sexta-feira, 9 de junho de 2006

Estado da Natureza é a Natureza do Estado

Desculpem lá a minha incapacidade, mas não consigo perceber os autores (liberais ainda por cima) que procuram justificar o Estado (na sua função de monopólio do direito e violência) começem por afirmar que no "Estado da Natureza" todos matam toda a gente, todos são predatórios, e como Buchanan afirma "não existem direitos" (esta então...), etc.

Onde é que existem evidências apriori ou verificadas que é assim? Por acaso as tribos da amazónia aniquilaram-se mutuamente como quase fizeram os gloriosos Estados Modernos século 20? Por acaso na Idade Média, em plena ausência de Estado como unidade política centralizada com o tal monopólio (e onde coexistiam diversas fontes de poder e direito), não existia ordem e protecção da propriedade privada? Por acaso, no Oeste selvagem americano não surgiam as vilas e cidades auto-organizadas, onde contratavam a segurança e escolhiam um juiz local?

É no mínimo curioso, que a única situação na civilização em que o direito civil e criminal desvanecem completamente em larga escala é mesmo a das guerras provocadas pelas disputas de controlo desse monopólio num dado território. O Estado da Natureza é na verdade a Natureza do Estado.

PS: Os Hobbesianos devem ter em conta que Hobbes viveu no periodo das lutas entre protestantes e católicos e da revolução inglesa, o que o levou a tirar conclusões adaptadas à situação.

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