sábado, 2 de outubro de 2004

Left Libertarians e Hoppe

E como pista para aquilo que separa os left-libertarians de Hoppe:

Este defende que o Estado tende a destruir todas as instituições de regulação naturais desenvolvidas pela sociedade civil - a autoridade da familia que vive e se perpetua à volta de um legado patrimonial provávelmente liderado por um patriarca em cada geração, ou as comunidades formadas por famílias e indivíduos que partilham determinadas características em comum (religião, valores) e se organizam por relações de vizinhança e partilham o mesmo conjunto de regras intra-comunitárias - sendo que tal só é possivel pela liberdade de auto-regulação num determinado espaço e a capacidade de poder exigir nesse espaço, regras de adesão aos outsiders - a propriedade privada permite-o (ou deve permitir) mas ao Estado (por todas as formas: pelo controle da educação, pela ingerência no contrato de herança, pelos impostos, pela imposição do fim de todo e qualquer sistema alternativo de regulação e arbitragem, etc) interessa destruir qualquer espécie de ordem natural, e sim perpetuar a ideia que só a sua presença cria ordem e lei.

Na América colonial isso era amplamente observável, por exemplo, em Salt Lake city para a comunidade de Mormons ( e em cada região, estabeleceram-se várias comunidades homogéneas bem identificadas e não própriamente um "caldeirão" de multiculturalismo) e por exemplo, mesmo hoje, apesar de tudo, subsistem ainda as comunidades Iamish (obrigadas contra sua vontade a uma integração num sistema do qual pediam e pedem, não fazer parte). Israel, como Estado Judaico, também em parte representa essa acepção.

O left-libertarianism tende a gostar da ideia de um Estado que garanta a liberdade de actos individuais em todo e qualquer lugar e proibindo centralmente que nenhuma comunidade possa, por exemplo, probir a prostituição de rua (proibir ou deixar de ser crime são coisas bem diferentes, no primeiro caso, pode tratar-se de uma auto-regulação decidida de forma descentralizada tal como os condomínios o fazem ou devem poder fazer, mesmo que determinado acto proibido ou sancionado não constitua um crime em si).

Resumindo, primeiro defendem e bem que muitos actos devem deixar de ser considerados crimes (como o consumo e mesmo venda de droga, a prostituição, etc) mas depois querem que esse mesmo Estado impeça que a auto-regulação local (idealmente, e quem sabe um dia - na verdade cada vez são mais bem organizados e de maior dimensão - aglomerados populacionais organizados legalmente/proprietáriamente por Estatutos de Condomínio).

E aqui aparece a questão da imigração que despoletou mais uma vez uma polémica antiga e conclusões apressadas. O argumento de Hoppe é que se na verdade existisse "livre imigração" total isso significaria a imposição pelos Estados, de uma integração forçada de terceiros às comunidades locais, que por causa da própria existência do estatismo, não têm qualquer forma de auto-regular (tal com hoje ainda subsiste na Suiça, com os critérios de exigência localmente fixados - muito próximo daquilo que chamariamos de comunas privadas - para aceitar o estatuto de residência e nacionalidade a imigrantes) o que acham necessário para assegurar a estabilidade das características e valores locais.

Fica aqui mais um citação relevante:

"Predictably, if an agency is permitted to legislate and tax, its agents will not only use these powers but show a tendency toward increasing their tax income and range of legislative interference. And because in so doing they encounter resistance among their subjects, it is in the state's agents' interest to weaken such powers of resistance. Such is the nature of the state, and to expect anything else of it is naive.

For one, this means disarming the citizenry. But it also means eroding and ultimately destroying all intermediating institutions such as the family, clan, tribe, community, association, and church with their internal layers and ranks of authority. Even if only in some limited area of jurisdiction, these institutions and authorities rival the state's claim as ultimate territorial decision maker.

The state, in order to enforce its claim as ultimate judge, must eliminate all independent jurisdictions and judges, and this requires the erosion or even destruction of the authority of the heads of households, families, communities, and churches.

This is the underlying motive of most state policies. Public education and welfare serve this destructive purpose, and so do the promotion of feminism, non-discrimination, affirmative action, relativism, and multiculturalism.

They all undermine family, community, and church. They "liberate" the individual from the discipline of these institutions, in order to render him "equal," isolated, unprotected, and weak vis-a-vis the state.

In particular the extension of the multicultural agenda to the area of immigration so lamented by Buchanan is thus motivated. After the erosion of familial, communal, regional, and religious affiliations, a heavy dose of foreign immigrant invasion, especially if it comes from strange and far-away places, is calculated by the ruling neoconservative-social democratic elites to destroy whatever remains of national identities (...).

Even more radically, reviving the West requires that the central nation state be whittled away, and that the restrictive-protective institutions of family, community, and church be restored to their original position as parts of a natural order composed of a multitude of competing jurisdictions and ranks of authority. "

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