Paulo Portas escreve "a queda do hífen" e faz uma espécie de enterro intelectual do neo-conservadorismo. Bem escrito e correcto.
O que mais me irritou nestes tempos foi ter que argumentar à direita sobre as ilusões ideológicas excessivas. Pessoalmente, é um espectáculo estranho ver assumidos anti-franceses e supostos críticos de Napoleão entusiasmados até à embriaguez pela possbilidade de a social-democracia ao terreno tribal, clãs, convivio com o deserto, ódios e rivalidades da origem dos tempos. E a isso tudo soma-se a direita contra o conservadorismo social, a religião, os hábitos familiares, óbviamente assumindo formas que nos parecem estranhas e primárias (sim, nestes tempos de glorioso amoralismo, ser moralista é apontar a falta de amoralismo dos outros...). Isso mais transformar os militares em educadores sociais e temos Napoleão.
Tudo o que é necessário é aprovar uma constituição no cimo de um qualquer vestígio de civilização, desenhar a separação de poderes, juntar água e aí temos. As lutas religiosas e problemas de fronteiras que demoraram centenas de anos a estabilizar na Europa e Ocidente, resolvem-se mágicamente porque... as democracias não fazem querras (quer a Alemanha quer a Àustria tinham voto universal para uma das Câmaras antes da Grande Guerra).
Portas, como é comum a outros, refere Burke como Conservador. Mas Burke foi o que "defendeu" a Irlanda, o separatismo da américa, apontava os defeitos da gestão do império na Índia. Parece que falava sobre os costumes dos outros não só com tolerância mas reconhecendo as múltiplas formas como a ordem social pode nascer. Conservador? Porque apontou contra a Revolução Francesa? Pois, mas também existe um caso contra a Revolução Neo-Con quase nos mesmos termos. Por outro, o seu primeiro livro é profundamento libertário. Tempo de trazer Burke para o Liberalismo Clássico.
Sem comentários:
Enviar um comentário