segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Estagflação uber alles


As eleições de ontem na Alemanha tornaram evidente que a "locomotiva" da União Europeia está irremediavelmente a perder o vapor… Os Alemães rejeitaram encarar de frente os problemas do seu estado social, o que só seria possível com uma coligação CDU/CSU e FDP. O espectáculo terceiro mundista de todos a reclamarem vitória ficará como um género de ponto de não regresso do declínio da Alemanha que se ergueu das cinzas do III Reich. Ingovernável, com uma esquerda radical em ascensão e sem vontade de pôr em causa um modelo social a médio prazo arruinante, a Alemanha está a tornar-se uma forte candidata a breve defensora de políticas monetárias irresponsáveis na Zona Euro, como modo de iludir as crescentes dificuldades orçamentais e a fuga às soluções "ortodoxas".

Neste contexto, e uma vez que há bom senso aparente no SPD de evitar uma coligação marcadamente de esquerda SPD-Verdes-Linke, uma "grande coligação" CDU-SPD é desaconselhável porque deixaria quase tudo como está e alimentaria a esquerda radical na oposição. A "grande coligação" seria a transposição para a Alemanha do antigo modelo austríaco de partilha do poder em nome do situacionismo. A solução melhor, até para a CDU/CSU se poder vir a apresentar como alternativa, será o FDP integrar a actual coligação no poder (SPD-Verdes), forçando a correcção de algumas políticas internas no sentido do Mercado e, provavelmente, retirando aos Verdes a pasta dos negócios estrangeiros. Trata-se da "coligação do semáforo" (SPD vermelho+FDP amarelo+Verdes), como por lá se diz nos últimos tempos. Não é bom, mas é capaz de ser o menos mau nas actuais circunstâncias.

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