Gostava de subscrever as preocupações de José Saramago, expressas em entrevista ao DN, relativamente à questão da tolerância no nosso país. Declarações que pelo seu timing terão sido, presumo eu, uma clara alusão aos actos de vandalismo de que a sede nacional do CDS - PP havia sido alvo dias antes. Foi uma intervenção determinada e oportuna!
Ainda relacionado com esta temática da tolerância gostaria de recomendar a leitura de "O livro negro do comunismo" (Quetzal editores, Lisboa, 1998), onde os autores procuram, de forma tão resumida quanto possível, em apenas 900 páginas, dar conta de inúmeros exemplos da referida tolerância na práctica dos regimes comunistas em que o nosso nobel ainda se revê.
Para uma futura re-edição, mais completa, ficam as mais recentes condenações em Cuba de jornalistas e intelectuais como, por exemplo, aquele que foi condenado a 18 anos de prisão por ter um determinado livro em casa e tê-lo emprestado a alguém. Parece-me uma demonstração de tolerância capaz de atribuir um novo significado à expressão popular "Quem empresta não melhora"!
Ainda assim, parece-me que sempre vai existindo alguma tolerência entre nós, pelo menos a avaliar pelo que vai sendo publicado na nossa imprensa. Um bom exemplo parece-me ser aquela notícia publicada recentemente sobre um cavalheiro, já cadastrado que, conduzindo sob o efeito de alcool e drogas foi embater violentamente numa viatura parada num semáforo, causando a morte de um dos ocupantes desta e colocando-se de seguida em fuga. Talvez por não se tratar de um acto de delinquência tão grave como ter um livro em casa, nem a cartita de condução lhe foi apreendida. Maior tolerância não me parece possível.
Rui Barbosa
sexta-feira, 1 de outubro de 2004
Saramago e a tolerância
Comentério do leitor Rui Barbosa relativamente a recentes declarações de José Saramago:
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