sexta-feira, 15 de outubro de 2004

John Edwards, o Abjecto

Mais um interessante texto de FCG recebido por e-mail, desta vez sobre John Edwards, o candidato a vice-presidente escolhido por John Kerry:

John Edwards, o Abjecto

Vale a pena ler este artigo de Krauthammer.

Tem-se discutido muito (talvez demais) a personalidade, história política e capacidade para o exercício da presidência de John Kerry. Mas pouco se sabe (refiro-me ao espaço de debate público nacional) sobre John Edwards. Alguns elementos recentes sugerem que o candidato a vice-presidente é consideravelmente pior do que Kerry, em quase todos os aspectos relevantes. A questão não é secundária, longe vão os tempos em que o vice-presidente era politicamente irrelevante.

Edwards é um "trial lawyer", um daqueles "dirty jobs that nobody had to do" e isso não é bom. Como referia há uns dias George Will em crónica no Washington Post, os "trial lawyers" são uma autêntica praga que se abateu sobre a actividade económica independente nos EUA. Desde que surgiram os pequenos empresários vivem sob a ameaça de estarem apenas à distância de um processo da ruína.

Mas o verdadeiro problema é o total despudor político do candidato democrata à vice-presidência: as declarações que Charles Krauthammer comenta nesta crónica repetidas em múltiplas variantes e situações por John Edwards são intoleráveis.

Se as mentiras do costume não produzem os efeitos políticos desejados, o que deve um demagogo fazer? Inventar novas mentiras. Foi precisamente o que Edwards fez e achou, na sua enorme modéstia, que o papel de "Cristo para o séc. XXI" lhe assentava que nem uma luva. Vai daí desatou a prometer autênticos milagres contra uma modesta contribuição "de fé" (o votozinho). Aos paralíticos a locomoção, às vítimas de Alzheimer, nada menos do que a vida. A todos os outros a felicidade na eterna abundância.

Tudo devidamente embrulhado na famosa "teoria da conspiração" que não é mais do que a luta de classes redesenhada — a classe dominante é agora difusa, são os "interesses", o que se esconde por detrás de tudo o que é mau e ameaçador. Nos EUA tal como em Portugal, a "conspiração" é a arma de desagregação social favorita da esquerda pós-marxista.

Se os paralíticos não andam, se os cegos não vêem, se os que sofrem de doenças mentais degenerativas estão condenados a um fim de vida indigno, alguém tem de ser o culpado. Quem? G. W. Bush, claro, o neo-Diabo, ele e a sinistra rede de "interesses" a que está "ligado" (a "ligação" está por certo disfarçada algures por baixo do fato). O presidente americano nega-se, certamente por maldade, a espalhar uma generosa dose do unguento milagreiro dos liberais: dinheiro público (por uma motivo inexplicável o mesmo dinheiro se for privado é totalmente ineficaz).

Não me incomoda que Edwards ocupe os seus dias de campanha a tentar convencer o eleitorado americano do "costume", que tem solução para tudo e que a solução é só uma: mais despesa pública. O que é verdadeiramente intolerável é a absoluta imoralidade da instrumentalização do sofrimento que não se sabe como aliviar. Que, a troco da modesta contribuição do voto do eleitor se prometa a eliminação da miséria humana e se garanta o "milagre pagão" do conhecimento ilimitado.

Será possível que em 2004 se ganhem eleições nos EUA com truques de feira feitos por vigaristas com sotaque saloio?

FCG

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