Não vou discutir com o Bruno Cardoso Reis (Cartas de Londres) se as Cortes de 1581 foram livres e representativas ou não pelos actuais critérios democráticos; não era isso que estava em causa. O Bruno sabe que a comparação dizia respeito às garantias de autonomia sob a união dinástica, que eu disse e repito que eram maiores com o acordo de 1581 do que com o "tratado constitucional" da União Europeia agora em discussão. Quanto à arbitrariedade do rei "absoluto" Filipe II (nosso I) e seus sucessores, o Bruno também saberá que não era assim tanta como se diz (leia um bocadinho o Prof. Hespanha e historiadores congéneres). De qualquer modo, se os sucessores de Filipe I usaram a sua arbitrariedade para se esquecerem das garantias dadas a Portugal pela união dinástica de 1581, o que eu receio é que os políticos da União Europeia usem essa mesma arbitrariedade (que é característica de todos os regimes políticos) para irem interpretanto o "tratado constitucional" como muito bem entenderem, tornando absolutamente irrelevante a nossa opinião, por mais representada que esteja no "centro"... Aliás, foi a constatação da nossa irrelevância no seio da união dinástica (não para decidirmos como todos dentro dela se governavam, mas como NÓS deveríamos ser governados) que conduziu a 1640; a diferença é que, se nos tornámos irrelevantes no pequeno ambiente peninsular, quanto a como eramos governados, imagine o Bruno o quão irrelevantes nos tornaremos a uma escala continental quando for o centro a querer definir tudo.
P.S. Dizer que "podemos sair" quando quisermos é uma ilusão grave, caro Bruno. Isso é algo que ainda temos de testar, não está garantido. O exemplo histórico dos E.U.A. mostram bem no que pode dar uma tentativa de secessão numa federação democrática.
Sem comentários:
Enviar um comentário