sexta-feira, 4 de novembro de 2005

A eterna tragédia humana

Simplesmente não é verdade: " É por esta razão que os dias de hoje são mais perigosos que os da cortina de ferro. A Guerra Fria, porque era uma guerra, trouxe paz e segurança. Ironia das ironias, o seu fim conduziu-nos aos conflitos de hoje." André Abrantes Amaral no Insurgente

O terrorismo não constitui uma ameaça séria, o 11 de Setembro apenas provou que um golpe de sorte por vezes consegue produzir consideráveis estragos humanos e materiais. Mas o terrorismo não é uma questão militar mas sim de segurança civil. Já o uso militar para mudar regimes contra a noção de Direito Internacional arriscando-se às mais variadas "unintended consequences" e alastramento de extremismo ao ponto de alguns regimes o começarem a reflectir, é sim bastante perigoso.

Todo o estatismo se alimenta das próprias desgraças que provoca. Foi assim com o nascimento do comunismo e fascismo pós-falhanço das elites de Estado na Grande Guerra. Foi assim também com a Grande Depressão, provocado pelo intervencionismo monetário e logo aproveitado para um Grande Passo em Frente na Social-Democracia.

No domínio internacional, a lógica mantém-se. Quanto mais intervencionismo é praticado, mais acontecimentos inesperados são prováveis.. Se o mundo é mais perigoso será só porque os mesmos erros se mantêm.

Manter a dicotomia esquerda-direita já é coisa gasta, mesmo nas relações internacionais. Estatismo versus Ordem Civil é o que nos resta para discutir. E uma Ordem Civil dificilmente financiaria expedições e ocupações militares ideológicas (como o foi a entrada dos EUA na Grande Guerra), pouco prudentes e "vendidas" democráticamente pelo apelo à insegurança. E como já disse, todas as Guerras tendem a ser democráticas, porque independentemente da natureza do regime, tendem a ter o apoio inicial da população.

O que podemos esperar é que à medida que os efeitos de tensão, ódio, clima de insegurança, consequência de acções anteriores se agudizarem, assistiremos também à crescente tentativa dos ideológos que transformam conflitos territoriais locais em guerras de civilização, a pretenderem provar que os acontecimentos provam a sua tese.

É a eterna tragédia humana. O Liberalismo se constitui uma ideologia, é a ideologia da cooperação voluntária. A Guerra por representar o máximo de ausência de Ordem Civil e a concentração de poder máximo no Estado, e não o socialismo em si, é o seu extremo oposto.

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