Sempre grandes ideais

e confiança na revolução:

JMF no Público: " Hoje isso pode mudar se, como tudo indica, a "Revolução Laranja" - a cor da oposição - triunfar na Ucrânia. A mudança será tão importante que este dia poderá entrar para a História da Europa. Com "H" grande. "

[Ai esta confiança ... Andar a recolher despojos nas bordas de Impérios em dificuldades transitórias traz maus resultados a prazo, porque um dia podem recuperar - ou outros podem reivindicar para si - e depois lembrarem-se de pagar o cumprimento.]

"A "Revolução Laranja" pode triunfar hoje na Ucrânia com a previsível vitória do líder da oposição Iuschenko. Será uma vitória do povo e do irresistível apelo que representou o sonho de viver em democracia e em liberdade"

"Só que, depois destes treze anos de "democracia" vigiada, autoritarismo, corrupção, domínio das oligarquias e área de eleição para as máfias, o povo quis algo de diferente."

[Até pode ser, mas o combate às "oligarquias e área de eleição para as máfias" tem sido a tarefa de hércules de Putin e "democracia vigiada" é o que a UE/EUA exercem nos balcâs e outras paragens.]

"Viktor Iuschenko, o rosto hoje disforme desta "Revolução Laranja", pode nem ser o seu veículo ideal - afinal também ele foi primeiro-ministro sob o Presidente cessante, também ele colaborou -, mas é o que está à mão, o que representa a esperança de mudança, o que já disse que o país pode um dia fazer parte da União Europeia, quem não se intimidou quando Putin (e, é bom referi-lo, o jornal inglês da esquerda trabalhista, "The Guardian") acusou os milhares que saíram à rua de estarem a ser instrumentos da CIA e dos Estados Unidos. "

[Tradução: pronto, o rapaz nem é o ideal e é bem capaz de ser um bastardo mas é o "nosso" bastardo, até porque pagamos por isso.]

PS: Algumas sondagens - "The Western-funded Razumkov Center of Political Studies and Kiev International Institute of Sociology showed Yushchenko winning with 56.5 percent and Yanukovych collecting 41.3 percent of the vote, with no margin of error given." Tendo em conta o apoio externo dado ao campeão da "liberdade", não parece lá um grande dia para ficar na História da Europa. Na verdade, pode ficar marcado pelo inicio da desconfiança mútua declarada entre a Rússia e a UE/EUA, empurrando a primeira para a China (na verdade, recentemente, assinaram um acordo de cooperação militar). Na Ucrânia, entretanto, os perdedores podem vir a achar que a unidade territorial é um pormenor.