terça-feira, 18 de maio de 2004

Woodrow Wilson e os Status Quo

"...Last week, at a different gathering of Manhattan liberals, a Democratic congressman too young to remember Vietnam even told me that American "credibility" is at stake in Iraq: that "we can't leave . . . can't cut and run." (...)

Mainstream historians typically attribute Wilson's simplistic Manichean view of the world to his fervent Presbyterian beliefs -- what political historian Walter Karp summarized as "Wilson's tendency to regard himself as an instrument of Providence and to define personal greatness as some messianic act of salvation."

Karp himself thought that this characterization missed the point; he saw Wilson as fundamentally "vainglorious."

Whatever his psychological makeup, Wilson's relentless perversion of Enlightenment ideals struck a chord in predominantly Protestant America, this country having been formed partly on the Calvinist idea of an "elect" people.

At the same time, Wilson sought, at least in his rhetoric, to impose Rousseau and Paine's "rights of man" on the non-elect peoples of the world -- whether or not these noble savages wanted any part of them. "The world must be made safe for democracy," he cried in his war message to Congress in April 1917. "Its peace must be planted upon the tested foundations of political liberty."

Forcing democracy down the throats of tribal-based Arabs was probably not at the top of Wilson's agenda at the Peace Conference at Versailles, in 1919, but his lofty language masked the essential contradiction of ordering self-government at the point of a gun. (When they colonized Iraq, the British didn't hesitate to borrow Wilsonian rhetoric about "self-determination" and "liberation" from Turkish despotism.)

As Wilson put it during his first term, "I am going to teach the South American republics to elect good men!"

Wilson had made a test run of his "ideals" with his senseless and bloody interference in domestic Mexican politics at Vera Cruz, in 1914, but it was America's intervention in World War I that set the course of future U.S. foreign policy.

All but the most anglophilic Americans wanted to remain neutral in the European butchery; indeed, political self-interest compelled Wilson to campaign for re-election in 1916 on a promise to keep us out of the Great War. But Presbyterian vainglory intervened, and before long Wilson was leading "this great peaceful people into war" on the grounds that "the right is more precious than peace."

Wilson promised salvation: "To such a task we can dedicate our lives and our fortunes. . . . with the pride of those who know that the day has come when America is privileged to spend her blood and her might for the principles that gave her birth and happiness and the peace which she has treasured. God helping her, she can do no other."

EM Drop the Perverse Wilsonianism and Get Out Now, by John R. MacArthur



A grande retórica, as grandes ideias, a instrumentalização dos militares (sempre injusto) e da função de defesa como um instrumento de uma visão. Sabemos hoje que resultou no desastre da paz da Grande Guerra, Versailles e os novos Status Quo mal digeridos, o fim dos Impérios perdedores, o reforço dos vencedores, a queda das monarquias, as utopias de esquerda e direita que as substituiram, a Segunda Guerra, o fim dos Impérios ganhadores na Primeira, a vitória do Comunismo, a Guerra Fria, a Social Democracia - e ainda hoje assistimos a quê?

O mundo continua a sofrer com o que saiu da Grande Guerra: os países "desenhados" no Médio Oriente (como Israel, o Iraque, o Koweit, os Kurdos esquecidos, etc) e a continua intromissão nos seus problemas (como no Irão de 1953).

Os Status Quo demoram muito a estabelecer-se e não existe notícia de algum que tenha sido imposto apressadamente e que se tivesse mantido estável e/ou pacífico no longo prazo.

Falemos de "nós", Portugal esqueceu Olivença? A maioria, outros não. O que leva a que Portugal não a reivindique? Não sabemos bem como aceitamos a sua ocupação por Espanhóis. Seria um conflito aceitável hoje? Não me parece. A negociação é sempre possível, nem que seja para marcar uma posição. Mas vamos recuando um pouco para trás na história...a partir de que momento é que se tornou impensável um conflito por causa de Olivença? Não sabemos. Sabemos que até um determinado momento, se esse conflito surgisse era perfeitamente compreensível (e talvez hoje Olivença fizesse parte de Portugal...ou talvez não...talvez o conflito nos destruisse como Nação independente...ou talvez os nossos aliados por interesses estratégicos nos ajudassem impondo uma derrota tal a Espanha fazendo com que hoje existissem vários Estados-Nação em sua substituição, resultado habitual quando um Estado-várias-Nações sofre uma grande derrota - como o Austro-Húngaro, ou até uma grande vitória - o Império Britânico).

Pois noutros sítios e lugares muitas questões por resolver não têm qualquer resposta racional a não ser o equilíbrio entre a força e a negociação, porque...o que legitima uma fronteira?

Não sabemos bem o que define que um determinado monopólio da lei e coerção (um Estado) tenha legitimidadade a determinado km2 e outro monopólio (outro Estado) acolá, por isso é que qualquer Status Quo apressado é apenas uma ilusão temporária (e até porque mesmo os bem enraízados no tempo podem ver-se confrontados com a pergunta: porquê aqui este e não outro, porque não o nosso próprio? vamos votar isso...).

E por isso é que quando uma disputa sobre um Status Quo surge, a atitude mais prudente é a neutralidade, a não ser que alguém consiga arranjar uma forma racional de provar que um qualquer Status Quo presente é sempre o que vale em termos absolutos. E quando o presente muda subitamente por vontade de uma das partes?

Foi esse o legado de Israel: a qualquer momento, a vontade e a determinação dos Povos formam subitamente novos Status Quo.

A História não acaba, modifica-se e evolui por caminhos inesperados. Um dos legados (soltou-se o génio...) de Wilson foi a "auto-determinação" (o que fez a Áustria perder 75% do território para novos países), pois à nossa frente, embora o processo de integração política possa parecer uma via sem retorno, será mesmo a "auto-determinação" e até pela via democrática, que provavelmente fará a História continuar a fazer das suas.

Os Russos perderam parte do seu Império, outros ainda não têm consciência que cada um tem um Império centralizado à sua maneira e que poderá vir a ser contestado internamente (ou seja, não são só as tensões etnico-históricas, mas a súbita consciência da facilidade e potencialidade de ameaçar quebrar o vinculo com os poderes centrais nacionais). Outros ainda resolveram o problema com dignidade como a antiga Checo-Eslováquia.

A grande aventura humana vai continuar, não são os que querem desenhar um grande modelo social racional a nivel planetário - à procura de uma paz eterna vigiada por um centralismo iluminista - que a vai conseguir parar. A democracia vai ter essa virtualidade, tanto é democracia um circulo de 100 pessoas, como 2 circulos independentes de 50 pessoas.

Sem comentários:

Enviar um comentário