sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Porque sou anarquista (e o somos todos) I

A propósito de um "Porque nao sou anarquista" I e II de André Azevedo Alves no Insurgente. ( Katrina)

1. O destino do homem é procurar ordem e liberdade num estado da natureza permanentemente anárquico (ausência de uma lei única universal aplicada coercivamente por uma entidade centralizada e monopolista).

2. Mesmo que uma tal entidade (governo mundial) venha a existir, as possibilidades de acção desse governo apenas terão restrições internas e não está sujeita a uma entidade externa que a limite. Ou seja, essa entidade tem um campo de acção que se pode considerar em relação de anarquia.

3. Mas o inegável e permanente direito de secessão (região que reivindica a independência), que equivale a reter a soberania de definição de um quadro legal perfeitamente autónomo do resto do mundo, confere na verdade, uma natureza de anarquia internacional ao universo conhecido que o direito internacional bem tem consciência (o seu objecto no fundo é resolver problemas de comunicação e regras de acção quando sujeitos de diferentes "direitos" se relacionam). Ver um anterior post "
Os Conservadores como Anarquistas".

4. O direito de propriedade é a regra ética que torna possível a civilização e o direito ético de cada proprietário (incluindo a propriedade comum) em a defender é o que torna possível co-existir livre arbítrio e ordem, divisão do trabalho e livre troca.

5. As relações sociais carecem de "direito" e "governo" (as empresas têm um governo, os condomínios têm um governo) mas seria absurdo concluir que é necessário um poder centralizado (democrático ou não) de natureza não contratual e ainda por cima com poderes monopolistas e absolutos de legislar o que é certo ou errado ameaçando com o rapto (prisão) e roubo (arresto de bens) para quem não o cumprir, é condição necessária à civilização (ou seja, a existência de contratos livres).


6. A maior fonte de desordem total na história é o próprio Estado: as guerras - nenhum lei civil (nem mandamento cristão) se aplica e existe virtualmente licença para matar e destruir a uma escala que podemos definir como diabólica, e no fundo, o faz para defender a sua própria existência como organização mias do que a defesa dos interesses dos indivíduos ou comunidades.

7. As razões de desordem social em situações de catástrofe carecem de alguns cuidados de análise.

Aprioristicamente creio ser válido afirmar que quanto mais uma sociedadade está dependente de poderes centrais (incluindo os serviços de segurança pública e a limitação de contratação privada), mais na sua ausência (por colapso) a desordem temporária é provável.

O legado multi-cultural da imposição estatista (por escolha ou por negligência) de livre imigração que põem em causa a homogeneidade de identificação de valores, necessários à coesão de uma comunidade, revelam-se em situações de crise extrema. As seguradoras provavelmente vão começar a notar o assunto e a cobrarem um prémio nas zonas onde essa coesão é perceptivelmente menor.

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