segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Resposta ao "Cartas de Londres"

Caríssimo Bruno, eu não sou particular defensor deste governo nem defendi que ele fosse particular garante da "estabilidade". O que disse foi que a nomeação de Santana Lopes há quatro meses pressupôs que o Presidente considerasse legítima a passagem de poder de Durão para Santana; e que, entretanto, se manteve uma situação parlamentar de apoio maioritário a esse governo que torna difícil uma justificação forte da dissolução. É que a Assembleia da República tem legitimidade própria (quatro anos, lembras-te?) e o uso da dissolução deve estar, por isso, muito bem fundamentado. Pode ser que o Presidente o fundamente bem, mas eu só exprimi dúvidas... (aliás, gostaria que passasses os olhos sobre a minha troca de opiniões com o Miguel Noronha sobre como nos devemos pronunciar sobre a atitude do Presidente).

Quanto à União Europeia e à união dinástica ibérica (que era noutro post, Bruno, era noutro post...), as diferenças não são tantas como dizes: em 1580 também houve muitos portugueses que aceitaram a união e a perda de soberania, a qual foi, como sabes, legitimada em Cortes (aliás, com mais garantias da parte de Filipe II do que aquelas que a "Constituição" da U.E. nos dá). Mas, claro, como agora o poder ao qual nos entregamos é democrático, tu não vês perigo nenhum! É aí que eu acho que o teu "liberalismo" falha...

P.S. Mais uma coisa: se o actual governo é responsável por tentativas de pressão junto dos media, e se o Presidente tem conhecimento disso, deveria dizê-lo claramente. No caso de Marcelo Rebelo de Sousa não é para mim claro o que aconteceu: foi "zelo" da administração da TVI porque esperava decisões importantes do governo ou foi o governo a pressionar com essas decisões? Ou foi outra coisa? Aparentemente, estás na posse de inside information que poderia dar um bom furo jornalístico (estás à espera de quê?). Quanto à RTP, até onde consigo perceber, foi uma questiúncula interna; porque o que andavam José Rodrigues dos Santos e cia. a fazer de prejudicial ao governo, que eu nunca vi? Até um problema técnico num episódio do "Contra-Informação" foi visto como uma manobra do governo... (isto não será demasiada especulação?) Mas quanto a essas pressões, há uma solução fácil: privatize-se a PT, a RTP, a RDP e tire-se de facto aos governantes qualquer possibilidade de terem tentações.

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