quinta-feira, 10 de março de 2005

Mises Institute influencia jornalismo económico português

1) "Porque cai o dólar?" Sérgio Figueiredo - Jornal de Negócios. Artigo publicado a 9/03/2005.

"Confrontados com os lamentos sobre a queda do dólar, os americanos reagiam: «o dólar é a nossa moeda, mas o problema é vosso». A resposta não é de agora, mas de 1971. E é atribuída a um político, John Connally, na época o secretário do Tesouro de Nixon. O dólar continua a ser a moeda dos EUA, mas a queda persistente da sua taxa de câmbio não constitui uma dor de cabeça apenas para os outros.

É também um problema dos Estados Unidos.

Na época de Nixon, eles exerciam um poder monopolista de emissão de moeda, porque fixavam unilateralmente a paridade do dólar face ao ouro e, por arrasto, face às restantes divisas.
Mesmo com o colapso do padrão-ouro, a hegemonia era garantida pelos elevados graus de liquidez e de integração dos seus mercados financeiros. Franco suíço, iene ou marco alemão, moedas ligadas a mercados sem profundidade, não conseguiam rivalizar sequer com a sombra do dólar.

Sucede que, a partir de 1999, o euro mudou esta constelação. Além da dimensão geográfica, a moeda europeia começou a ganhar relevância económica.

Países não-alinhados, com a China à cabeça, adoptaram, ou anunciam a intenção de adoptar, o euro como taxa de câmbio de referência para as suas moedas. Outras nações, sobretudo produtoras de petróleo, anunciam a intenção de cotar as suas exportações na moeda europeia.
Dito de outra forma, está em causa o papel do dólar como única reserva cambial e como principal divisa para o comércio internacional.

Existe hoje um consenso no sistema financeiro internacional de que a queda abrupta do dólar deve ser evitada. Já se conhecem as razões dos europeus: quanto mais fraco estiver o dólar, menos capacidade exportadora têm a Alemanha e outras economias que precisam do estímulo externo.

Japão e China não desejam igualmente o crash do dólar. Os japoneses, como principais credores dos EUA, por serem os que mais investiram em activos americanos. A China também não, pelo menos enquanto não trocar por petróleo, matérias-primas ou outras divisas, parte significativa dos dólares que acumula em reservas.

O contraste entre a realidade e os desejos de ministros e de banqueiros centrais é, contudo, abissal. E as explicações que se procuram para o facto de o dólar cair, quando todos querem que ele suba, são ainda mais extraordinárias.

(...)

2 )
Why the Dollar is Falling, By Antony P. Mueller - Mises Institute 8/03/2005

When confronted with complaints about the falling value of the dollar, the U.S. official is said to have responded to his European visitors: "The dollar is our currency, but it's your problem." That was in 1971. The politician to whom this statement is attributed was John Connally, who at that time served as the secretary of the U.S. Treasury. His boss was Richard Nixon, the same President who used a word for the Italian lira which politeness prohibits repeating. Nevertheless, Connally and Nixon made clear how matters were.

(...) After some initial weakness—probably due to fears that the new arrangement might fail—the euro has gained markedly in value against the U.S. dollar over the past three years. The American currency is facing a rival. An increasing number of central banks announced plans to shift part of their international reserves into the European currency. The dollar is still the currency of the U.S., but a sinking dollar is no longer just a problem for foreigners, it is also a problem for the United States.

In the past, the United States could count on having the monopoly of issuing the currency with the highest degree of liquidity and financial market integration. Although there were stronger currencies than the U.S. dollar, such as the Swiss currency or the Japanese yen and the German mark, these currencies could not rival the U.S. dollar because of their limited market share.

The existence of the euro has changed this constellation. As to its market size, the euro area is up to the U.S. dollar with the tendency of further augmenting this position when new members of the European Union will adopt the single currency, some non-EU countries will peg their exchange rates to that of the European monetary union or when oil producers will change to euros when pricing their exports.

(...) There is a consensus currently among the major players in international finance, particularly among the relevant governments and central banks, that an abrupt fall of the dollar should be avoided. Japan, the largest foreign holder of U.S. assets, depends on U.S. protection in the face of the growing muscle of China in its region. China itself most likely would also like to avoid a dollar crash at least as long as it has not yet spent a considerable part of its dollar reserves in the effort to secure future supplies of food and oil around the world. The Europeans do not want a much weaker dollar because as of now it is mainly exports that are booming in the major economies of this region.(...)"

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