quinta-feira, 3 de março de 2005

Intolerâncias

No Público: No reino (não santo) da intolerância Nuno Pacheco diz que

"(...) Infelizmente, a história costuma ser manchada de sangue precisamente por aqueles que vivem até ao limite o que acreditam. Sem qualquer comparação com o caso actual, que apenas revela uma cega (e inaplicável, diga-se) intolerância, ditadores e terroristas vivem, sempre, até ao limite aquilo em que acreditam. Mentem por isso, matam por isso. E não consta que se arrependam"

Mas quando essa grande conquista da humanidade que é a liberdade de abortar for estabelecida universalmente porque o "corpo é da mulher" (ver socialistas e sociais-democratas de todas as cores a defender de forma tão absoluta um direito de propriedade é quase enternecedor para um anarco-capitalista como eu), não irá essa imensa tolerância democrática obrigar todos os que acreditam que tal acto é profundamente imoral, a financiar compulsóriamente a gratuidade de tal acto?

Não minta a si mesmo sobre a sua imensa tolerância nem me venha com essas tretas que o aborto não é uma morte (porque arrisca-se a precisamente a estar de alguma forma a mentir e a matar). O pobre padre (com quem você se mostra tão intolerante) não apelou a o "Estado de direto" para impor a sua moral. Os tolerantes (sociais) democratas fazem-no (para financiar a sua própria moralidade) com a ameaça de prisão e hipócritamente acham-se puros e iluminados e citando-o a si, todos os puros e iluminados "vivem, sempre, até ao limite aquilo em que acreditam. Mentem por isso, matam por isso. E não consta que se arrependam".

Todas as entidades privadas (igrejas, associações, empresas, etc) devem poder descriminar àcerca do aborto ou qualquer outro valor moral se assim o entenderem. Indo mais longe, até localmente isso deve ser possivel (quando os inevitáveis N referendos necessários para legalização forem efectuados), ou seja, os municípios devem passar a poder regular individualmente (no limite se assim o entenderem, proibindo) a prática de aborto. Na prática, dirá, é ineficaz porque o do lado pode permiti-lo, mas com sabemos, em questões morais, o exemplo é a melhor forma de propaganda.

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