millones de personas. Nunca a lo largo de la historia las sociedades humanas se habían visto tan afectadas como en este medio siglo en el que se desmoronaban los injustos imperios coloniales, a la vez que, con demasiada frecuencia, las sublevaciones y las insurrecciones daban a luz a nuevos despotismos más o menos totalitarios. En la tormenta, vacilaban las tradiciones milenarias. Se destruyeron de manera sistemática regímenes, costumbres y lazos seculares. Al salir de tal seísmo histórico mundial, dos tercios de nuestros semejantes habían perdido toda referencia. No pueden vivir como antes. Ni menos aún (todavía no, dice el optimista) vivir como ciudadanos tranquilos de los Estados de derecho occidentales.
En los cuatro lados del universo se extienden viveros de guerreros jóvenes y menos jóvenes, descamisados o uniformados, igualmente ansiosos de conquistar a cualquier precio alojamientos, galones, mujeres y riquezas. Dispuestos a peinar, con metralletas y morteros, el campo y los megabarrios de chabolas haciendo explotar coches y bombas humanas para dominar sin tener que repartir. Los Estados ambiciosos y sin escrúpulos se aprovechan de estos viveros de matones, a la vez que patrocinan distintos terrorismos, para ser más potentes mediante el perjuicio. En los inicios de la Alemania de Weimar (1920), Ernst von Salomon profetizaba que "la guerra del 1914-18 se ha terminado, pero los guerreros todavía están aquí" y los oficiales a media paga poblaron las secciones de asalto hitlerianas. Cuando se desmoronó el imperio soviético, el disidente Vladímir Bukovski advirtió: "El dragón ha muerto, pero se extienden las dragonadas". Y los antiguos ejércitos rojos devastaron, bajo Milosevic, la ex Yugoslavia, y bajo Yeltsin y Putin, el Cáucaso del Norte.
¿Hubiera sido mejor no derrocar a Sadam Husein y darle permiso para mejorar durante un decenio más su horrible palmarés de torturas, mutilados y cadáveres? ¿Uno o dos millones de víctimas en un cuarto de siglo? Los iraquíes que aun con amenazas de muerte han acudido tres veces, de manera cada vez más masiva, a las urnas, no parece que se arrepientan de la caída del dictador. ¿Es conveniente hoy que los soldados estadounidenses y sus aliados salgan corriendo ipso facto como en Somalia? Incluso los gobiernos más antiamericanos, los que están más obsesionados como Francia, cruzan los dedos para que no pase nada y que la coalición no deje el terreno en manos de los degolladores.
El combate para evitar la "somalización" del planeta acaba de empezar y dominará probablemente el siglo XXI. Si resisten a las sirenas del aislacionismo, los americanos aprenderán de sus errores. Europa o bien se decidirá a ayudarles, o bien se abandonará a los cuidados del petro-zar Putin, dispuesto a ejercer de policía del Viejo Continente predicando el terrorismo antiterrorista, apoyado por la devastación de Chechenia. El desafío sin fronteras de los guerreros emancipados, esclavos de sus caprichos, deja poco margen a las dilaciones. Hay que escoger. O aceptamos la somalización general y buscamos refugio en una ilusoria fortaleza euroasiática. O resucitamos una alianza euroatlántica democrática, militar y crítica.
André Glucksmann es filósofo francés.
Traducción de Martí Sampo
segunda-feira, 19 de junho de 2006
Os liberais e a guerra (No. 2)
Eu referi o papel de Hayek na SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-45) que teve características e orígens bastante diferentes das da Guerra de 1914-18. Contrariamente ao que sugere no seu último paragrafo, conheço muitíssimo bem os antecedentes e as consequências da Primeira Guerra.
Eu não disse nada sobre os países islámicos. Referi-me, isso sim, às correntes do fundamentalismo islámico, as que se opõe declaradamente à liberdade e a todos os valores caros ao liberalismo. Essas correntes podem ser classificadas rigorosamente como fascistas: totalitarismo, intolerância, expansionismo e a repressão de qualquer opositor ou adversário por meios extremamente crueis. (NB: na ausência de espaço para analizar o que podemos entender por fascismo, acrescento que não sou daqueles que utilizam a palavra como ofensa indiscriminada, ou para classificar o Estado Novo.) .
Só quem desconhece o islamismo pode generalizar a seu respeito e dizer se ele é ou não fascista. Eu não disse que o islamismo é fascista. Quem conhece a história do Médio Oriente e das seitas do Islamismo moderno, dos Wahabis da Saudi Arábia ao Grande Mufti de Jerusalem, da Irmandade Muçulmana do Egipto aos Ayatolas do Irão e os Talibã do Afganistão encontra facilmente os traços típicos do fascismo acima mencionados. Também é preciso distinguir entre o fundamentalismo dos estudiosos denominado por Ernest Gellner “High Islam” e o extremismo fundamentalista .
O que é característíco do “Folk Islam” (em oposição a algumas correntes do “High Islam”, como a do pensador reformista Mohammed Arkoun) é a ausência nos campos filósofico, moral e político de qualquer pensamento ou prática modernos, e a sobrevivência de crenças pre-islamicas e de algum sincretismo. Assim esse “Folk Islam” de diversas tendências espalhados por um bilião de crentes (na maioria pobres e ignorantes) torna-se campo fértil para a proliferação das ideias extremistas (fascistas). Um primeiro perigo para o occidente é que no campo tecnológico os extremistas não ficaram na Idade Média. O outro é que a economia mundial depende de um bem precioso em grande parte controlado por países islamicos.
