segunda-feira, 14 de novembro de 2005

É o marianismo, estúpido!


O congresso da nova evangelização, que ontem encerrou em Lisboa com uma manifestação mariana apoteótica, pretendeu, entre outras coisas (nas palavras finais do cardeal-patriarca), apelar ao diálogo inter-religioso. Se a mensagem era também para Portugal, e tendo em conta que o grosso dos não-católicos são protestantes, parece que a escolha de um "patrocínio" fortemente mariano não é propriamente o melhor caminho para tal objectivo. A isto juntou-se uma componente de "culto da imagem" (a da Senhora de Fátima sita na capela das aparições no mesmo santuário, que veio até Lisboa), que dominou toda a procissão, reforçando muito a marca puramente católica romana do evento. Para aqueles que sejam mais estranhos a estas questões, digamos que o lugar em que os católicos colocam a Virgem Maria na economia da Salvação é talvez o maior motivo de escândalo para os protestantes. Tal como o culto de imagens e figuras. O que, tendo em conta o objectivo enunciado por D. José Policarpo, pode parecer um encerramento um tanto ou quanto cínico.

Também é evidente que os católicos romanos têm todo o direito de vincar a forma como proclamam Cristo (ou, neste caso, a Virgem como eles a concebem), sem terem de entrar em considerações diplomáticas. Mas, então, não façam aqueles votos "dialogantes" do patriarca. Até porque os protestantes, mais consequentes, não costumam estar para aí virados...

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