segunda-feira, 19 de junho de 2006

Re :«guerra e paz entre as nações»

No Blasfémias. Devo aqui uma resposta que não estará já completa. O tema é para o Liberalismo de facto crucial. Estatismo e guerra (o estado de desordem máximo que a civilização consegue produzir e que pode ser definido pela ausência total de direito civil e criminal) alimentam-se um de outro. Mises dizia que é o estatismo que conduz à guerra, tal como é por demais evidente que a guerra conduz ao estatismo. Como introdução sempre diria que quem procura tirar das relações ente Estados algum tipo de ética e moral do tipo relações de propriedade e contrato está equivocado. Todos os status-quo são apenas status-quo porque não existe "direito" no Estado, e se assim é, esses conflitos por causa de status-quo devem ser resolvidos internamente (a população versus o regime em que vive) e quando se dá entre Estados devem ser contidos às partes. Os Liberais, mais do que todos, sabem do quanto ineficiente pode ser uma ocupação expansionista ou humanista. Simplesmente não funcionam.

É a falta de fé nas suas próprias crenças (e de análise desapaixonada da História) que pode levar um liberal a afirmar que a Europa falaria Alemão na WWI ou nesmo na WWII se não fosse Wilson e Roosevelt (na verdade, é mais realista afirmar que nem Estaline nem Hitler teriam aparecido ou prosperado se não não fosse um e outro). Se a França e Inglaterra não tivessem declarado guerra a Hitler por causa da Polónia, (e sem ajuda de Roosevelt ao seu "Uncle Joe") provavelmente este e Estaline ter-se-iam destruído mutuamente. A Alemanha tinha oposição interna de diversos sectores, um dos quais, da velha aristocracia Prussa, que foi dramáticamente ignorada pelos Aliados, tendo perecido com as suas familias, no atentado abortado. E sem a destruição do Japão (esses mini-mini-mini-imperialistas se olharmos ao Império Britânico da altura), o comunismo não teria tido o seu quintal naquela parte da Ásia.

Se queremos um ordem internacional moral, precisamos de combater o estatismo em todo o lado, a começar por casa. Deixar os outros tratar do seu, não transformar as disputas territoriais e de "status-quos" dos outros em conflitos civilizacionais, não cair na armadilha criminosa da Primeira Guerra, onde um pequeno incidente, através de alianças (essa palavra com mais valor do que a razão) se transforma num conflito mundial num pequeno espaço de dias, e onde curiosamente os "aliados" ficam ao lado do estado terrorista da Sérvia.

De Churchill, apenas gosto do seu simpático hiper-imperialismo. Mas o seu gosto por conflitos e anti-germanofilia anterior já ao começo da WWI (ou seja ,já não gostava de alemães muito antes de não gostar, com razão, de Hitler), teve na origem na queda das monarquias, a subida do comunismo e fascismo (e social-democracia). E um conflito adicional e a supremacia de Estaline e o comunismo por mais 50 anos. Foi obra. Mas é celebrada até à irracionalidade.

Quanto à direita, é absolutamente deprimente a confiança que ganharam nas revoluções sociais, na "Vox populli", no julgamento das culturas tradicionais dos outros (isto é, ao ponto de servir de justificação para como Napoleão, usar a Defesa como instrumento de iluminismo internacional).

Sem comentários:

Enviar um comentário