sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

Dois destaques no Intermitente

1. The Legacy of Milton and Rose Friedman's "Free to Choose"

Foi com o Free to Choose em 1981 que despertei para o Liberalismo. Numa altura em que em Portugal, a comunicação social ainda pertencia ao Estado, ver na TV os episódios seguidos de um curto debate com o próprio Milton Friedman, foi para mim, uma experiência que nunca mais esqueci; todas as semanas esperava ansiosamente pela série e ainda mais exultava quando insistentemente os comentários ouvidos era que ele era nem mais nem menos do que louco (tal como mais tarde ao Dr. Pedro Arroja).

Hoje discordo de muito daquilo que fez e propôs, como o seu monetarismo (que apenas cria a ideia que os Bancos Centrais sao necessários) ou os cheques educação (que correm o risco de estatizar o que sobra de um mercado semi-livre na educação), etc.

Mas Friedman tem também um carácter eminentemente "libertarian" ao defender desde sempre a abolição dos previlégios monopolistas das Ordens Profissionais (Medicina, Advogacia, etc), da desregulamentação em todos os domínios (incluindo a aprovação de novos medicamentos), da prostituição e droga, que o direito à propriedade inclui o direito à descriminação (seja pela raça, ou pelo uso de droga, etc). E noto que até que com o passar dos anos, tem encarado com mais pessimismo e cautela algumas das suas propostas de compromisso.

2. "Unilatelismo" uma crónica de Vasco Pulido Valente recuperada por Ilídio Martins no Esmaltes e Jóias.

"Para lá da hipocrisia oficial, a grande consequência política do ataque de Ben Laden à América foi levar o antiamericanismo a um novo cume. O antiamericanismo não uniu só a esquerda e a direita - uniu o mundo. Não há pateta que não se dê ao trabalho de chamar a Bush imbecil, ignorante e vácuo; e não há «teórico» que não disserte por aí sobre a malvadez do «império». A mortandade do 11 de Setembro libertou um ressentimento universal e a vítima foi promovida a carrasco."

Fazendo eu parte dos críticos da, digamos para simplificar, direita liberal quanto à política do "bom império", existe um fundo de verdade nesta nota. Tinham um problema, resolveram-no de forma prática, tomando a iniciativa. E nem a equipe de Bush é imbecil, ignorante nem o império é malvado.

Por mim, estão simplesmente errados, imersos na sua ideologia de "global democracy" e políticas de boas intenções, esquecendo também que todos os impérios foram bons (todos eles civilizaram os territórios que dominaram directa ou indirectamente) e todos caíram, por força do seu próprio peso e corroídos por dentro. E que isso possa acontecer aos EUA, assusta-me.

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