Não mencionei o nome de Sadam. Por conseguinte, caro CN, não é relevante sequer tecer suposições indevidas quanto às minhas opiniões sobre tal figura.
Quanto às atitudes do liberalismo clássico perante a guerra e a paz, é repetir um lugar comum enunciar o apego à paz e repúdio da guerra partilhados por todas as pessoas de boa vontade. Também é um lugar comum do liberalismo clássico que um dos atributos essenciais desse Estado mínimo desejado é a protecção dos cidadãos contra agressões e prejuizos tanto externos como internos. (Em apoio cito Hayek).
Alguns sectores do libertarianism não aceitam esta posição e o seu pacifismo ao nível da política externa assemelha-se ao dos Quakers no seu irrealismo utópico facilmente refutado. Tais atitudes não têm nada a ver com o liberalismo clássico. Acrescenta-se, de passagem, que o pacifismo libertário em matéria de relaçóes internacionais não é coerente. Nos EUA os libertários, de modo geral, opõe-se à qualquer controlo estatal da posse e porte de armas pelos cidadãos.
A suposição, no meio de tantas erradas, que eu celebro a vitória contra o nazi-fascismo é, porém, a única correcta. Tenho que declarar aqui, em nome da transparência, não só a minha convicção intelectual a esse respeito, mas também o meu interesse pessoal. De facto participei activamente nessa guerra como voluntária no exército britânico. Como o espaço (e o tempo) agora faltam, poderia noutra ocasião sugerir alguma leitura que possa esclarecer as motivações dos anglo-americanos. Aqui só posso lembrar ao meu caro CN que as escolhas políticas são muitas vezes dolorosas e raramente se baseiam em situações quimicamente puras. Como em tudo na vida as prioridades sempre contam. Na política, por vezes são justificadas alianças com o diabo.
A comparação dos nossos dias e dilemas com os dos anos 30 parece-me particularmente pertinente. Terei muito gosto em elaborar esta afirmação noutro lugar. Seria bastante alongada. Como sou octogenária e interessei-me pela política bastante cedo vivi os últimos anos dessa década e a seguinte com alguma intensidade. No entanto poderei indicar uma bibliografia adequada.
Como o comentário de CN é pródigo em suposições quanto às minhas posições tomo a liberdade, com todo o respeito, de trocar pelo seu um conselho meu. Não é prudente pressupor a ignorância do interlocutor ou atribuir-lhe opiniões que efectivamente não tem. Conheço bem as posições e argumentos de diversas seitas libertárias. Tenho seguido as suas querelas e argumentos ao longo de muitos anos. Por isso reclamo o direito de expressar o meu profundo desacordo e de apontar as parecenças de muitas posiçóes dos libertários às da extrema esquerda, as quais também conheço.
(TO BE CONTINUED)
Re :«guerra e paz entre as nações»
É a falta de fé nas suas próprias crenças (e de análise desapaixonada da História) que pode levar um liberal a afirmar que a Europa falaria Alemão na WWI ou nesmo na WWII se não fosse Wilson e Roosevelt (na verdade, é mais realista afirmar que nem Estaline nem Hitler teriam aparecido ou prosperado se não não fosse um e outro). Se a França e Inglaterra não tivessem declarado guerra a Hitler por causa da Polónia, (e sem ajuda de Roosevelt ao seu "Uncle Joe") provavelmente este e Estaline ter-se-iam destruído mutuamente. A Alemanha tinha oposição interna de diversos sectores, um dos quais, da velha aristocracia Prussa, que foi dramáticamente ignorada pelos Aliados, tendo perecido com as suas familias, no atentado abortado. E sem a destruição do Japão (esses mini-mini-mini-imperialistas se olharmos ao Império Britânico da altura), o comunismo não teria tido o seu quintal naquela parte da Ásia.
Se queremos um ordem internacional moral, precisamos de combater o estatismo em todo o lado, a começar por casa. Deixar os outros tratar do seu, não transformar as disputas territoriais e de "status-quos" dos outros em conflitos civilizacionais, não cair na armadilha criminosa da Primeira Guerra, onde um pequeno incidente, através de alianças (essa palavra com mais valor do que a razão) se transforma num conflito mundial num pequeno espaço de dias, e onde curiosamente os "aliados" ficam ao lado do estado terrorista da Sérvia.
De Churchill, apenas gosto do seu simpático hiper-imperialismo. Mas o seu gosto por conflitos e anti-germanofilia anterior já ao começo da WWI (ou seja ,já não gostava de alemães muito antes de não gostar, com razão, de Hitler), teve na origem na queda das monarquias, a subida do comunismo e fascismo (e social-democracia). E um conflito adicional e a supremacia de Estaline e o comunismo por mais 50 anos. Foi obra. Mas é celebrada até à irracionalidade.
Quanto à direita, é absolutamente deprimente a confiança que ganharam nas revoluções sociais, na "Vox populli", no julgamento das culturas tradicionais dos outros (isto é, ao ponto de servir de justificação para como Napoleão, usar a Defesa como instrumento de iluminismo internacional).