segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

"Medo e Guerra"

JMF escreve um artigo bem representativo de como o medo conduz à irracionalidade da guerra.

1. Faz a apologia do Império ignorando que todos dasabam por dentro e/ou por combaterem uma guerra a mais. O fascínio por César, o tirano e autor da morte da república.

"... quando as estruturas do Império deixaram de assegurar o pagamento das Legiões que protegiam as suas fronteiras, sobretudo nos limites do Reno e do Danúbio, os "bárbaros" chegaram depressa Roma e mataram a sua civilização. "

2. A Idade Média não foi assim tão má... foi aí que o Cristianismo se estabeleceu definitivamente, acabando com os restos de paganismo e preparando o ambiente que favoreceu o capitalismo - precisamente a ausência de poder político.

"Seria necessário quase um milénio para que a cultura, a ciência, o saber-fazer dos romanos fossem recuperados e inspirassem o Renascimento europeu."

3. Ceder ao medo (é o que é):

"o que se passou nas últimas semanas a propósito dos cartoons sobre Maomé mostra que há imensa gente disponível para ceder"

4. Bonita frase, mas devemos sim, estar preparados para fazer a guerra no nosso território, um pouco como os Suiços (e alguns restos na América) que guardam as armas semi-automáticas em casa, assegurando assim que a população não é um monte de proto-pacifistas-virginais com medo de pegar numa arma, que qualquer tentativa de ocupação terá custos incomportáveis ara terceiros, que não caiem na tentação de achar que "defesa" é estar presente em todos os problemas do mundo.

"Esse é o medo que nos desarma e nos impede de, para garantirmos a paz de que gozamos, estarmos sempre preparados para a guerra."

5. Em primeiro
não estou certo que assim seja, o jornal tinha recusado outras blasfémias, depois, existe uma pequena conexão neocons.

"...é difícil fugir ao essencial: a "guerra" dos cartoons não foi desencadeada por um obscuro jornal dinamarquês, foi orquestrada por todos os que, no mundo islâmico, mesmo sem serem islamistas, recusam uns a modernidade, outros a democracia, a maioria ambas. "

6. Aumentar os "pretextos" a propósito de "direito sagrado à blasfémia" é um acto de inteligência duvidosa. Nem sequer está em causa a publicaçao em si, mas a escolha de um tal tema para uma guerra civilizacional.

"para orquestrar a actual campanha teriam encontrado outro pretexto para reagir ao que os incomoda."

7. Não tenho dúvidas.Por mais que a realidade ou a história nos dê exemplos dos caos que a cegueira ideológica consegue trazer-nos... (tipo ter feito de Estaline aliado e vencedor na 2GM, ou como provocar a queda da velha ordem monárquica na Europa na 1GM, ou quem sabe olhar para o espelho e rever-se em Napoleão).

"Que temos muitos "cegos voluntários" não restam dúvidas"

8. Um pouco de banho de realidade por favor. É só olhar para o mapa da região ao longo do século 20 e 21. Churchill recomendou por escrito o uso de Gás no combate à revolta das tribos iraquianas contra o Império Britânico nos anos 20, resultado do alargamento do seu querido Império (e destruição de todos os outros), pós- Grande Guerra.

"Ainda ontem, por exemplo, o ministro dos Negócios Estrangeiros (outra vez, mais uma vez) ultrapassou os limites ao considerar que tudo estava a acontecer porque o Ocidente tem sido o "maior agressor" do mundo islâmico" "

9. Parece que o Hamas já propôs uma trégua com base nas fronteiras de 67.

"(isto depois das lições de religião e do apoio à negociação com o Hamas sem condições). "

10. O problema é mesmo o Direito Internacional


"Ao seu lado os dirigentes do Bloco de Esquerda que têm vindo a defender o direito de o Irão possuir armamento nuclear até fazem figura de moderados..."

11. O medo a provocar pensamentos irracionais porque mesmo o Irão e Coreia "love their children too", mas é um facto que os animais feridos e sem fuga possível atacam de frente.

"Quanto a não se poder mostrar contemporização basta reparar como a diplomacia está perante um beco sem aparente saída no Irão e como não funcionou face à ameaça, hoje bem real, da Coreia do Norte. Dois estados bem distintos das velhas potências nucleares, URSS incluída, pois é-lhes indiferente serem destruídos. Dois Estados a que a doutrina da contenção ou da destruição recíproca não se aplica."

12. Pois, enquanto nos entretemos com futilidades ideológicas e talvez sermos mergulhados numa inútil guerra a mais, a China aguarda pacientemente.

"Por isso, por brutal que tal pareça, não basta neste momento dizer que se consideram soluções militares: é preciso começar a prepará-las. Para não seguirmos a mesma sorte dos romanos. "



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