Uma lição de economia imperdível por jcd no blasfémias:
"(...) Como o que é transparente para uns não é para os outros, há uma solução melhor. O consumidor escolhe qual das soluções prefere e o vendedor estabelece os custos da garantia/formação/informação à parte. O cliente ignorante pagaria mais do que o cliente esclarecido. Esta opção já é posta em prática por muitas empresas quando oferecem 'extensões de garantia'.
O mesmo se passa com os créditos bancários. Para quem passa a vida a negociar com bancos, as normas rígidas e as limitações legais à liberdade contratual só prejudicam os clientes esclarecidos. As regras em excesso são prejudiciais. A liberdade contratual é que dá mais vantagens, tanto aos consumidores como aos vendedores.
Um caso bem mais complexo relaciona-se com a prática médica. Poucos clientes dos médicos estarão em condições de avaliar o que lhes está a ser vendido. A lógica apontaria para 'caveat venditor'. Mas se os médicos tivessem que garantir o resultado dos tratamentos e indemnizar as vítimas ou os familiares em caso de insucesso, o preço dos tratamentos de doenças de difícil cura seria inacessível para grande parte da população. Poucos médicos estariam dispostos a arriscar uma operação complexa, com alto risco de vida.
Mas apesar de tudo, prefiro um médico a quem possa pagar do que um médico que me fique com a casa e com o carro em troca de um seguro milionário para os meus filhos. Será desejável que o estado legisle no sentido de 'caveat venditor' na prática médica, para lá dos casos óbvios de negligência? Parece óbvio que não...
Em Portugal, a moda actual é sempre 'caveat venditor'. E em todos os casos, o povo aplaude a medida, muitas vezes sem perceber que o preço da transparência e da responsabilidade do vendedor pode ser superior ao ganho de garantia."
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